Trinta

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Jacob narrando:

Encarei a minha avó deitada na cama de hospital. Seus olhos inchados expressavam dor e cansaço ao mesmo tempo.

— Como a senhora está?

Ela me deu um leve sorriso, o que acalmou meus sentidos instantaneamente.

— Foi o destino, Jacob. — ela respondeu agraciada e eu fiquei confuso.

— Como?

— Foi o destino eu estar com sua esposa. Ela me ajudou rapidamente e logo eu já estava sendo tratada.

Enruguei meu cenho um pouco surpreso e confuso.

— Eu ouvi tudo, completamente tudo. E eu nunca vi alguém tão preocupada e esperta. Debi rapidamente tomou todas as medidas para que eu estivesse aqui o quanto antes. — ela explicou.

— Ouviu a Debi chamar por socorro mesmo estando desacordada? — Minha avó encolheu seus ombros, sem me responder. — Espera. Você fingiu o desmaio? — perguntei sem conseguir acreditar.

Ela fechou sua face. — Como você pode pensar isso de uma senhora que acaba de sofrer um infarto?! Eu senti muita dor, por isso mantive meus olhos pressionados.

— E agiu de esperteza com a Debi. A senhora é terrível. — cruzei os meus braços.

— Eu realmente infartei, foi uma dor horrível. Desta vez eu não abusei da boa vontade de ninguém, Jacob. — ela disse olhando em meus olhos e então eu soube que estava sendo sincera. — Na verdade, eu estou decepcionada com você. Como pode ir para a Itália fechar negócios sem nem me contar? — ela perguntou, a tristeza extravasando em seus olhos.

— Não é bem assim. Só tive medo de te contar e a senhora achar que eu estava abrindo mão dos negócios da família. — admiti.

Ela negou com a cabeça.

— Não dá para cuidar dos dois ao mesmo tempo. A Itália fica do outro lado do oceano, Jacob. Além disso, você acabou de se casar. Como pretende assumir a Belmonte e ainda começar seu próprio negócio?

Soltei uma lufada de ar.

— Só me dê um pouco mais de tempo para provar que os dois serão possíveis. — pedi.

— Você me irrita profundamente. Sempre querendo dar saltos maiores do que a perna ou agindo sem consultar alguém que te ama. — ela disse virando o rosto, como um bebê mimado. — Se sempre soubesse o que está fazendo não teria engravidado uma desconhecida, nem se casado às pressas com alguém que sua irmã odeia e nem usaria a sua lua de mel para fazer negócios. Você é um menino imaturo, Jacob.

Suas palavras foram piores do que um soco no meu estômago. Elas mexeram profundamente com o meu ego, mas eu preferi ignorar. Eu não queria que minha avó ficasse pior.

— Eu vou provar que vai dar certo. Só fique tranquila. — pedi.

— Você vai provar voando para a Itália todo mês, cancelando seus compromissos como futuro presidente do Grupo que seu avô fundou? — ela perguntou ainda irritada.

— Vovó, não vamos pensar nisso. — tentei acalmá-la tocando em sua mão. — É por isso que eu não queria que ninguém soubesse, vocês se preocupam a toa. Vai dar tudo certo.

Ela afastou sua mão.

— O que eu faço com você?

— Quando se recuperar, me dê uma bengalada, mas por enquanto descanse. — sorri.

— E quem disse que eu vou usar bengala? — ela arregalou seus olhos azuis.

Encolhi meus ombros.

— Por que a Debi colocou seu coração à prova? Odeio te ver deitada assim. — admiti.

Quando o sol se põe Onde histórias criam vida. Descubra agora