Vinte e Cinco

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Debi narrando:

— Trinta minutos! — Glória, a líder da equipe de cerimonial, avisou. Àquela altura, eu estava sozinha. Minha mãe e meu pai já estavam no jardim saudando alguns convidados. Da janela eu também pude ver Gabriela sentada na última fileira, e Lisa estava afastada, discutindo com um convidado muito elegante. Seria ele o Sr. Mistério? Ele viria ao meu casamento? Expulsei qualquer pensamento que poderia me desconcentrar. Na verdade, minha cabeça estava presa a uma única pessoa — Jacob. Eu só queria saber se ele tinha certeza.

Quando avistei a Glória no jardim, percebi que todos já haviam descido. Aquela era a minha deixa. Desajeitada, segurei a barra do vestido e saí do quarto. Eu tinha que ser rápida porque eu precisava vê-lo o quanto antes. Um pouco atordoada, comecei a procurar pela porta do quarto dele e quando eu tive certeza que a encontrei, uma porta atrás de mim se abriu. Sem hesitar, me virei e me deparei com...

— Debi! — Steve me chamou com um sorriso. Seus dentes estavam impecavelmente brancos e o terno o deixava ainda mais bonito.

Por uma fração de segundos, eu encarei seus olhos castanhos e ele esquadrinhou o meu rosto.

— Está bonita. — ele disse de repente.

"Você também está", não pude deixar de pensar.

Ele desviou seu olhar, mas não recolheu o sorriso.

— Vou descer antes que a Dona Suzana venha me buscar à força. Se eu fosse você, correria logo para o seu quarto — ele disse em um tom brincalhão. — Depois te dou o presente que comprei.

Confirmei com a cabeça.

Steve se afastou e eu me virei em direção a porta do quarto de Jacob. Confesso que fiquei um pouco surpresa. Steve era bonito, de boa família, mas tinha um ótimo humor. Talvez seja por isso que Poliana e Suzana o veneravam.

— Steve, com certeza, é muito diferente de Jacob. — admiti baixinho.

— Sim, com certeza, eu sou! — ele gritou de longe.

Rapidamente senti minhas bochechas corarem.

— E tem ótimos ouvidos. — concluí, mas agora eu tive certeza que ele não ouvira.

Sacudi a cabeça. Eu não podia me desviar do meu foco. Encarei mais uma vez a porta a minha frente e logo desisti de dar dois toques na porta. Minhas mãos agarraram a maçaneta e, rapidamente a girou, a porta estava destrancada, para o meu alívio.

Quando a porta se abriu, Jacob direcionou seu par de olhos azuis para mim. Ele parecia surpreso, e segurava a gravata borboleta. Esquadrinhei o seu rosto e me senti agitada por dentro. Mais uma vez, meus instintos falavam mais alto.

— Você tem certeza? — perguntei. Mas aquela pergunta não era para a carcaça de um homem frio, e sim para o meu amigo, o meu Jacob.

Jacob pareceu congelar, de repente. Ele precisava ouvir aquela pergunta? Será que, finalmente, eu seguia o caminho certo?

Nós nos entreolharmos por mais de segundos. E o meu Jacob pareceu ter retornado. Era ele. Ele estava ali há tão poucos metros de distância.

Nós não piscamos. E eu senti que o tempo congelou, nada ao redor teve importância porque eu só precisava de uma resposta sincera. Eu fiquei parada ao lado do batente da porta, enquanto Jacob me encarava fixamente. Por um momento, só houve nós dois.

— Debi! — ouvi Suzana me gritar. Eu acabei saindo de transe. — Não! O que você está fazendo aí? O noivo não pode ver a noiva antes do casamento, dá azar! — ela disse enquanto se aproximava mais.

Quando o sol se põe Onde histórias criam vida. Descubra agora