• Debi narrando
No dia seguinte, eu saí sorrateiramente do restaurante, apenas avisei o meu pai que eu tinha que almoçar fora, eu não queria que ninguém soubesse que o Jacob havia me mandado mensagem, talvez eu ainda estivesse insegura. Seria difícil esperar amizade àquela altura, Jacob e eu estávamos trilhando por caminhos diferentes.
Era meio dia e vinte quando cheguei ao shopping center da cidade, entrei pelo grande estabelecimento apressada e, ao chegar à praça de alimentação, avistei de longe Jacob sentado, olhando para o relógio dependurado em seu pulso. Ele ainda usava o mesmo corte de cabelo, seus olhos azuis ainda tinham uma aura alegre, mas seu rosto não estava liso, porque sua barba estava por fazer. Jacob não vestia bermuda, nem uma camisa simples, pelo contrário, seu visual estava polido. O terno abraçava seu corpo alto e em forma, seus ombros ainda eram os mesmos — largos e firmes.
Por um minuto, eu exitei, mas logo seus olhos azuis encontraram os meus e então eu caminhei em sua direção. Jacob acompanhou cada movimento meu, eu pude sentir o quanto estava sério, parecendo até outra pessoa.
— Boa tarde — ele disse assim que me sentei a mesa, sua voz rouca e grave me chamou atenção.
Me encolhi um pouco, eu não sabia o que dizer, eu estava com saudade do meu amigo, de poder tê-lo por perto, mas nada do que eu pensasse seria recíproco.
Eu poderia tirar sarro de Jacob, quem almoça de terno no McDonald's? Mas ele parecia tão frio, tão diferente, tão distante.
Arranhei a minha garganta e expulsei meus pensamentos, eu não poderia demorar muito tempo ali. Expulsei da memória às vezes que eu e ele almoçamos naquele mesmo lugar, na mesma mesa, e como a gente era diferente, o quanto tínhamos sintonia, o quanto preenchíamos o silêncio. Agora, parecíamos dois estranhos.
— Me desculpe a demora, é que não esperava que o Uber demorasse tanto — falei, mas logo me arrependi. O que eram uns míseros vinte minutos?
Jacob deu de ombros e me olhou de maneira profissional.
— Temos trinta e oito minutos e, ao meu ver, é o suficiente — ele disse, sacudindo o relógio em seu pulso.
Olhei para o restaurante a minha frente, procurando pelo meu sanduíche preferido.
— A nossa senha é ZH469. — ele me entregou o papelzinho da senha.
O encarei surpresa, foi completamente indelicado da parte dele fazer o pedido antes de eu chegar.
— Como você sabe o que eu vou querer? E se eu não viesse? — perguntei boquiaberta.
— Não me esqueci do milkshake de baunilha — respondeu, mas não se deu o trabalho de me lançar um sorriso convencido como fazia, apenas me olhou com seriedade.
Sua atitude, de certa forma, me chamou atenção — ele ainda se lembrava do que eu gostava.
— Eu... Eu estou de dieta. — falei desconcertada. — O que você quer me dizer? — perguntei sem rodeios. Talvez fosse melhor terminar logo com aquilo.
Jacob abriu a boca para falar, mas a campainha do pedido soou, era a nossa senha. Quando eu estava prestes a me levantar para retirar a nossa bandeja, ele fez sinal para que eu continuasse sentada.
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Quando o sol se põe
RomanceJá faziam meses e Debi sentia falta de seu amigo, mas temia incomodá-lo com seus problemas decorrentes. Surpreendentemente, ele lhe manda uma mensagem para que os dois se encontrassem. O que Debi não sabia era que o "encontro" tinha um propósito def...