P R E L I M I N A R

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— Mamãe, você pode vir me buscar agora, por favor?

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— Mamãe, você pode vir me buscar agora, por favor?

Ouço apenas um suspiro do outo lado, depois o choro de mamãe que deixa o dia ainda mais cinza. Meus olhos sem enchem e meu coração dói com o barulho agoniante que vem dela. Não gosto quando chora ou quando está sofrendo, mas também não gosto de estar sofrendo e estou porque sinto a sua falta desesperadamente.

— Por favor — imploro mais uma vez, encolhendo-me um pouco mais atrás do velho carvalho sem tirar meus olhos da porta.

Fecho meus olhos para sentir a chuva, sentir o frio que faz minhas bochechas doeram e inalo o cheiro. Cheira a terra e árvores molhadas, flores e pinheiros. O asfalto também cheira a chuva. Quando chegamos, ele cheirava a um dia morno de verão de New Hampshire, mas agora não, agora posso ver que a chuva o refrescou e um pouco de fumaça sobe dele, mantendo as coisas amenas gélidas.

— Me desculpe, birdie — mamãe implora em um tom agoniado de dor e desespero, posso ouvir a voz do Sr. Smith também. — Você sabe que eu não posso... você sabe.

— Mamãe, eu tenho medo dele, por favor. Vem me buscar, mamãe.

Esgueiro meu rosto para fora do guarda-chuva a fim de sentir um pouco do calor molhado e receptivo das pequenas gotas de águas tão gentis da chuva, diferente das minhas lágrimas. Uma cai bem no meio da minha testa, escorrendo perfeitamente pela extensão do meu nariz e pairando sobre meus lábios. Passo a língua sobre elas. O gesto causa um tremor leve ao meu corpo, recordando-me que esse dia deixou de ser um bom dia de verão para se tornar um dia frio.

Dia frio e longe da mamãe.

— Eleonora. Docinho, o que está fazendo?

— Mamãe, ele está vindo!

— Eleonora, por favor, espere...

Encerro a ligação e me abaixo em frente ao carvalho, deixando o guarda-chuva cair e empurrando o celular para baixo de um punhado de terra molhada. Nunca mais vou conseguir usá-lo se ele quebrar. Nunca mais vou conseguir falar com a mamãe. Nunca mais. Nunca mais. Nunca...

— Eleonora, o que pensa que está fazendo?

Ele está aqui!

Seu olhar se enfurece sobre minhas meias brancas enterradas na terra, minhas mãos sujas e as lágrimas em meus olhos. De repente, meu rosto arde. Meu corpo tomba para o lado e mesmo que ele odeie choro, o susto me faz começar a chorar, encarando meu vestido rosa e cor-de-terra agora. Com o olhar enfurecido, ele puxa meu braço para longe do carvalho, para longe do meu cantinho especial, me arrastando pelo jardim molhado e escorregadio.

— Sr. Dawson, está tudo bem?

Srta. Robert aparece na porta do nosso jardim. Seu olhar percorre minha roupa suja e depois meu rosto, mas ela não me dá um olhar de desaprovação que faz sempre que me sujo. Seu olhar de desaprovação é para ele, como se dissesse que deveria parar, mas não o faz. Meu corpo é puxado e arrastado até que eu não tenha mais equilíbrio e caia no chão. Outra bufada de ar, alguns palavrões esbravejados e meu rosto é atingido de novo.

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