CAPÍTULO XLIV

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Carlos e Cristina continuam deitados no tapete, ainda tomados pelo prazer que transbordara entre os dois. Carlos estava ainda em êxtase. Sentia o cansaço normal que os homens sentem depois do sexo. Mas a verdade é que estava completamente atordoado com o que acabara de acontecer. Ele jamais poderia imaginar que aquele seria o desfecho da noite. Também não poderia imaginar que Cristina seria tão encantadora e determinada também no sexo. Estava ainda mais apaixonado por ela. Ela dera as cartas. Ela decidira o momento certo para eles. Ele apenas dançara conforme a música.

Cristina estava pensativa. Pensou em sua vida desde o divórcio até ali. Nunca, jamais ela imaginaria estar nos braços de um homem sentindo tudo o que ela sentia naquele momento. Sentia-se segura e desejada por aquele homem. Ela tinha desistido de se envolver emocionalmente com alguém por nunca ter se sentido plena ao lado de ninguém. Estava cansada de sofrer frustrações. Talvez as coisas estavam caminhando bem também pelo fato de não haver expectativas. A sua história ao lado de Carlos estava sendo escrita um dia depois do outro. Ela estava mais madura, ele também. Talvez dessa vez ela estivesse finalmente ao lado de alguém que realmente merecesse sua companhia e seu afeto. Estar nos braços de Carlos, fazer amor com ele trouxe a ela uma sensação de carinho e bem-querer que jamais sentira nos braços de outro homem.

Carlos estende a mão e chama Cristina para perto de si.

- Não fica assim tão longe de mim, Cristina. Vem cá, fica aqui comigo. - diz Carlos.

Cristina se aproxima e deita sobre o peito de Carlos, pousando uma de suas pernas entre as pernas dele. Eles ficam um tempo abraçados, sem dizer nada, sentindo o aconchego e o calor dos seus corpos. Ela acaricia o peito de Carlos. Ele acaricia os cabelos de Cristina.

Carlos é o primeiro a falar.

- Me desculpa ter bagunçado a sua vida, as suas certezas... Eu te agradeço por ter decidido abrir mão de tudo o que você acreditava pra me dar uma chance.

- Está tudo certo, Carlos. As coisas são exatamente como devem ser. Eu sinto que algo maior guiou-nos um ao outro.

- Eu sinto o mesmo...

Cristina beija os lábios de Carlos. Ele retribui.

- Nossa... Cristina... - Carlos começa a falar, mas não continua.

- O que foi? - pergunta ela.

- Você, assim sem lingerie alguma por baixo do vestido... Me deixou louco... Me diz uma coisa, você saiu assim de casa?

- Sim. - respondeu ela.

- Meu Deus do Céu! Como eu não percebi isso?

- Porque você foi um bom rapaz durante o nosso jantar. Foi cavalheiro e respeitoso.

- Vem, cá... Você já estava de planos de... da gente... Meu Deus do Céu, Cristina! Você é uma mulher surpreendente!

- Como eu te disse, ainda tinha bastante receio. Mas resolvi correr o risco... Por você...

- Então, saiu de casa nesse vestido arrasador, sem nada por baixo e me convidou pra subir... E eu aqui caí na sua teia... Eu estou extasiado... Mesmo...

Ele beija Cristina com desejo. Ela retribui.

- Depois de alguns meses sem sexo... Esse foi um excelente recomeço... - diz ele.

- Pra mim também... Você estava certo... Como de costume... Nos dois somos bastante compatíveis em muitas coisas...

- Deixa ver se eu entendi... Você está me dizendo que eu não te decepcionei... É isso?

- É isso...

- Ufa... Que bom que, mesmo com esse período de abstinência, não deu tempo de a gente desaprender... - brincou Carlos.

- Parece que não... - diz Cristina, achando graça.

Carlos olha para Cristina e sorri. Beija-lhe a testa.

- Gosto de decifrar suas frases... - diz Carlos.

- Não sei ser tão direta quanto você... - retruca Cristina.

- É parte do seu charme me deixar intrigado. Estou aprendendo a te entender...

Ele sorri para Cristina. Logo em seguida, fica sério e pensativo.

- O que foi? Você ficou sério de repente... - quis saber Cristina.

- Tenho uma proposta pra te fazer.

- Que proposta? - pergunta ela.

- A gente fala demais a respeito de nossos relacionamentos anteriores. E também questionamos um ao outro todo o tempo a respeito de como as coisas costumavam ser. Já dissemos tudo queríamos, perguntamos tudo o que queríamos durante nossa conversa mais cedo. Que tal deixarmos Eduardo e Vivian no passado? Que tal não mencionarmos mais nenhum dos dois? Vamos escrever nossa história daqui pra frente. O que você acha? - propôs ele.

- Acho que você está coberto de razão. - concordou Cristina.

- Então estamos combinados. - disse Carlos.

- Estamos combinados. - confirmou Cristina.

Carlos, de repente, olha o relógio e toma um susto.

- O que foi? - Cristina perguntou.

- Não fique brava comigo, eu adoraria ficar com você até amanhecer... Ou talvez, quem sabe, repetirmos a dose... mas prometi a Maria buscá-la na casa de minha mãe. Eu não estava esperando que a gente... que a gente...

- Não tem problema, Carlos. Vá buscar a Maria. Todo o tempo que você tiver que dispensar a ela, faça. Eu não fico chateada. De verdade.

- Agradeço por sua compreensão, Cristina. É que eu prometi a ela...

- Vá buscar a sua filha.

- Obrigado por entender. Nem todo mundo entenderia... - agradece Carlos novamente. - Você se importa se eu usar o seu banheiro?

- Claro que não. No corredor, primeira porta à esquerda.

Enquanto Carlos estava no banheiro, Cristina aproveitou para se recompor. Foi a outro banheiro e se arrumou. Fazia tempo que não olhava no espelho preocupada em parecer bonita. Quando voltou para a sala, Carlos também já estava de volta.

Ele a puxa pela cintura para perto de si e lhe diz ao ouvido.

- Vou repetir: você está linda nesse vestido. Obrigado por hoje.

- Me faz um favor? Me avise quando chegar em casa. - pede Cristina.

Carlos ameaçou sair algumas vezes, mas voltava para mais um beijo. Até que o elevador chegou e ele se foi. Cristina fechou a porta, caminhou até o sofá e deitou-se. Seu pensamento estava acelerado. Fechou os olhos e lembrou-se de cenas dos momentos com Carlos. Não se lembrava de ter suspirado dessa forma por ninguém.

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