• Jacob narrando:
Debi abriu a porta um pouco assustada. Seus olhos castanhos pareciam-se com os olhos de uma criança que acabou de fazer alguma travessura. E eu não deixei de esquadrinhar seu rosto.
Naquele momento eu me perguntei se ela continuava a mesma menina que gostava de coisas simples. Talvez, a vida não lhe deu opção e ela simplesmente se adequou a realidade de seus pais. Afinal de contas, ela ficou admirada com a mala nova que era muito mais cara do que qualquer outra que ela já teve.
— Oi. — ela disse se escondendo atrás da porta.
— Minha mãe quer falar com você. — falei.
— Ela já pode me ligar. Eu coloquei o celular no carregador.
Sem paciência, empurrei a porta e entrei no quarto. Debi pareceu um pouco atordoada e rapidamente suas bochechas estavam coradas. Então ela fechou a porta atrás de suas costas e se encolheu um pouco.
Sem hesitar, desci meus olhos para o seu corpo. Ela vestia um conjunto de baby-doll com uma estampa esquisita porque haviam vários sols desenhados nele. Mas, não se deixe enganar pela estampa infantil, porque aquele pijama era menor do que deveria.
— Não se preocupe, você está horrível com esse pijama. — falei para lhe deixar um pouco menos acanhada.
Seus olhos se encolheram de raiva.
Ela não mudou em tantas coisas. A Debi continuava com péssimo gosto para pijamas. Vê-la usando aquele conjunto de solzinhos salpicados pelo tecido me fez lembrar de uma vez que eu fui à casa de seus pais e vi vários pijamas com estampas estranhas dependurados no varal.
— Quem veste essas coisas? — perguntei na época e ela ficou se explicando, como se aqueles tecidos fossem perfeitos.
— Eu disse que ela pode me ligar no meu celular. — Debi disse, arrancando-me do passado. Ela parecia um pouco mais relaxada, porém não saiu do lugar.
Sentei-me na beirada de sua cama.
— Ela vai ligar por vídeo chamada. Tem que ver nós dois juntos. — falei e ela, automaticamente, pressionou seus lábios. — Que bom que está com roupas para dormir. — completei.
Debi revirou os olhos. Ela ignorou a minha presença e se deitou na cama, se cobrindo com o lençol branco. "Como se eu fosse olhar para...", suas pernas, eu ia dizer em pensamentos. Mas, obviamente, foi inevitável olhar.
Debi tinha uma estrutura corporal completamente diferente das suas irmãs. Ela era delicada, mas suas pernas eram mais cheias do que o habitual e sua carne parecia fofa. Obviamente, ela era muito feminina, apesar de sempre esconder seu corpo em jeans surrados e blusas largas. Mas agora ela estava enrolada no lençol, se escondendo como um bicho no mato.
Soltei uma lufada de ar.
Ela era feminina. Ela tinha um rosto bonito. Era fofa nas áreas precisamente certas. Mas ela não era capaz de despertar nada em mim. Em que mundo a Debi vivia?
Tirei os sapatos e me deitei ao seu lado. Ela arregalou os olhos.
— O que você está fazendo? — perguntou um pouco assustada.
"Por Deus, eu não vou fazer nada com você. Por que está tão envergonhada e com medo?".
— Minha mãe precisa nos ver juntos. — me justifiquei.
Debi negou com a cabeça. Era como se ela estivesse cometendo um enorme pecado. Mas a quem ela enganaria? Ou ela se esqueceu que perdeu a virgindade com Caio Silveira?
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Quando o sol se põe
RomanceJá faziam meses e Debi sentia falta de seu amigo, mas temia incomodá-lo com seus problemas decorrentes. Surpreendentemente, ele lhe manda uma mensagem para que os dois se encontrassem. O que Debi não sabia era que o "encontro" tinha um propósito def...