Três

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Atenção, o capítulo não foi exatamente revisado.
Boa leitura!

Debi narrando

O quarto estava escuro quando abri os olhos pela madrugada. Minhas duas irmãs mais velhas dormiam tranquilamente, enquanto meus pais brigavam em mais uma noite.

Você deveria ter me falado tudo, Cleiton! — minha mãe gritou irritada.

O quarto dos meus pais ficava ao lado do quarto onde eu e minhas irmãs dormíamos, não era difícil ouvir os gritos e as brigas.

Como, Samantha?! — meu pai retrucou. — Você sempre quis que as meninas fossem tratadas a pão de ló, mesmo não tendo condições para isso!

— Eu não quero saber! Eu sou sua esposa, como você não me disse que a nossa vida virara uma bola de neve?! — o grito da minha mãe estava embargado, isso apertou o meu coração. E o pior, ela tinha razão: nossa vida se tornara uma bola de neve, maior do que se podia imaginar. – Como você não nos colocou a par disso antes?!

— Pare com esses questionamentos, Samantha!  Tudo aconteceu rápido, até eu fui pego de surpresa! Eu não ia imaginar que chegaríamos a esse ponto.!

— Mas chegamos, e agora você terá que acabar com essa sua fantasia de restaurante! Arrumar um emprego de verdade, para tirar sua família dessa poça que você mesmo nos colocou!

— Eu?! — meu pai perguntou afetado. Pressionei os olhos. Mas eles continuaram. — Como você pode ser tão cínica e ingrata?! Durante todos esses anos você e as meninas se vestiram e se alimentaram graças a minha fantasia de restaurante! Foi através do restaurante que Lisa passou anos enfiada em lojas de shopping! Graças ao restaurante Gabriela se formou na faculdade! E olha, é através do restaurante que estamos pagando até hoje a festa de quinze anos da Debi! A fantasia do restaurante paga o seu salão de beleza, Samantha!

— Isso, Cleiton! Joga na cara! Despeja tudo que você não se recusou a dar para nós por orgulho, graças a sua falta de humildade de falar que nossas despesas eram mais altas que os lucros! — minha gritou mais alto. — Era só falar!

— Vocês nunca aceitaram pouco! Você fez de nossas filhas umas patricinhas mimadas! — meu pai também aumentou ainda mais o tom de voz.

Era só você falar o que estava acontecendo! — minha mãe revidou.

Lisa até hoje não sabe ouvir um não como resposta...

— E você agindo como se tudo estivesse indo bem! — minha mãe o interrompeu.

Gabriela tinha que estudar na universidade mais cara, não poderia tentar uma pública, tinha que ser na mais cara, lógico! — meu pai também a interrompeu.

Por que você não disse nada?! Você sempre consentiu!

— E será que você seria compreensiva?! Você sempre quis viver como uma granfina...

— Você já sabia que eu era assim! Deveria ter pensado antes de casar!

— Não, eu não sabia que era uma ingrata, Samantha. — meu pai disse um pouco mais baixo. Sua voz parecia carregada de tristeza e arrependimento.

Minha mãe ficou em silêncio. Então eu ouvi a porta do quarto ao lado se abrir e bater logo em seguida. Eu não soube quem saiu do cômodo ou quem ficou. Eu só sabia que ambos haviam se machucado mais um dia. Nenhum dos dois se atreveu a continuar com a discursão.

Quando o sol se põe Onde histórias criam vida. Descubra agora