Trinta e Três

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• Debi narrando:

A luz solar ultrapassava as camadas da janela do quarto do Jacob quando eu entrei. Por um motivo estranho, eu me senti segura quando ele permitiu que eu entrasse em seu quarto.

Jacob fechou a porta atrás de si e caminhou até seu closet, em segundos já abotoava sua camisa social. A peça era azul clara, combinando perfeitamente com seus olhos.

— Conte-me. — ele parou o que estava fazendo e ordenou.

Passei as mãos pelo jeans amassado da minha calça e expliquei que a Lisa estava internada, que meu pai estava se responsabilizando pela internação sem ter dinheiro suficiente para pagar.

Agora, nós estávamos enfiados no carro, indo em direção ao hospital. Enquanto o carro se deslocava, eu fiquei pensando em como as últimas horas foram exaustivas. No somatório dos meus pensamentos, haviam os problemas com a Luci, com o contrato e com a Lisa.

— Você passou a noite no hospital? — Jacob perguntou, acordando-me dos meus pensamentos.

— Sim, eu quis que meus pais descansassem um pouco. Minha mãe estava bem cansada e a Gabriela tinha alguns compromissos com o estágio. Nada mais justo do que deixá-los passarem a noite em casa. — respondi. Ele assentiu com a cabeça, mas não tirou seus olhos do trânsito.

De certa forma, eu me sentia aliviada por Jacob me ajudar sem nenhum questionamento ou dizer que estava ocupado. Na verdade, quando entrei em seu quarto, ele me escutou com atenção e rapidamente prontificou-se para assinar o termo de responsabilidade financeira no hospital.

— Quando descobriram o tumor?

Eu já esperava que ele fizesse aquelas perguntas, alguns detalhes ficaram de lado quando eu lhe contei sobre o que acontecia com a Lisa.

— Desde que voltamos da Itália. Eu visitei meus pais na mesma semana e minha mãe me contou sobre alguns resultados de exames da Lisa. Não sabemos se o tumor é maligno, mas estamos preocupados. Na verdade, nunca imaginaríamos que a Lisa pudesse passar por uma cirurgia sendo tão jovem. — expliquei.

Ele assentiu mais uma vez.

Não demorou até que chegássemos ao hospital. Jacob estacionou e descemos do carro. Andamos lado a lado até a recepção. Era notório como Jacob e eu nos contrastávamos. Enquanto eu ainda trajava as  mesmas roupas do dia anterior, ele exibia sua boa postura e suas roupas sociais devidamente alinhadas. Mas também, o contraste se dava pelo fato de que há algumas horas atrás estávamos em guerra e agora, caminhando lado a lado, como se nada tivesse acontecido.

Realmente era admirável como Jacob não gostava de remoer as mesmas estórias, e na mesma proporção ele cumpria com a sua palavra. Talvez Jacob me desse um pouquinho, bem pouquinho, de segurança em momentos complicados.

*

Depois de assinar o termo de responsabilidade financeira do hospital, Jacob decidiu dar uma passadinha no quarto onde Lisa estava internada. Os dois não possuíam um enorme laço de amizade, mas Lisa era uma conhecida. Era espantoso pensar que uma mulher de vinte e poucos anos sofresse com um tumor alojado em sua cabeça, então era completamente compreensível que ele quisesse vê-la. Além do mais, para todos os efeitos, ele era o meu marido e Elizabeth minha irmã, então quando ele pediu para vê-la, não fiquei surpresa.

Entramos no elevador hospitalar em silêncio. Em um curto espaço de tempo, a porta de aço se abriu e nós nos direcionamos ao quarto onde Lisa estava. Jacob me seguiu em silêncio. Segundos mais tarde, eu já abria a porta do quarto.

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⏰ Última atualização: Mar 16, 2023 ⏰

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