CAPÍTULO XVIII

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O dia amanheceu e Carlos não tinha dormido direito. Tinha sido uma noite inquieta, mal dormida. Sonhava ora com pedaços de momentos ruins vividos com Vivian - que estavam mais para pesadelo - ora acordava, pensava em Cristina e em tudo que tinha acontecido entre os dois até ali. Queria muito falar com ela novamente, mas ela não estaria por lá. Ainda teria que engolir Eduardo à tarde. Desde que soube que ele e Cristina foram casados, o cara não lhe descia pela garganta.

Augusto estava no banheiro. Carlos ligou a TV para ver se conseguia se distrair e deixar de pensar em tudo aquilo.

- E então, meu amigo, sentindo-se melhor? Ontem você parecia bastante inquieto. Tem certeza de que não quer colocar pra fora? - disse Augusto saindo do banheiro.

- Querer eu até quero, cara, mas não sei nem como começar.

- Também eu tenho que desabafar. Mas vamos deixar para quando você tiver alta.

- Alguma coisa sobre o restaurante?

- Bem, não exatamente. Em breve você volta pra casa, terei meu parceiro de solucionar problemas de volta.

- Não vejo a hora de voltar a solucionar os tais problemas! - brinca Carlos.

- Carlos, não me leve a mal, mas tenho que te perguntar, já que você nunca nos falou a respeito. Na noite do acidente você esteve com a Vivian?

- Sim, tivemos uma briga feia. Eu tinha bebido bastante. Estava espumando de raiva quando entrei no carro. Álcool e direção são uma combinação explosiva.

- De qualquer forma, é visível que depois do acidente, aos poucos, você foi se recuperando emocionalmente.

- Não sou mais o mesmo. Me sinto mais sereno e mais centrado. Sou grato a Deus por ainda estar vivo. Eu vejo o mundo hoje com outros olhos. Entendi que cada dia de vida para qualquer um de nós é um milagre.

- Mas essa noite, pude perceber que foi difícil pra você, meu amigo. Esteve bastante agitado. Posso saber o que está lhe tirando a paz?

Alguém bate à porta.

- Posso entrar? - diz uma voz de mulher.

Aquela voz… Era Vivian. Falando no diabo… Augusto se apressa em chegar até a porta.

- O que você quer aqui? - pergunta ele rispidamente.

- Já te disse lá no restaurante. Quero ver Carlos, saber como ele está.

- Pode deixar, Augusto. Deixa ela entrar.

- Você tem certeza?

- Tenho. Deixa ela entrar.

- Olha, Carlos, eu vou esperar aqui fora. Não tenho estômago para certas pessoas.

- Eu agradeço, Augusto.

Vivian olha para Carlos por um instante, aproxima-se dele.

- Vim saber como você está. Ninguém queria me dar notícias a seu respeito.

- Como pode ver, estou muito bem. Obrigado.

- Fiquei sabendo que você quase morreu.

- Mas como você mesma pode comprovar, estou bem vivo.

- Sabe, eu vim me desculpar. Tudo o que eu te falei no restaurante… Eu perdi a cabeça… E por minha culpa você se acidentou…

- De forma nenhuma. Não teve nada a ver com você. A culpa foi minha. Enchi a cara. Saí dirigindo. Bati o carro. Acontece. Em breve vou ter alta. Bola pra frente.

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