• Debi narrando.
Quando eu tinha sete anos, eu sofria bullying na escola todos os dias letivos, me lembro muito bem do nome do "principal agressor" — Tomás, eu tive má sorte por ter as mesmas aulas que ele. Assim que o sinal tocava para o recreio, Tomás me perseguia por onde eu ia, por isso, meu principal refúgio era o banheiro feminino, lá eu tinha a garantia de não tê-lo por perto. Tinham dias que eu me escondia em uma das cabines o intervalo inteiro, até lanchava lá, só para ter um pouco de paz. Eu, uma menina tímida, tinha muita dificuldade em fazer coleguinhas, ainda mais sabendo que eu era bolsista naquele colégio e que as famílias daqueles alunos tinham, pelo menos, o dobro do que a minha família tinha ou haveria de ter.
As minhas duas irmãs (Gabriela e Elizabeth) não tiveram dificuldades em formar novos amigos, elas sempre tinham companhias nas tarefas e durante o recreio, mas elas eram mais velhas, muitas vezes eu não queria atrapalhá-las, mesmo sendo uma criança. Além disso, eu tinha muita vergonha, nem conseguia imaginar Tomás me chamando dos piores apelidos na frente delas, elas poderiam até bater nele. Então, por um bom tempo, eu me senti pequena em silêncio, como se eu fosse a pior pessoa do mundo.
Certo dia, minha mãe não mandou biscoitos na minha merendeira, ela disse que eu deveria comer na escola e que seria assim pelo resto do ano. Eu contestei, mas não consegui evitar, já que minhas irmãs amaram a ideia. Então, a partir dali, foi inevitável frequentar a cantina da escola. Foi naquele mesmo dia que algo diferente aconteceu.
Quando sinal tocou e mais da metade dos alunos foram para a cantina da escola no intervalo, eu caminhei desanimadamente na mesma direção. Me lembro de pensar várias vezes em me esconder no banheiro e ficar sem comer, mas àquela altura, minha barriga roncava muito. Andei olhando para os meus sapatos enquanto Tomás e sua turma vinham enchendo o meu saco atrás, falando coisas maldosas na minha orelha. Eu sabia que era gorda, feia, pobretona e tudo mais, então eu não tinha motivo para revidar. Deixei com que eles fizessem piadinhas sobre mim.
Peguei minha refeição, mas eles continuaram. Eles também pegaram a refeição deles, mas não deixaram de me perseguir.
— Não vai se esconder no banheiro? — Tomás perguntou depois de algum tempo, era notável o deboche em seu tom de voz.
Outros alunos, vendo a cena, começaram a rir e Tomás se sentiu o rei da escola. Todos pareciam rir as minhas custas, me fazendo ficar mais envergonhada ainda. Lembro que eu queria ter o poder de desaparecer naquele momento, mas eu não tinha.
Temi que as minhas irmãs presenciassem aquela cena, elas deveriam estar por perto, eu nunca havia mencionado que alguns garotinhos me perseguiam e caçoavam de mim. O motivo de não gostar da escola estava sendo revelado ali mesmo.
Andei sem rumo pela cantina, enquanto eu ouvia várias pessoas rirem de mim. Eu controlava as lágrimas teimosas que insistiam em cair, me sentia um lixo e sabia que jamais me esqueceria daquilo. "Não ouça, não ouça", supliquei para mim mesma.
— Parem! — alguém gritou tão alto que eu deixei a minha bandeja cair no chão e todos ficaram em silêncio.
Elevei meus olhos para encarar um garoto em pé a minha frente. Eu nunca tinha visto alguém tão bonito. O garoto parecia ter pelo menos doze anos de idade, sua pele era levemente dourada, contrastavam com seus olhos azuis e seu cabelo castanho claro. Suas sobrancelhas eram grossas e seus lábios rosados, ele era alto e seu corpo equilibrado. Aquele garoto nem parecia real.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Quando o sol se põe
RomanceJá faziam meses e Debi sentia falta de seu amigo, mas temia incomodá-lo com seus problemas decorrentes. Surpreendentemente, ele lhe manda uma mensagem para que os dois se encontrassem. O que Debi não sabia era que o "encontro" tinha um propósito def...