Sam levantou de sua cadeira.
- Alguma ideia? Por que o barco é muito grande. Nós não podemos simplesmente cantar para as pessoas se jogarem ao mar. Nem todos vão ouvir.
- Precisamos de alguém infiltrado.
Todas olharam para mim como se meu plano fosse impossível.
-Uma de nós vai para o porto de onde o barco vai sair no dia em que ele vai sair, canta para um passageiro dar suas passagens e entra no navio. Então essa pessoa nos dá relatórios do que está acontecendo por telepatia. Quando acontecer uma festa, ou alguma outra coisa no convés, ela avisa, assim as outras poderiam vir e cantar.
-Boa ideia Liza, mas precisamos ter total controle da situação.-disse Amberly-Precisamos garantir que esse barco naufragará em um lugar específico.
Sam revirou os olhos.
- E o que você sugere Amberly?
- Eu gostei da ideia da infiltração. Mas pelo tamanho do barco, mesmo se nós cinco cantássemos nem todos ouviriam, o que significa sobreviventes. Então e se a infiltrada apenas cantasse para o piloto? Assim ela tomaria controle do barco e bateria ele em alguma coisa. As outras acham algum jeito de sabotar o barco salva-vidas.
Todas concordaram. A questão era:quem seria a infiltrada.
Ninguém estava muito animado com a perspectiva de ser responsável pela morte de duas mil pessoas, então fizemos um sorteio. Com a minha sorte, ficou óbvio quem foi a sorteada.
Fomos para o porto no dia 10 de abril de 1912. Todas me desejaram boa sorte, eu cantei para um homem, que estava olhando para uma foto de uma mulher com uma criança, que deduzi serem a família dele. Pelo menos ele ia voltar para sua família.
No terceiro dia de viagem, eu estava no deck do barco lendo um livro. Não queria prestar atenção nas pessoas, falar com elas, me apegar a elas de qualquer maneira. Mas eu vi um senhor com uma linda mulher conversando perto de mim, falando sobre os barcos salva-vidas. Como esse era um assunto que me interessava, discretamente eu levantei e comecei a segui-los.
Consegui ouvi algumas palavras. O homem estava alertando a mulher, que aparentemente se chamava Rose, que não haviam salva-vidas o suficiente. Imediatamente informei telepaticamente para as meninas.
"Não precisamos matar todos. Por favor. Eu imploro. Eles não vão saber que fui eu quem bateu o barco, e vocês nem precisam passar por aqui."
"Você sabe que nós nunca deixamos sobreviventes" argumentou Amberly. "Não é como trabalhamos"
"Há sempre uma primeira vez para tudo" eu sabia que elas nunca deixariam isso acontecer. Mas dessa vez, eu estava no controle. "Ou vocês fazem isso ou... ou eu não vou virar o barco"
"Elizabeth... você não quer ir contra nós."
"Por favor" eu já estava soluçando. "Caso não der certo, pelo menos não teremos matado todo mundo"
Amberly parecia querer argumentar, mas desistiu.
"Tudo bem. Acho bom isso nunca mais acontecer de novo. Só estou aceitando porque fiz isso por você."
Soltei o ar que eu nem sabia que estava prendendo
No quinto dia, estava tendo uma festa. Suspirei. Tudo como planejado, assim não teria ninguém no convés.
Fui até a cabine do capitão.
- Ei! Senhorita, você não pode entrar aqui!
Segurei o meu cordão con força. "Desculpe." Pensei. Depois dei um suspiro.
-Pule- cantei.
Na mesma hora o capitão, em estado de transe, passou reto por mim em silêncio e pulou na água.
Assim como no plano, tinha um iceberg uns quinhentos metros a frente. Girei o timão, para tentar evita-lo. Eu jamais conseguiria, mas iria parecer que eu tinha tentado. A lateral do barco bateu, fazendo o barco todo tremer.
Demorou um tempo até todos perceberem o que tinha acontecido. Quando começaram os gritos de desespero, eu me forcei a ficar ali. Ficaria ali até o final. Mas eu não consegui. Depois que baixaram os botes salva-vidas e todos começaram a chorar e a abraçar seus familiares, e quando os violinistas começaram a tocar, mesmo sabendo que iriam morrer, eu entrei em desespero. Pulei do barco e sai dali.
O lado bom de ser uma sereia é que você se move com uma velocidade incrível. Não soube em quanto tempo, estava desesperada e atordoada demais para perceber, mas eu cheguei em uma praia de Edinburgh. Sentei um pouco na areia para me acalmar e parar de chorar, depois cantei para um taxista para ele me levar em casa.
Quando cheguei lá, todas estavam arrumando as malas. Mia e Caroline vieram me abraçar e me perguntar se tudo ocorreu bem, já Amberly e Cat se limitaram a lançar olhares mortíferos para mim.
Os dias se passaram, até que chegou o dia em que Amberly iria embora.
No início do dia, ela chamou cada uma de nós individualmente para uma conversa. Falou primeiro com Cat, depois com Caroline,que chegou com lágrimas de emoção caindo sobre a pele clara e perfeita, e depois chamou meu nome.
Quando entrei no quarto para falar com ela, ela estava chorando. De início não sabia se era pela conversa com Caroline, se era simplesmente por não querer ir embora ou se era por minha causa. Quando suas lágrimas começaram a ser acompanhadas de soluços, rive certeza que era por minha causa.
- Alguma coisa de errado?-perguntei passando a mão nos seus cabelos ondulados.
- Sim, muita-ela disse por entre as lágrimas, me puxando para um abraço.
Ela disse que iria sentir a minha falta e depois, quando eu estava chorando junto com ela, Amberly disse que precisava me contar uma coisa, e na mesma hora, sua expressão ficou sombria.
- O que foi?
Ela desabou em mais lágrimas.
- Você estava certa. O titanic...-sua voz falhou- O titanic foi um desperdício de tempo. Você nos avisou. Avisou o tempo todo que a água não conseguiria absorver todas essas vidas. Sinto muito.
Fiquei em estado de choque.
- Sinto muito mesmo- Amberly continuou a se desculpar. Senti pena dela, de verdade. Não acho justo todo esse peso ficar sobre os ombros dela. Não foi culpa dela, nós tentamos e erramos, mas tudo bem. Não acho que devo brigar com a sereia que mais me deu apoio no seu último dia.
- Tudo bem. Não foi sua culpa.
Ela sorriu para mim e secou o rosto com a mão.
- Obrigada.
Sai do quarto. Ela conversou com Mika depois disso, que foi nomeada a nova encarregada (chefe) do grupo (o que deixou Cat morrendo de raiva, já que ela era a mais velha depois de Amberly).
Todas nos despedimos de novo, e esperamos ela entrar na água da praia.
- Vocês podem não ir? Eu gostaria que apenas Mika ficasse comigo.
Acentimos com a cabeça e ficamos vendo elas duas desaparecerem no horizonte."Oi galera, mals pela demora do capítulo. Eu vou tentar postar um ou mais capítulos por semana de agora em diante.
Espero de verdade que vocês estejam gostando.
Tchau e até o próximo capítulo!!"
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Por trás das ondas
FantasyElizabeth é forçada a se tornar uma sereia em 1900 para que seu irmão fosse poupado da morte. Cento e oito anos depois ela conhece um surfista, Adrien Lacosta. Ela descobre que o garoto é imune ao seus poderes de sereia e planeja ir fundo para desc...