Vinte e Um

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A Lisa recuperou sua saúde. De uma hora para outra, já não existiam dores de cabeça, nem tão pouco houve outro desmaio. Os dias passaram e as coisas entraram no eixo novamente, exceto pelo contrato e a minha vida complicada.

Eu nunca mais ouvi falar da Camila, Jacob não gostava de mencionar sua vida pessoal, a nossa amizade realmente estava presa no passado. É claro que a minha curiosidade em conhecer a Lucinda era gigante, e eu também queria rever sua mãe, mas... Sabe quando você diz que vai fazer algo e não consegue e se sente fracassado? É assim que eu me sentia, porque eu havia prometido a Camila que seria como uma mãe para a Lucinda, mas Jacob nunca me deu uma chance de conhecê-la. E aquilo era estranho demais, porque eu me casaria com ele (ainda que não fosse de verdade) e eu não conhecia sua filha. Aquela situação era como um quebra cabeça com peças trocadas.

Jacob se comprometeu em participar de todos os detalhes da cerimônia e da festa de casamento, porém, na prática, ele apenas esteve de corpo presente. Enquanto eu e Suzana quebrávamos a cabeça com a prometer contratada, ele se distraía com alguma ligação da Belmonte ou com mensagens que trocava por WhatsApp com o Michael, que estava cuidando da vice presidência enquanto ele estava fora. A verdade é que ele só me deixou irritada porque não cumpriu o que disse, mas eu preferi ficar calada. A semana se passou e eu só soube relevar as coisas, só para me livrar de mais problemas.

Então, mais um sábado chegou. E mais uma vez eu estava na mansão Belmonte. Eu atravessei o haul de entrada, mas fui surpreendida por gargalhadas que vinham da sala de estar. Uma das risadas pareceram ser de uma criança. Rapidamente meu coração acelerou e eu não pude acreditar.

Sem hesitar, apressei os passos e me enchi de alegria quando vi que Suzana brincava com uma criança no tapete da sala.

"Lucinda! Oh, Meu Deus, só pode ser a Lucinda!", pensei.

Agradeci a Deus por Jacob ter inventado uma desculpa para não estar presente em mais um dia de preparativos para a festa de casamento, porque eu poderia ter mais liberdade em conversar com a pequena Luci, como a Camila gostava de dizer.

Minhas mãos suaram frio quando eu pensei na possibilidade de Jacob estar por perto. Instintivamente, passei as mãos pelo jeans da calça e arranhei a garganta.

— Olá! — saudei com um sorriso largo.

Suzana e a criança pararam rapidamente e viraram para mim.

— A Amanda te anunciou, mas eu acabei me distraindo. — Suzana disse com um sorriso amarelo.

Recusei com a cabeça.

— Sem problemas.

Caminhei até elas e me sentei em uma das poltronas.

— Quem é essa menina linda? — perguntei encantada.

"Lucinda!", confirmei em pensamento. Aquela criança tinha os fios da cabeça dourados, olhos grandes e azuis, bochechas redondas e levemente avermelhadas. Ela não era gorda, mas seus braços e pernas curtas não eram magricelas. Seus olhos eram como os do Jacob, e o formato do queixo também. Mas a boca era muito parecida com a da Camila. Lucinda era linda.

— Essa é a Luci. — Suzana disse com o cenho franzido. — Você ainda não a viu?

Parei abruptamente. Era estranho eu ser a noiva do Jacob e não conhecer Lucinda, eu sabia!

Neguei com a cabeça.

— Jacob realmente anda muito ocupado, que eu não tive nenhuma oportunidade. Ele disse que me apresentaria assim que pudesse, ele queria estar presente. — menti.

Suzana assentiu com a cabeça. Eu por minha vez, saí da poltrona e engatinhei até a criança.

— Você é linda, sabia? — perguntei a ela com um sorriso.

Quando o sol se põe Onde histórias criam vida. Descubra agora