Capítulo 34 - Despedida

25 7 2
                                    

Rosa narrando

Já estávamos no final de outubro daquele ano, e Sofia e Guilherme não haviam feito nada pra arrumarem a casa deles, o bebê iria nascer em janeiro, e eles ainda não tinham nada do que precisavam.

Alguns meses antes, Guilherme caiu em si sobre a besteira que havia feito ao comprar um veículo, e por isso decidiu vender para recuperar o dinheiro perdido, mas adivinhem? Infelizmente, Guilherme vendeu para a pessoa errada, entregou a moto antes de receber o pagamento e nunca foi pago. Como o rapaz era conhecido dele e morava perto, ele e Sofia iam até a casa dele para cobrar todos os dias, mas o rapaz sempre dava uma desculpa diferente, e no final acabou não entregando sequer um centavo, depois de muitas tentativas frustradas Guilherme se deu por vencido, e jamais conseguiu recuperar aquele dinheiro.

Com os meses se passando, a mãe de Guilherme lhe deu um dinheiro para que ele levasse Sofia para fazer um ultrassom em uma clínica paga, já que não tinham feito nenhuma consulta. Não sei o que Guilherme inventava pra mãe dele, mas creio que ela nem sabia das mentiras e irresponsabilidades do filho.

O ultrassom foi marcado para o dia seguinte, como era uma clínica paga, o serviço era bem ágil, porém eu sentia que os dois estavam fazendo isso, mais para saber o sexo do bebê, do que pela saúde dele. Não sabíamos como a criança estava evoluindo, Sofia apenas dizia que sentia os chutes, mas isso não era suficiente para saber se um bebê está crescendo saudável ou não, para isso é necessário tomar vitaminas, fazer exames mensais para medir o peso, comprimento da barriga, escutar o bebê etc e nada disso tinha sido feito.

No dia seguinte, os dois foram muito animados para a clinica, Sofia se aventurou a tomar café e comer chocolates, já que segundo as tradições, é o método mais fácil pra conseguir identificar se seria menina ou menino.

Passei o dia todo em oração para que corresse tudo bem, e falei com Deus sobre minhas preocupações em relação a esses dois, que desde o começo estavam fazendo tudo com muita falta de sabedoria.

Quando chegaram, estavam contentes já que Guilherme tinha acertado que seria uma menina. Decidiram colocar seu nome de Layane, porém tinham que correr com os preparativos. Roupinhas, fraldas, e essas coisas Sofia tinha ganhado bastante, mas por serem um casal novo, eles não tinham berço, móveis, nem nada para começar, além de uma cama que eu havia dado, e uma panela elétrica e outras coisinhas simples, e sem dinheiro, nem a casa ainda tinha ficado pronta.

[...]

O tempo ia passando e finalmente os dois começaram a agilizar, sem dinheiro para pagar pedreiros, decidiram fazer eles mesmo o reboco das paredes e todo o resto. Guilherme, dizia entender de serviços de construção e manutenção, e rapidamente conseguiu fazer ligações diretas de luz e água. Inicialmente, eles usavam o cimento que sobrava de uma contrução do tio dele, porém o cimento foi acabando pouco a pouco, e pra substituir o cimento, eles decidiram passar terra nas paredes. Achei um pouco estranho, mas como eu já tinha visto casas que foram rebocadas com terra, eu decidi acreditar que Guilherme sabia o que estava fazendo.

Muitos se preocupavam e questionavam, sobre o fato de Sofia estando grávida de seis meses, estar no meio de uma construção, rebocando paredes, mas cada vez que ela ouvia isso, ficava alterada dizendo que tinha que se exercitar. Claramente que existem pessoas completamente exageradas, que acham que grávidas não podem se abaixar, que não podem caminhar e que tem que ficar acamadas o dia inteiro, e isso é muito errado, mas também eu não sabia se estar em uma construção cheia de poeira seria algo bom ou ruim.

[...]

Já estávamos em dezembro e no dia 22 prestes a chegar o natal, eles me deram a notícia de que terminaram a casa, e me pediram ajuda para ir no dia seguinte ajudar com a limpeza.

