Vinte e Seis

20 2 0
                                    

Debi narrando:

Itália. Uma lua de mel na Itália deveria ser tão linda como as últimas frases de um conto de fadas. Mas eu não tinha nenhuma fada madrinha, não tinha um príncipe encantado, não tinha um final feliz. De repente, tudo se evaporou. Aquelas cenas soltas do casamento foram sumindo uma a uma, como se estivessem dentro de bolhinhas de sabão. E eu sabia que viajar àquela altura não seria nada divertido. E eu não estava nem um pouco empolgada para a nova vida que teria nos próximos meses.

Na verdade, eu estava exausta. Por mais leve que parecesse a recepção do casamento, parecia que eu carregava um chumbo nas costas. Meus pés doíam, minhas bochechas estavam duras de tanto forçar sorrisos. Porém, ao pensar nas últimas horas, eu percebi que Jacob me auxiliou o tempo inteiro com os convidados. Nós ficamos o tempo todo juntos e eu me sentia relaxada, apesar de saber que ele não era mais o meu Jacob.

Agora, eu sabia que ele era o melhor ator que conheci. As telenovelas da Rede Globo precisavam de alguém como ele. Jacob sabia atuar muito bem, afinal, foi só chegar à casa para ele mudar de feição completamente. Novamente ele era o homem seco com um olhar cortante.

Suspirei.

Balancei a cabeça para colocar os pensamentos em ordem.

Me levantei.

Eu não sabia por onde começar. A Itália provavelmente deveria ter um clima diferente do Brasil e eu nem sabia se as roupas que eu tinha me ajudaria nessa viagem.

No segundo pavimento da propriedade, fiz um esforço para ignorar Jacob. Ele estava sem o blazer, apenas com a camisa branca que abraçava seus braços largos. Seus olhos azuis estavam fixados na tela do celular, e ele parecia ocupado com o dispositivo naquele momento.

Me encaminhei para o closet, mas não pude deixar de ouvir:

— Assim que voltarmos, retire suas roupas deste quarto.

Sorri fraco. — Será um prazer. — falei com desgosto.

Isolei o closet com a porta de correr e me livrei do vestido de Suzana. Ele parecia simples, mas estava pesado e abraçava exageradamente a minha cintura. Rapidamente coloquei um short de poliéster e uma blusa larga. Massageei os meus pés que estavam doloridos por causa dos saltos e alonguei o pescoço. Em seguida, puxei minha mala velha que estava no canto do cômodo e comecei a escolher o que levar.

Sem bater na porta, Jacob a abriu e, após me observar um pouco, adentrou no closet.

— Não se esqueça que é verão na Itália. — ele disse secamente.

Irritada, lambi os lábios e sorri com amargura.

— Você me diz isso agora? — perguntei entediada.

Com as mãos na cintura, encarei a mala que, aparentemente, estava quase pronta. Dentro dela haviam quase todas as minhas roupas para o frio.

Jacob deu de ombros e pegou sua mala cara e saiu do cômodo arrastando-a pelas rodinhas. Claro. A mala dele já estava pronta.

Me senti perdida. Mas logo o Google me norteou a respeito do verão italiano.

Eu não demorei a estar pronta. Na verdade, em menos de quarenta minutos eu já descia a escada, completamente desajeitada, com a mala no colo. Ela não tinha rodinhas como a de Jacob, e a alça já estava frágil, porque era velha.

Jacob, por sua vez, não se moveu do lugar. Mais uma vez ele estava com o maldito celular entre os dedos. Porém, agora ele vestia um blazer azul que escurecia ainda mais a sua face. Eu também não estava com a mesma roupa. Antes de descer, eu tomei banho e vesti calça jeans, blusa preta e tênis brancos.

Quando o sol se põe Onde histórias criam vida. Descubra agora