• Debi narrando:
— Jacob, acho que não tem necessidade. — contestei quando entramos no carro.
— Coloque o cinto. — ele ordenou irredutível.
— Eu sou mais forte que um touro. Amanhã estarei melhor. — respondi.
A verdade é que eu nunca ficava doente. Minha imunidade era ótima. Aquilo era apenas um resfriado que passaria de um dia para o outro.
Jacob me encarou. Seus olhos frios encontraram com os meus e eles não pareceram piedosos.
— Se você voltar doente, minha mãe vai fazer um escândalo. — ele disse seriamente.
Engoli em seco.
Jacob arrancou o carro e logo estávamos no hospital.
*
Eu pensei que Jacob usaria seu bom e polido inglês para as viagens internacionais. Mas me surpreendi quando ele gastava sua voz em italiano. Durante todo o atendimento hospitalar, Jacob se comunicou como um nativo. O médico perguntou algumas coisas, mas meu "marido" acabou respondendo por mim, de forma que eu não sabia para onde ia o rumo da conversa.
— Você tem alguma alergia? — Jacob me perguntou de repente.
O médico me olhou com expectativa, aguardando minha resposta.
Neguei com a cabeça.
Então, os dois voltaram a conversar.
Simpatia deveria ser a palavra número 1 para descrever o homem que estava sentado em um consultório ao meu lado. Jacob sorria amigavelmente, era cativante. Eu me lembrei de quando ele era assim comigo, há mais de três anos atrás. Talvez o meu Jacob não estivesse soterrado. Talvez ele só não fosse mais meu...
Apesar de tudo, a consulta foi bem objetiva. O velho médico auscultou meus pulmões, examinou minha garganta e meus ouvidos e em seguida mensurou minha temperatura. Receitou algo e logo estávamos de saída.
No caminho para o hotel, Jacob parou em uma farmácia e comprou algumas caixas de comprimidos.
Quando entramos no quarto de hotel, ele me entregou a sacola e a receita.
— Seus pulmões estão bons, mas a sua garganta está um pouco inflamada, por isso a febre. Aí tem antibióticos, antitérmicos e um descongestionante nasal. — ele disse.
— Obrigada. — sibilei.
Jacob me olhou com seriedade e virou as costas.
— Antibióticos de doze em doze, remédio para febre se necessário e descongestionante de quatro em quatro. — ele traduziu o papel em minha mão antes de abrir a porta e sair.
Assenti com a cabeça, mesmo que ele não visse.
Ele fechou a porta.
Tomei os comprimidos e me joguei na cama. Eu ainda estava exausta.
*
Ninguém poderia saber sobre a Itália, mas eu não me importei. Mesmo que estivesse completamente travada e arranhando um italiano que poucas horas de Duolingo me ensinaram, eu fui às ruas. Eu me senti novamente como um touro, cheia de vida e energia. Na verdade, os antibióticos me fizeram muito bem e eu aplicava o descongestionante quando achava preciso. Nas próximas horas, meu celular ficou abarrotado de fotos de Roma. Eu comi macarronada, tomei gelato e caminhei pela cidade. Às vezes, eu pedia para alguém tirar um foto minha, eu precisava registrar aquele momento.
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Quando o sol se põe
RomanceJá faziam meses e Debi sentia falta de seu amigo, mas temia incomodá-lo com seus problemas decorrentes. Surpreendentemente, ele lhe manda uma mensagem para que os dois se encontrassem. O que Debi não sabia era que o "encontro" tinha um propósito def...