Pelo tempo que havia passado, imaginei que devesse ter ficado muito boa a casa, imaginei que eles tivessem colocado piso, que as paredes estavam lisas, o telhado sem furos, janelas e portas boas, mas me enganei. Não pensem que sou contra casas simples e humildes, muito pelo contrário, mas eu queria que minha filha tivesse um bom lar que, mesmo sendo simples, pudesse contar com soluções que por mais que fossem baratas, fossem eficazes para uma boa moradia, pois ser simples é uma coisa, porém mal feito é outra.

Quando cheguei no dia seguinte, me surpreendi com tudo que estava vendo. O chão, continuava igual, e Sofia dizia pra não me preocupar que ela colocaria um tapete grande. Colocar um tapete não seria solução, já que Sofia teria que fazer a manutenção com frequência porque o pó que pegaria no chão também pegaria no tapete, e como eles não podiam jogar água com frequência, senti que aquilo não daria certo, mas fazer o que, era decisão dos dois. As paredes, estavam mal rebocadas, e as partes com terra ainda eram visíveis, já que a pintura também não tinha sido bem feita, o telhado continuava com rachaduras, eles não tinham chuveiro, descarga, tanque de roupas nem nada, porém Sofia parecia ter tudo esquematizado para conseguir improvisar quanto a tudo isso. E também eu não fiquei tão alarmada, já que pensei que aquilo seria momentâneo, em breve Guilherme arrumaria um emprego e eles teriam como ir consertando pouco a pouco.

[...]

Dia 24 de dezembro, tinha chegado o momento, era hora de eles voarem, mesmo sendo novos, começaríam a morar juntos como casados. Naquele dia, todas os acontecimentos passavam pela minha cabeça, eu sempre imaginei que minha filha terminaria a escola, trabalharia, namoraria e depois se casaria de verdade, e só assim pensariam em ter filhos, mas naquele momento eu via, minha filha com 16 anos grávida, indo morar com alguém que eu nem sabia se iria ou não fazê-la feliz, já que seu caráter deixava a desejar, e eu não podia fazer mais nada, era uma decisão que ela tinha tomado, e teria que arcar, caso a vida não fosse como ela esperava.

Decidi afastar aqueles pensamentos e ajudar eles com a mudança, já que estavam muito felizes, levamos o tapete, a cama, cortinas para fazer a divisão do cômodo, alguns puffs (desses de sentar), uma televisão, e alguns utensílios de cozinha, e pra finalizar, as roupas e coisas pessoais dos dois. Como eram poucas coisas, conseguimos arrumar em pouco tempo, faltavam ainda tantas coisas, mas eles garantiram que conseguiriam se virar por enquanto.

Decidi ir embora, e ali foi a despedida, por mais que a casa fosse perto, e que eu poderia vê-la quando quiser, era estranho pra mim, que minha filha não estaria mais dormindo na minha casa, que não estaria mais por perto, pois jamais pensei que isso aconteceria tão cedo, e confesso que eu não estava tão feliz, e me sentia com medo de todas as decisões que Sofia tinha tomado.

[...]

No começo, eu ia até a casa deles todos os dias, ver se precisavam de algo. Depois passei a ir um dia sim, um dia não, até que chegou o momento que eu decidi ir de vez em quando apenas. Eu tinha que deixar Sofia voar, tinha que me conformar que ela tinha uma nova vida, e jamais quis ser uma mãe que fica no pé, ou que fica em cima o tempo inteiro. Agora as decisões não eram mais minha e dela, e sim deles, e eu tinha que entender que independente de qualquer coisa, sei que Deus a ajudaria, a única coisa que eu pedia é que Sofia voltasse para os caminhos dEle.

Era isso, tinha chegado o momento de dar um tempo, e deixar que Sofia voasse e aprendesse com suas próprias experiências.

--------------------Continua-----------------------

"Decisões imaturas, geram consequências desagradáveis, mas decisões planejadas levam a um futuro pleno."

O que acharam do capítulo de hoje?

Não esqueçam da minha estrelinha

Bjs!!!

Aos Passos da FéOnde histórias criam vida. Descubra agora