Muitas pessoas dizem que pareço não ter uma vida, pois a minha história sempre se baseia em outras pessoas, e sim, eu vivi muito tempo assim, sentia como se eu fosse a mãezona de todo mundo, cuidava de um marido alcoólatra, sempre atento quando ele tinha epilepsias (como eu já estava anos com ele, já tinha me acostumado e aprendi a lidar com isso), acompanhava minha irmã Clarice para ajudar a resolver seus problemas, fazia muitos favores ao meu irmão Martin, e com tudo, me preocupava com minha filha e minha neta que estava doente, então eram raras, as vezes em que eu pensava em mim mesma, em que parava para fazer algo que eu gostasse. Pra falar a verdade, eu nunca tinha esses momentos só pra mim, estava sempre cuidando e auxiliando alguém, como se eu fosse a mãe de todos.
Sendo a mãe de todos, as vezes me sentia sobrecarregada e a única coisa que me fazia bem, era escutar louvores, e meditar na Palavra de Deus, pois isso me acalmava e me ajudava a continuar de pé, a ponto de dar essa força para todos, mesmo que eu mesma não tivesse essa força.
[...]
Depois dos três meses, que minha neta ficou no hospital, ela acabou adoecendo de novo. Em uma das consultas na terapia, Sofia conta que uma das cuidadoras percebeu que Layane não estava bem, que ela estava pálida e sem ânimo, e por isso, imediatamente ela foi encaminhada ao hospital mais uma vez.
Uma das coisas que Sofia se queixava, era que os familiares de Guilherme não entendiam o que se passava com Layane, não entendiam o porquê dela não ser como as outras crianças, e por isso eles começaram a acusar Sofia de negligência e de estar matando a criança de fome. Todas as vezes em que se viam, eles mandavam Sofia dobrar as quantidades de leite e isso era perigoso pelo estado em que se encontrava a bebê.
Por causa desses pedidos, Sofia acabou descobrindo que sua filha estava com pneumonia, e que por ter ingerido leite demais, o leite havia retornado, e parado até os pulmões trazendo esse problema, porém quando Sofia relatou isso que tinha ouvido dos próprios médicos, os familiares de Guilherme riram dela e disseram que ela estava louca, que não existia isso de leite causar pneumonia, e que aquilo era uma desculpa para tentar apagar sua negligência.
Layane ficou no hospital por mais alguns meses, e Sofia e Guilherme revezavam para ficar com ela durante o dia e noite, e por isso já fazia algum tempo que eu não ia até a casa da minha filha já que ela estaria no hospital praticamente todos os dias. Eu ligava pra ela algumas vezes no celular improvisado que ela usava pra falar com Guilherme, e ela dizia que Layane estava bem, e que estava respondendo positivamenteaos medicamentos, tanto que uma vez até eu fiquei lá no hospital pra que Sofia e Guilherme descansassem um pouco.
Naquele dia que fiquei com minha neta, escutei algo que não gostaria de ter ouvido. Uma mulher, que eu nem conhecia, simplesmente me olhou nos olhos e disse que lamentava, mas minha neta não iria ficar muito tempo nessa terra. Quando ouvi aquilo fiquei sem reação, e preferi não acreditar, e afastar aqueles pensamentos. Conversei com Deus, e pedi a Ele que ajudasse minha neta, ela tinha passado quase o tempo inteiro no hospital e aquilo cortava o coração. Preferi esquecer aquilo e nem me atrevi a contar nada pra minha filha, sobre o que tinha ouvido.
Graças a Deus, conforme passavam os dias, Layane estava indo muito bem, ficou por mais uns dois meses no hospital e em seguida teve alta, e saiu muito bem, mais ativa, e completamente livre daquela pneumonia.
Com a volta de Layane pra casa, Guilherme conseguiu arrumar um emprego e graças a isso conseguia pagar os gastos necessários para as necessidades da bebê. E com isso, ele tomou uma nova decisão, juntar dinheiro para o mais breve possível, colocar Layane para fazer a cirurgia em um hospital pago, e com isso a esperança dela poder respirar melhor.
