Sete

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Debi narrando

Jacob abriu a porta do seu apartamento, ele vestia roupas casuais, o que me fez lembrar um pouco do passado. Ultimamente, eu só o via de terno e então ele parecia estar configurado em uma imagem que não devia lhe pertencer. Antigamente, Jacob era uma pessoa descontraída, agora ele era sério e distante, de fato, eu estava incomodada e sentia falta de estar relaxada ao seu lado.

Passei pela porta do apartamento e me dei conta do quanto aquele lugar era grande. O duplex de Jacob era, pelo menos, quatro vezes maior do que a casa onde eu morava. Observei cada detalhe da sala de estar e acabei me lembrando de quando Jacob pegou a chave do imóvel. Voltei há quase quatro anos atrás, ele me mostrara cômodo por cômodo, feliz por sua independência e por ter a própria casa. Na cabeça dele, sua mãe não o controlaria mais (e ele odiava ser monitorado por alguém o tempo todo). Agora, o imóvel já não estava vazio, tudo tinha ganhado forma, inclusive a mesa de bilhar no lugar apropriado para uma mesa de jantar. Cada móvel, cada almofada no sofá, cada detalhe da decoração parecia ser escolhido a dedo e era um tanto masculino.

— Vamos subir. — Jacob disse andando em direção a escada que interligava a sala de estar com o outro pavimento do imóvel.

Vacilei. Fiquei parada no meio da sala e voltei minha atenção para a figura masculina que estava prestes a subir a escada.

— Eu não falei a minha condição ontem. — o notifiquei.

Jacob parou e se virou para mim. Sua careta impaciente era extremamente notável.

— Você tem mais condições do que uma concessionária. — falou explicitamente entediado.

Lancei-lhe um sorriso irônico.

— Olha quem fala. Ontem eu corri tanto que eu achei que nem teria mais meus pulmões! — falei irritada. — Além disso, eu tive que evitar a Gabi pelo resto da noite, porque ela estava curiosa sobre nós dois. Será que sou eu a pessoa cheia de condições aqui? — dei um passo à frente.

— E você não está feliz? Estamos aqui para resolver seu problema, Debi.

— E o seu também, Jacob. — falei sem esconder a minha indignação ao me lembrar da noite anterior. — Afinal, você não vai se casar à toa. Você precisa tanto dessa mentira como eu.

— Não quero discutir com você — ele desviou seu olhar.

Arranhei a minha garganta.

— Ainda não sei por quê estou aqui, mas não farei nada sem que você me garanta que ainda essa semana eu terei cem mil reais na minha conta. — lhe avisei.

Jacob esquadrinhou meu rosto.

— Transferir cem mil reais não é algo tão simples, terei que ir ao banco pessoalmente e isso demanda tempo na minha agenda — Jacob disse.

— Sua família é importante, os bancos devem abrir alas para você. — contestei.

Jacob respirou fundo.

— Até ontem à tarde, você não estava tão desesperada — ele levantou uma das sobrancelhas.

— Meu pai colocou o restaurante à venda, tenho pouco tempo — falei.

— Farei uma nota promissória — ele me disse com seriedade.

— Então, não posso subir sem a nota promissória — falei e decidi me sentar no sofá.

Jacob riu irritado. Ele não subiu a escada, mas cruzou a sala e sumiu por um corredor. Segundos mais tarde, Jacob reapareceu com um papel na mão.

Quando o sol se põe Onde histórias criam vida. Descubra agora