Parte II
• Debi narrando:
Minha mãe estava preocupada, e eu ainda não sabia lidar com o vazio que se formava dentro do meu coração, como se houvesse algo de errado com a Lisa. A verdade é que eu não tive muita fé, porque eu nunca a vi tão vulnerável na vida.
Lisa e eu não nos dávamos muito bem desde criança, ela sempre pareceu mais imponente, teimosa e respondona. Ela fora viva, alegre e cheia de personalidade, o oposto de mim e Gabriela. Das três irmãs, Lisa era a que mais se destacava, talvez por ser mais bonita, talvez por ter planos tão bem traçados para o futuro ou talvez por gostar de moda e querer dividir seus pensamentos com seus leitores. Ela tinha uma personalidade forte, não ligava em ser egoísta e rude, desde que protegesse seus sentimentos. E eu a achava fútil na maior parte do tempo. Todavia, por eu ter certeza que era ela quem dava vida para os dias cinza da minha família, é que eu tive muito medo de que algo de ruim acontecesse com ela.
— Eu estou bem, eu garanto. — Lisa disse quando Jacob estacionou o carro em frente a fachada do hospital.
— Não, Lisa. Eu sou sua mãe e sei que você não está bem. Ninguém desmaia sem nenhum motivo! — minha mãe revidou.
Apesar de Lisa ter recuperado, eu também sabia que havia algo de errado. Então, eu soube que ela não estava "recuperada". Olhando pelo retrovisor central do carro, eu percebi o quanto ela ainda estava pálida e com os olhos fundos.
— Eu só tive uma dor de cabeça, mãe.
— Não. Você teve uma dor de cabeça que desencadeou um desmaio. Para mim, ainda mais se tratando de você, não é algo normal. — minha mãe revidou.
Respirei fundo. Jacob acabou fazendo o mesmo.
Minha mãe e Lisa saíram do carro e foram discutindo até entrarem no pronto atendimento do hospital. Pela janela do automóvel, e as observei. Instintivamente, eu sabia que a minha mãe estava certa.
— Talvez ela não tenha se alimentado muito bem. — Jacob disse, como se pudesse ler os meus pensamentos.
Neguei com a cabeça.
— A Gabriela disse que elas haviam acabado se tomar uma vitamina de açaí.
— Açaí não é comida de verdade, Debi.
— Mas é suficientemente bom para dar energia. Isso não justifica. — revidei.
— Então o que você sugere? Uma gravidez, um tumor cerebral, ou qualquer outra besteira que o Google diz?
Encarei os olhos frios de Jacob.
— Eu não sei. Ela sempre teve uma imunidade surreal, custa a pegar gripe. — respondi.
— Está subestimando a sua irmã agora? — ele me perguntou secamente. — Você mesma já desmaiou na escola. — ele pontuou.
"Ele se lembra disso", pensei.
Uma sensação esquisita dominou meus sentimentos. Aquele homem seco, frio e arrogante era o meu Jacob — a pessoa que fora meu amigo há poucos anos atrás.
— Naquele dia, eu desmaiei depois da aula de educação física. Eu tinha jogado futebol pela primeira vez, debaixo de um sol de rachar, num calor insuportável. Além disso, eu não havia comido nada no almoço. — respondi.
Tantas coisas eu já fiz para perder peso! Naquela época eu tinha doze anos e ainda não havia atingido o meu corpo ideal. Então eu achei que se eu me exercitasse bastante e parasse de comer, conseguiria emagrecer.
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Quando o sol se põe
RomanceJá faziam meses e Debi sentia falta de seu amigo, mas temia incomodá-lo com seus problemas decorrentes. Surpreendentemente, ele lhe manda uma mensagem para que os dois se encontrassem. O que Debi não sabia era que o "encontro" tinha um propósito def...