[...]
Layane já estava com 6 meses, mas infelizmente ainda era uma menina que não estava evoluindo, era bem magra pois não conseguia ganhar peso, e nem conseguia sustentar a cabeça e nem sentar, mas em tudo, era uma menina alegre que gostava de brincar, de fazer sons com a boca e dava muitas risadas.
Depois de todo aquele tempo no hospital, e agora em casa eu fui visitar Sofia. A casa dela, tinha outras casas ao redor e por isso os portões eram mantidos aberto, para que qualquer pessoa entrasse. Quando entrei naquele dia, e subi as escadas, me deparei com um homem, era um homem que já aparentava uns 40 anos, mas não tinha cara de boa pessoa, tanto que quando apareci ele me olhou de cima a baixo com cara feia. Como eu não sabia quem era, apenas dei um boa tarde em forma de educação, pois eu imaginei que poderia ser algum vizinho ou novo inquilino, o homem também me deu um boa tarde seco, e quando passei ao lado dele senti algo muito ruim.
Bati na porta de Sofia, e logo que a cumprimentei, perguntei quem era aquele homem, e ela me chamou de canto e respondeu que aquele era o pai de Guilherme.
Fiquei sem entender nada, pois Guilherme sempre se gabava de seu pai ter sido um policial renomado, mas que infelizmente tinha perdido sua vida. Então Sofia me explicou que, como já era de costume, aquela era mais uma mentira de Guilherme, e que na verdade o pai dele era o oposto de um policial, e sim um bandido, que passou 20 anos preso por roubar e assassinar pessoas, e que aquele homem que eu tinha acabado de ver, era o dito cujo, e que ele já estava morando ali ao lado deles alguns meses, já que tinha saído da cadeia um tempo atrás.
Fiquei chocada com aquilo, como eu não tinha ido a casa de Sofia faz tempo, eu nem imaginava o que acontecia ali. Mas tudo bem, era um ex presidiário, e não podemos julgar as pessoas, pois 20 anos são capazes de mudar qualquer um, porém quando perguntei pra Sofia se ele tinha mudado de vida, ela simplesmente me disse com toda naturalidade, que não! Que o homem ainda continuava roubando, fazendo parte do PCC, e fazendo muitas coisas erradas pelas ruas e até mesmo com quem ele conhecia.
Naquele momento me deu um nó na garganta, e o engraçado, era como Sofia falava aquilo com uma tranquilidade que eu não entendia. Comecei a pensar aonde minha filha tinha ido parar, comigo ela não tinha inimigos, nunca lidamos com pessoas criminosas e nem nada, e agora ela era odiada pela sogra, estava com um sogro criminoso, lutando pela vida e saúde de sua filha, e pra completar, naquele mesmo dia ela disse que não estava bem com Guilherme, me disse que ele não a respeitava, não a ajudava nas tarefas, mentia o tempo todo, fazia o que queria com ela e em nada ela podia contrariá-lo, mas mesmo assim ela não sabia o que fazer, e por isso levei novamente a Palavra de Deus a ela, para que quem sabe, ela voltasse pra Deus o quanto antes e ele pudesse ajudá-la e ensiná-la naqueles momentos difíceis.
Conversamos mais um pouco, até que fui pra casa apreensiva com tudo que estava acontecendo, mas quando cheguei em casa, senti que Deus me consolava me pedindo para não temer, porque minha filha estava nas mãos dEle, e que por mais que fosse assustador o que eu tinha descoberto, Ele não deixaria nada acontecer com ela. E por isso eu me acalmei e resolvi confiar.
-----------------------Continua-------------------
Ufa, que capítulo hein!
Quantas coisas Sofia está passando.
Não esqueçam da minha estrelinha
Bjs!!
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Aos Passos da Fé
SpiritualRosa é uma mulher que desde a adolescência enfrentou muitos problemas, principalmente depois que entregou sua vida ao Senhor mesmo sem conhecê-Lo bem. Tudo começa após Rosa sair da casa de seus tios e ir morar com seu marido chamado Serafim. Serafi...