CAPÍTULO LV

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No dia seguinte, Cristina chega ao hospital bastante preocupada. Não sabia como iria ser estar frente a frente com Eduardo, depois de tudo que acontecera. Mas logo encontrou Débora, que veio com notícias. Eduardo não tinha aparecido. E isso não era comum da parte dele. Ele sempre foi um profissional bastante pontual e assíduo.

- E é isso. - diz Débora - Hoje de manhã Eduardo pediu alguns dias de descanso, alegando estafa. Não sei bem o que se passa com ele, mas não apareceu por aqui. Apenas telefonou. A secretária desmarcou as consultas que estavam marcadas.

Cristina pensou em omitir da amiga o que se passara na noite anterior, mas resolveu abrir o jogo com Débora.

- Eduardo sabe de mim e Carlos. Estava no meu apartamento quando voltamos de viagem.

- O quê??? - diz Débora, assustada.

- Ele ainda tinha a chave. Eu nem sabia disso. Estava lá dentro quando chegamos.

- Meu Deus, Cristina! Isso é muito grave! Você precisa fazer um boletim de ocorrência na polícia! Onde o Eduardo estava com a cabeça!

- Já troquei a fechadura.

- Você sabe que não é só isso. E o Carlos, o que pensa de tudo isso?

- Quer que eu vá morar com ele.

- Então vai, ué...

- Não é tão simples assim.

- Ao contrário, amiga, não é tão complicado assim... Ainda mais agora que vocês já chegaram aos finalmente... Não tem mais suspense.

- Sim, mas um relacionamento vai além disso. Tem muito mais coisa envolvida. Tem que ver se nossos estilos de vida vão realmente ser compatíveis.

- É a melhor forma de verificar essa compatibilidade, não acha?

- Não quero colocar o carro na frente dos bois, Débora.

- Olha, amiga, me desculpa a sinceridade, mas você gosta de complicar demais as coisas.

- Não quero me precipitar, é só isso. - responde Cristina - Além do mais, quero me certificar de que não vou quebrar a cara mais uma vez.

- Tudo bem, você tem razão. Mas, olha, toma cuidado com o Eduardo. Ele não está bem. E essa atitude dele de invadir sua casa é bastante preocupante, alerta Débora.

***

- Foi um fim de semana excelente. - diz Carlos para Augusto.

- Não duvido. Você e a doutora parecem estar se dando muito bem.

- Infelizmente o desfecho foi ter que dar de cara Eduardo - diz Carlos.

- O quê? Com o ex-marido dela, Como assim? - pergunta Augusto abismado.

- Fui deixar Cristina em casa e ele estava lá dentro do apartamento dela - resume Carlos.

- Mas que maluquice é essa? Como ele entrou?

- Ainda tinha a chave do apartamento. Cristina nunca trocou a fechadura depois que se separaram. Minha vontade era quebrar a cara dele. Mas em respeito a Cristina e também por ele ter contribuído com minha recuperação, não o fiz. Mas se esse cara aprontar outra dessa, eu não respondo por mim.

- Isso é muito sério, Carlos! A Cristina não pode continuar morando lá.

- Eu sei. Convidei-a para morar comigo. Mas ela não aceitou.

- Olha, eu sei que você está com a melhor das intenções. Mas considerando o fato de que ela é bastante reservada, já era de se esperar que ela não aceitasse, não acha?

- Eu sei. Mas estou bastante preocupado. Vou conversar com Cristina e ver o que pode ser feito para aumentar a segurança dela. Mas o cara trabalha junto com ela. É complicado.

- Bom... Pelo menos, ainda que sem querer, agora você esfregou na cara dele que vocês estão juntos.

- Bom, isso é bem verdade... Acabou o segredo...

- Ainda mais que você e a doutora, estão se entendendo "em certos assuntos".

- Olha, estamos nos entendendo bem, é verdade. Mas sexo não é a primeira coisa que se passa na cabeça de Cristina, ela própria já havia me avisado.

- E, até onde eu sei, você é o oposto disso.

- Bem, é verdade que já dei muita importância para sexo. Talvez porque as mulheres que passaram pela minha história também fossem bastante ligadas a isso. Ou talvez porque meu primeiro contato com elas tenha sido apenas por sexo.

- Mas com a Helena não foi bem assim... Foi?

- De certa forma, sim, no começo era somente sexo. Mas nosso relacionamento acabou seguindo para outra direção quando ela engravidou. Enfim, tivemos a Maria, formamos uma família. Mas, para ser sincero, somente Cristina me despertou esse desejo de imediato. Se eu pudesse, casava com ela amanhã!

- É... Te vendo aí falando de casamento... Dá pra perceber que com a doutora a história é bem outra...

- Sim... Nossa história é bastante diferente dos relacionamentos que tive. Cristina não é a pessoa gélida que ela própria achava que fosse. Talvez as experiências que ela teve anteriormente não foram tão satisfatórias para ela. Para ser sincero, não temos dificuldades entre quatro paredes... Bastam algumas preliminares bem feitas e ela já fica bem disposta. Não tenho do que reclamar, estou satisfeito.

- Mas é claro que com você não tinha como ela achar ruim, não é, meu caro. Você sabe conseguir o que quer de uma mulher. Conheço bem suas histórias.

- Tenho muito mais experiência que ela nesse assunto, é verdade. Mas sexo com alguém quando se está perdidamente apaixonado é outro departamento. E isso é novo também pra mim. Tudo fica mais... Suave...

- É... Acho que a doutora é que está te ensinando as coisas.

- Definitivamente. Me sinto mais maduro e mais centrado. E devo isso a ela. Tenho muito mais autocontrole. E isso inclui não quebrar a cara do Eduardo.

"Quero ver só esse autocontrole quando ele descobrir sobre mim e Isabel..." Pensou Augusto.

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