CAPÍTULO XXIX

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Augusto estava sozinho no escritório dos sócios no restaurante. Estava entretido com as coisas que tinha que resolver naquele dia. Carlos tinha saído com Maria. As finanças, graças a Deus, estavam bem. Andou bastante atarefado durante o período em que Carlos esteve no hospital, mas as coisas estavam agora se normalizando.

Sem que ele perceba, a porta se abre, Isabel entra de repente. Ela se certifica de que não há ninguém por perto. Caminha até Augusto, que parece não notar sua presença. Ela aproxima-se dele e beija-lhe o rosto.

- Isabel, que susto! Não vi você entrar! - diz Augusto.

- Aproveitei que você está só e vim te ver.

Ela afasta-se dele, abre a porta e verifica se não há ninguém. Ela estende a mão. Augusto levanta-se, vai até ela e a envolve em seus braços.

- Augusto, tranca a porta, é melhor. Vai que alguém entra.

Ele tranca. Os dois voltam a se abraçar. Augusto até tenta, mas não consegue deixar de beijar Isabel. Isabel traz o corpo de Augusto para mais perto de si. Beijam-se novamente. Eles não conseguem parar.

Desde que Carlos saíra do hospital, eles não haviam mais estado tão juntos quanto antes. Tinham receio de que ele descobrisse. Não deviam nada a ninguém, contudo, temiam que a reação de Carlos não fosse das melhores. Conheciam bem o temperamento forte dele e como ele tinha ciúmes da irmã.

Augusto desvia o rosto e afasta Isabel de si.

- Meu Deus, Isabel, estamos agindo como se estivéssemos fazendo algo errado, sei lá.

- Eu sei, depois que Carlos saiu do hospital, andamos nos escondendo como se fôssemos comprometidos com outras pessoas ou coisa assim... - reflete Isabel.

- Exatamente, isso é loucura! Precisamos falar com Carlos. Detesto andar por aí me sentindo culpado não sei nem do quê. - responde Augusto

- Você tem razão. Mas só de pensar na reação dele...

- Não estamos fazendo nada de errado. Somos adultos, livres e desimpedidos. -  Enfatizou Augusto.

- Mas, me diga, sinceramente, você faz ideia de como e quando contar a ele e também a minha mãe? -  questionou Isabel

- Não sei ainda, mas temos que fazer isso. - insiste Augusto.

- Olha... A gente explica pra ele que quando ele estava no hospital involuntariamente ficamos mais próximos e acabamos por nos apaixonar... É normal isso acontecer entre um homem e uma mulher...

- Meus Deus, Isabel, ele vai ficar furioso quando souber que eu e você...

- A gente tá junto, ué... Não é assim que se diz por aí?

- Sei lá o que se diz por aí...  - retruca Augusto - Vem cá, me diga, vamos dizer a ele exatamente o quê? Que somos namorados? É isso? Estamos juntos, mas juntos em que nível?

Augusto e Isabel não haviam parado para refletir sobre seus sentimentos. Deixaram-se levar pelas circunstâncias e pela atração que sentiam um pelo outro. Não sabiam exatamente se eram um casal.

- Bem, não sei... sim... Acho que está meio óbvio, não? - perguntou Isabel.

- Não sei... Nunca falamos abertamente sobre isso um com o outro...

- Ué... Somos... namorados... Não somos?

- Sim... Somos... Acho que sim... - respondeu Augusto.

- Eu sei que parece até antiquado usarmos essa expressão "namorados"... Mas é isso...

- Bom, considerando o fato de que eu e você... nós já... já...

- Já dormimos juntos, é isso que você quer dizer. - disse Isabel.

- Meus Deus, Isabel, o Carlos vai me matar quando souber!

- Eu sou uma mulher adulta, Augusto, eu durmo com quem quiser.

- Olha, não é pra mim que você tem que dizer isso.

- E quem vai dizer detalhes íntimos nossos pra ele? Você?

- Sinceramente, ele não vai achar que nós namoramos os dois sentados no banco da praça. Não mesmo.

- Não é da conta dele e pronto. Ninguém anda perguntando pra ele com quem ele anda dormindo por aí. Aliás, ele anda é muito do estranho também. Já tá sumido por aí. Se eu bem conheço meu irmão, já deve ter arranjado outro rabo de saia. Você por acaso sabe quem é, Augusto? Não é aquela bandida da Vivian de novo, é???

- Ai, meus Deus do Céu! Não me pergunta nada, Isabel! Me ajuda, por favor! Eu vou ficar maluco!

- Você sabe quem é, né... Você sempre sabe...

- Isabel, por favor...

- Augusto...

- Olha, não sei... Talvez a gente deva acabar com tudo, sabe, olha... Tanta gente no mundo e nós resolvemos ficar juntos só pra dar confusão!

- Augusto, olha pra mim...

Isabel vai até Augusto, põe as mãos em seu rosto. Augusto abaixa a cabeça.

- Olha pra mim, Augusto...

Ele então olha nos olhos de Isabel.

- Tem muita gente no mundo, eu sei. Mas você é um ser humano como poucos. Seu caráter, seu coração generoso, sempre mais preocupado com os outros do que com você mesmo... Como não me apaixonar por você, Augusto... Você quer mesmo que eu encontre outro homem?

- Não, Isabel, não... Eu...

- Eu amo tudo a seu respeito... O jeito que você cuida da sua mãe e de todos em sua volta... Se não fosse sua amizade, meu irmão ia fazer três vezes mais burradas na vida! Pensa em você um pouco. Pensa em nós dois. Nós merecemos ser felizes!

- Tem razão, Isabel... Tem razão...

- Me abraça, Augusto...

Isabel traz os braços de Augusto para si. Ele a envolve.

- O lugar mais seguro do mundo pra mim é quando estou em seus braços...

- Isabel... Me desculpa... É claro que eu não quero que você encontre outro homem... Me desculpa... Seu lugar é aqui, junto de mim...

Os dois se unem em um beijo.

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