Quinze

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Debi narrando:

Depois que Jacob me deixou em casa, eu não sabia o que eu sentia. A noite tinha sido longa, e eu sabia que o meu coração batia em um ritmo diferente. Eu decidi não entrar em casa, simplesmente fiquei no quintal, fitando o céu estrelado, incerta das novas tempestades que poderiam surgir em minha vida. Por um lado, eu me sentia feliz por recuperar o diálogo com o meu amigo, por outro, eu temia encarar Camila, Ana Galvão e Lucinda. Todavia, dentro de mim, não havia só essa preocupação (encarar alguém), tinha minha consciência martelando a minha cabeça com a situação que eu enfrentaria dentro de casa — Gabriela.

Agora, as coisas estavam em outro patamar, porque eu era noiva do primeiro amor da minha irmã mais velha. Eu tinha um anel na minha mão que me ligava a Jacob, e aquilo poderia machucar muito uma das pessoas que eu mais amava no mundo.

Sabe de uma coisa? Naquela altura, eu parecia alguém forte e determinada, parecia que a minha vida estava perfeita. Lisa vibrava por eu encontrar um "amor verdadeiro" tão cedo. Minha mãe pensava que eu era extremamente sortuda por ter um relacionamento sério com um cara inteligente, rico e bonito. Até Daniela, quando soube do contrato, acreditou que eu poderia extrair algo de bom com os Belmonte. Nas redes sociais, as pessoas me consideraram muito, como se eu tivesse encontrado um bilhete premiado. Mas na verdade, eu estava vulnerável o tempo inteiro, e só eu e Jacob sabíamos. Eu não tinha coragem de entrar em casa e olhar para minha família, eu não tinha palavras para me desculpar com Gabriela, eu não queria pensar sobre o teste de paternidade ... Eu queria ter o poder de me transportar para uma ilha deserta, quem sabe lá eu esqueceria uma parte dos meus problemas.

Os preparativos para um casamento devem ser lindos e empolgantes, desde quando há duas pessoas apaixonadas, dispostas a darem as mãos e vencerem todos os desafios. Mas eu tinha muitos obstáculos — a minha irmã apaixonada pelo "meu" noivo, um contrato de casamento com prazo determinado, uma Anne Belmonte que me odiava, uma criança que possivelmente entraria na minha vida, uma dívida de cem mil reais — e eu não tinha nenhuma mão para apertar. Naquele momento, eu não consegui perceber qual problema era mais agoniante.

Depois de ficar caminhando pelo quintal, entre o jardim e a horta da minha mãe, eu me sentei no degrau que separava a varanda e o gramado, e enquanto eu olhava para as estrelas, eu pensava no esforço que eu fiz para parar com aquele contrato, porém , era como se nada adiantasse. Eu estava presa a Jacob, e os problemas só aumentavam.

Acordando-me dos meus pensamentos, ouvi alguém abrir um porta atrás de mim.

— Filha, você não vai entrar? — meu pai perguntou.

Soltei uma lufada de ar.

— Eu quero ficar um pouquinho aqui. — respondi.

Ouvi seus passos vindo em minha direção, então, ele se sentou ao meu lado.

— Você estava linda, Jacob fez do jantar um momento agradável, como prometeu. — meu pai disse. — Mas você não parece feliz. —completou.

Forcei um sorriso e encarei seus olhos escuros.

— Não é exatamente isso. — falei.

— Você não precisa mentir para mim, Debi.

"Por que é tão difícil enganar a minha família?", Refleti.

— Eu sei. — desviei meus olhos.

Nós ficamos alguns segundos em silêncio, agora eu encarava meus sapatos.

— Sabe, eu ... — meu pai começou a falar, mas hesitou. — Sua mãe pode até pensar que está tudo bem, porque realmente as coisas se resolveram. Mas eu não me canso de pensar que você tem algo a ver com o suposto pagamento das nossas dívidas. E eu espero, realmente espero, que você não tenha metido os Belmonte nisso.

Quando o sol se põe Onde histórias criam vida. Descubra agora