Capítulo 7 - O começo das tribulações

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Depois de tudo que me aconteceu, aqui é o início de todas as tribulações, coisas que eu nem imaginava que aconteceriam, mas aconteceram! E se hoje estou aqui para contar, é porque mesmo sem entender ou saber, Deus me ajudou em todas elas e me fortaleceu.

[...]

Passando-se alguns anos, Sofia já estava grande, com 5 anos começou a ir para a escolinha, mas me dava muito trabalho chorando e não querendo ir.

Infelizmente para o meu desespero Serafim havia sido despedido do emprego e agora fazia bicos mas já estava ficando bem complicados pagar as contas.A cada dia ele chegava e a única coisa que fazia era se jogar na cama.

Para termos mais espaço, nos mudamos para uma casa que ficava na parte de cima de onde morávamos, naquela época o aluguel custava em torno de uns 100 reais já que antigamente 100 reais era praticamente muito dinheiro. O salário de um trabalhador girava em torno de 400, 430 reais e nada era tão caro como hoje, o pão por exemplo custava apenas 10 centavos cada, com 1 real você levava 10 pães pra casa, e por isso quando Serafim trazia pelo menos alguns trocados que sobravam depois de ter gasto em bebidas, pelo menos eu conseguia comprar alguns pães e outras coisinhas.

Sofia, como não teve irmãos e não tinha muitos amiguinhos começou a se apegar muito a mim a ponto de ter crises de choro frequentes quando ia pra escola, fazendo assim com que eu tivesse que ir buscá-la, e essa dependência foi ficando cada vez mais séria quando ela começou a mentir todos os dias dizendo que sentia dores no corpo para não ir a escolinha, quando percebi que ela não estava dizendo a verdade, já que todo os dias ela inventava uma dor diferente, tive que mandar ela pra escola assim mesmo, e com o tempo ela foi se acostumando.

Como eu não tive nenhuma profissão comecei a cuidar de crianças de algumas vizinhas daqui ao redor e isso foi bom pra Sofia já que ela fazia amizades. Em uma casa que trabalhei pude tranquilamente levar ela junto, por isso não tive problemas em ter que deixar ela com alguém. As vezes trabalhava com limpeza e deixava ela com meu irmão, mas não dava nem 10 minutos e Sofia já fazia escândalo e isso era muito complicado pra mim, pois nem em todo lugar eu poderia levá-la.

Mas pelo menos até alguns anos eu consegui que o aluguel fosse pago por mais difícil que tivesse sido os bicos de babá e faxina me ajudavam bastante.

[...]

Passei por muitas coisas naquele tempo, as crises de choro de Sofia, o nervosismo com Serafim que deixou de trabalhar de vez e nem bicos fazia mais, apenas trazia moedas pra casa, e com o passar dos anos de tanto nervoso, comecei a adquirir problemas de saúde que infelizmente me impediram de continuar  trabalhando e como consequência não tínhamos dinheiro para pagar o aluguel, e a luz e água eram pagas com muito esforço.

Sofia já tinha 9 anos de idade e eu já havia perdido as contas de quando tempo de aluguel estavamos devendo,  como os donos da casa viviam em viagens quase não se importavam, mas era primordial que a luz e a água fossem pagas já que haviam outras pessoas morando nas outras casas e não podíamos deixar cortarem a luz ou água deles por nossa causa.

Não sei o que aconteceu comigo, só sei que foi de repente, Deus já não fazia parte da minha vida a muito tempo e tudo parecia desmoronar, comecei a adquirir síndrome do Pânico e gastrite nervosa, sentia dores e mal estar e não conseguia sair de casa sem passar mal, as vezes era difícil até levar Sofia na escola, e como o posto de saúde ficava na mesma rua, não era raro eu ter que parar lá para pedir ajuda. O aluguel, já estávamos vivendo como o Sr. Madruga da série Chaves, a meses sem pagar, e pra minha infelicidade eu não conseguia trabalhar e Serafim já não trazia nada a não ser moedas.

Minha mãe tinha voltado pra o estado dela, e minha irmã já tinha ido refazer sua vida, eu não podia pedir ajuda, pois como pediria ajuda nesse estado?

A luz e água não  conseguia mais pagar, e o pior de tudo é que Sofia como uma criança já entendia o que se passava e era nítido no seu rostinho um pouco de preocupação por me ver passar mal, por ver o pai dela cair e beber e ver que as coisas não estavam indo bem.

Por beber demais Serafim muitas vezes voltava a ter aquelas crises de epilepsia, caia pelas ruas e ia parar em hospitais, muitas vezes se machucava e caia feio, mas isso não o fazia parar de beber, assim que saia do hospital depois de 2 ou 3 dias de recuperação, depois de prometer que faria tudo direito que pagaria o aluguel e as contas, ele simplesmente voltava com a mesma rotina e nem se preocupava com as contas e nem com minha saúde nem com nada, e por isso brigávamos muito, pois quando sofria acidentes e voltava a si, fazia promessas e promessas que depois nem se lembrava mais delas, e quando bêbado se comportava pior do que uma criança, sujava tudo, colocava as mãos sujas dentro das comidas, banho era difícil de tomar, enfim, Serafim tinha se transformado em uma pessoa que nem eu sei descrever.

Naqueles dias comecei a me esconder dentro de casa com minha filha, pois estava com medo de que a Sabesp ou EletroPaulo (antes de ser Enel, esse era o nome dos fornecedores de energia), viessem cortar tudo, quando eu ia comprar o pão via o carro deles pelas ruas e me desesperava com medo de passarem lá em casa e eu não saber o que fazer.

Naquele tempo a única coisa que eu tinha vontade era de chorar, chorar amargamente, parecia que não havia saída, uma hora ou outra viriam cortar minha luz e água e eu não saberia o que ia acontecer daqui pra frente.

Meu futuro estava se perdendo e o medo do inesperado não me deixavam mais dormir.

A única coisa que me perguntava é: O que será que vem agora?

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E agora? O que será que vai acontecer com Rosa já que nem as contas estão sendo pagas?

Não esqueçam da minha estrelinha

Bjs

Espero que estejam gostando da história

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