Capítulo 10 - A vila

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Não demorou nem muitos dias, quando minha irmã Clarice entrou em contato me dizendo que haviam desocupado uma casa, o valor era baixo e minha avó disse que me ajudaria com o primeiro aluguel.

Fui dar uma olhada em como era a casa e confesso que não era bem o que eu esperava, as casas daquela vila eram quase iguais, dois cômodos pequenos, de telhado puro, sem azulejos ou coisas assim, cada casinha era uma grudada na outra, porém como a casa que esvaziou era junção entre um bloco de casas e outro, ela não tinha janelas. Isso pra mim era preocupante, como iria colocar minha filha em uma casa sem janela?

Na volta comecei a pensar melhor sobre o assunto e quem sabe procurar algo mais viável, porém era o mais barato que eu conseguiria pagar se arrumasse qualquer bico para fazer e ainda mais Sofia que já estava grandinha insistia pra que a gente se mudasse.

_Ah mãe mas porquê?

_Não Sofia, você viu? Não tem janela e se você ficar doente?

_Mãe eu vou passar quase o tempo todo na escola ou brincando com as meninas, não vai ter tempo de ficar lá dentro sem ar.

Ás vezes as crianças nos deixam sem fala, elas pensam em cada coisa.

_Ah mãe, o menino lá me chamou de linda.

_O que? E ainda você quer morar nesse lugar? Você tem apenas 10 anos e já está sendo paquerada por menininhos.

_Ai mãe o que que tem? É só não ligar pra isso.

Sofia ainda era muito nova pra entender essas coisinhas da vida, e graças a Deus com essa idade ela me contava tudo. Claro que mesmo com essa idade havia alguns menininhos que já eram mais "atrevidos",  e por isso tinha que ficar de olho. Não vou poder proteger ela de tudo mas naquele momento percebi que daqui a pouco tempo eu teria que aconselhar ela bastante sobre isso.

[...]

As coisas na casa da minha avó não era das melhores, já que muitas vezes tinha a sensação de que eles queriam muito que eu alugasse a casa, então para não me sentir mais pressionada do que já estava e nem ter que continuar amolando Zilu com os meus móveis, decidi alugar. Minha irmã ficou contente agora que teria uma companhia e Sofia também já que teria suas primas para brincar.

Pouco a pouco comecei a ajeitar tudo para a mudança, meu tio ajudou a trazer os móveis de um bairro e outro e em pouco tempo já estávamos lá dentro.

Aquela vila era uma bagunça, mas era uma bagunça alegre, crianças corriam o tempo todo e nunca tive problemas com nenhum vizinho, porém como em uma das casas morava o filho da dona com sua esposa, tínhamos que manter a ordem assim que eles chegassem do serviço.

_VAI LIGAR O CHUVEIROOO!!

Era a frase que mais se escutava durante o dia todo, a disputa entre quem vai ser o primeiro e o último a tomar banho, no começo foi difícil me adaptar, também pudera eu estava em uma casa maiorzinha, mais fácil de limpar por conta dos azulejos, teto, podendo tomar banho a qualquer hora e agora eu estava em um lugar onde aparentemente tudo era compartilhado, então o jeito era se adaptar.

[...]

_Rosa! Rosa! Corre aqui. _Clarice me chamou um pouco assustada. Como as paredes das casas eram grudadas, bastava Clarice gritar que eu já conseguia ouvir, assim também como todo mundo conseguia ouvir a conversa de todo mundo.

_O que foi Clarice?

_ O tio acabou de ligar, porque foi informado que o Serafim está no hospital. Parece que teve epilepsia na rua, se machucou e foi hospitalizado.

Não acredito, mal tinha acabado de me mudar e já tinha notícias ruins. Deixei o telefone da minha avó na carteira de Serafim, caso acontecesse algo ou caso ele quisesse ver Sofia, por isso o hospital conseguiu informar meu tio sobre o ocorrido.
Deixei Sofia com Clarice e fui até a casa da minha avó ver o que tinha acontecido.

_Rosa, eu vou te levar até lá, disseram que ele está bem só teve alguns ferimentos._disse meu tio.

Chegando no hospital vi que ele estava bem e que em pouco tempo receberia alta.

_ Então, você é familiar dele?_ perguntou o doutor.

_Sim eu sou esposa, ou melhor éramos casados mas..

_Enfim senhora, o paciente vai precisar de repouso e logo terá alta. A senhora poderá vir buscá-lo?

Naquele momento fiquei sem saída, tinha me separado de Serafim mas ele não tinha pra onde ir, não tinha familiares perto nem nada e também naquela época ainda não existiam as redes sociais como hoje, nem celular eu tinha, as pessoas ainda se comunicavam através de orelhões, telefones e os celulares eram daqueles modelos bem antigos mesmo, por isso não havia nem sequer opções para contatar alguém da família de Serafim e por isso tive que tomar a decisão.

_Sim eu virei buscá-lo!

Eu não podia abandonar ele na rua. E se ele morresse? Ou sofresse algum acidente? Eu me sentiria culpada por isso, então decidi que levaria ele de volta pra casa.

Depois de dois dias o médico deu alta pra ele e eu o levei pra casa que eu havia alugado.

E sim, Kiko voltou a morar comigo!!!

-----------------------Continua--------------------

Voltaram!!

E agora? Será que Kiko (Serafim) vai deixar a bebida?

Será que Rosa se acostumará com a tal vila?

Deixem duas opiniões

Não esqueçam da minha estrelinha

Bjs


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