Capítulo 18 - Serafim volta a beber

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Desde que acabou o tal romance infantil de Sofia, parece que tudo tinha voltado ao normal. Eu, a cada dia estava mais focada na confiança em Deus, e tudo parecia ir muito bem. Já tinha feito um ano que estávamos na nova casa, Sofia tinha acabado de fazer 13 anos, indo muito bem na escola, mas infelizmente a adoração por Luan Santana ainda continuava, Serafim estava fazendo tudo certo e tínhamos momentos muito felizes, já que sem beber era um homem alegre e muito brincalhão e na maior parte do tempo, sempre fazia piadas e brincadeiras deixando eu e Sofia sem fôlego de tanto rir. Mas infelizmente toda essa felicidade foi duradoura e acabou mais cedo do que eu imaginava.

Em uma tarde que parecia comum, depois que Sofia chegou da escola, ficamos esperando Serafim já que ele estava demorando muito pra chegar, no fundo eu estava sentindo que algo não ia bem, ou até que poderia ter acontecido alguma coisa com ele, mas resolvi afastar esses pensamentos negativos.

Mais tarde ele chegou em casa e já não era o mesmo. Por mais que tentasse disfarçar, era impossível não notar seu comportamento de um homem bêbado. Seu semblante havia mudado, sua voz estava embolada e ficar em pé, se tornava difícil. Não acreditava no que estava vendo, não acreditava que novamente eu me veria nessa situação, e ainda mais que ele não tinha aprendido nada com o que aconteceu da última vez.

_KIKO! NÃO ACREDITO! VOCÊ VOLTOU A BEBER?

_Nãao, eu.. não.. foi, foi um remédio que eu tomei que.. _tentou se justificar, mas sua fala arrastada e o cheiro de álcool o entregava.

_NÃO ACREDITO SERAFIM! DEPOIS DE TUDO QUE VIVEMOS VOCÊ NÃO APRENDEU NADA? OLHA O SEU ESTADO!_eu estava tão alterada que chegava até a tremer de nervoso.

Naquele momento Sofia começou a chorar, pois obviamente não queria que o pai voltasse a beber de novo e que toda aquela felicidade acabasse, já que sem beber, Sofia e o pai iam juntos a feiras, faziam coisas juntos e se divertiam bastante. Tentei consolá-la, mas até eu não estava conseguindo ficar bem.

_VAI COMEÇAR DE NOVO NÃO É? OLHA NOSSA FILHA COMO ESTÁ!

_Ah.. Tá bom então! Se.. você vai me tratar assim.. então eu vou embora..

Mesmo não conseguindo nem ficar de pé, se irritou e decidiu ir embora de casa.

Entrou no banheiro e começou a pegar as poucas coisas que tinha, deu 30 reais pra Sofia e estava decidido a ir embora. Mas eu o impedi.

_Não Kiko! Você não precisa ir embora.. Fica! Fazer o quê né!

Tive que impedí-lo, já que de bêbado ele não chegaria a lugar nenhum, e o pior, ele poderia ter epilepsia e se machucar na rua, e se acontecesse algo com ele, eu me sentiria responsável.

Talvez vocês se perguntem: Mas Rosa, Serafim já é adulto e pode se virar sozinho! E sim, sei que ele já é adulto, mas vocês lembram o que houve da última vez, ele ficou na rua, depois foi parar no hospital e eu o abriguei de volta, então eu tinha certeza de que se ele fosse embora, ele não se levantaria e seguiria em frente com sua vida, mas viveria bebendo e dormindo pelas ruas até o dia em que passasse mal parando novamente no hospital ou até mesmo acontecesse coisa pior.

[...]

Infelizmente já tinha passado vários dias, e de fato Serafim tinha voltado e beber diariamente, perdeu seus serviços e voltou a ser aquele homem que vivia caindo.

Quando eu recebia visitas em casa, como meu irmão Ricardo e minha cunhada Silmara que também se mudaram aqui para o bairro, Serafim simplesmente chegava e ficava no banheiro por longas horas em uma tentativa frustrada de que as visitas não percebessem seu comportamento alterado, e quando eles iam embora, eu tinha que tirá-lo quase a força do banheiro já que Serafim estava simplesmente caído, dormindo no chão.

[...]

A rotina difícil já tinha começado, graças a Deus eu recebia alimentos através de doações e as vezes conseguia vender algumas coisas ou pegar dinheiro emprestado para pagar o aluguel, já que eu não conseguia emprego.

Os meses seguintes foram ficando cada vez mais difíceis, eu não tinha de onde tirar para pagar o aluguel, por isso resolvi conversar com o dono da casa, para que me desse um prazo a fim de conseguir juntar o dinheiro e pagar o que estava pendente, e ele aceitou tranquilamente.

Eu não queria passar por essa situação de novo, então com fé eu comecei a correr atrás do dinheiro, mas não era tão fácil como eu pensava.

Pelos atrasos nos aluguéis, o dono começou a frequentemente ir até a casa para saber se eu já tinha o dinheiro, porém suas visitas começaram a se tornar estranhas e mais frequentes do que o necessário e pra piorar ele ia até lá estando bêbado e quando eu estava sozinha.

Em poucos dias, supostamente vindo cobrar o aluguel, ele começou com algumas conversas estranhas e eu já estava com muito receio, até que em uma de suas visitas ele tentou me tocar várias vezes e eu percebendo suas tentativas me esquivei, e isso me fez perceber que suas intenções não eram boas, e que talvez estivesse insinuando que eu pagasse o aluguel de outra maneira.

Consegui que ele fosse embora mas fiquei com medo, sabia que eu poderia estar em perigo mas também agradeci a Deus por todas as vezes que ele foi até lá e Deus me protegeu,
mas naquele momento percebi que eu teria que sair dali e me mudar urgentemente, pois eu sabia que se eu ficasse ali, suas tentativas de toques poderiam se tornar algo pior. Mas e agora? Como eu iria fazer isso?

"Deus me ajuda, estou correndo perigo, o que eu faço?"

-----------------------Continua-------------------

Infelizmente um capítulo bem triste.

E agora? O que vai acontecer com Rosa? De novo essa mesma história?

Não esqueçam da minha estrelinha

Bjs

Aos Passos da FéOnde histórias criam vida. Descubra agora