CAPÍTULO XXXIII

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Era quarta-feira, três horas da tarde. Carlos aguardava Cristina em frente ao Café Itália, como combinaram. Ele falava ao telefone enquanto aguardava Cristina.

Ao desligar o celular, de longe, avistou Eduardo sentado dentro do Café. "Droga!" Pensou ele! "Que ideia a minha, também! Se o café fica nas redondezas do hospital, obviamente deve ser frequentado por gente que trabalha lá!" Carlos recua e vai para longe da entrada do café. Ele caminha para o estacionamento. Sente alguém tocar o seu ombro e toma um susto.

- Carlos, você está bem?

- Oi, Cristina! Claro! Tudo bem.

- Você tomou um baita susto! Desculpa! Tive a impressão de que você está se escondendo de alguém... - disse Cristina.

- Bem, não... Quer dizer, sim...

- Sim? De quem?

- Do seu ex marido.

- Quê??? - surpreendeu-se Cristina.

- Ele está lá dentro do Café.

- Sério?

- Não acho uma boa ideia que ele nos veja juntos. Você acha?

- Não, claro que não. - respondeu ela.

- Cristina, vem!

Carlos puxa Cristina para detrás de um carro utilitário, onde poderiam evitar de serem vistos.

Eduardo sai do café e segue a pé em direção ao hospital.

- Nossa! Que situação! Parece até que estamos fazendo algo de errado! - disse Cristina ao ver Eduardo se afastando.

- Sei que já disse isso pra você, mas vou repetir. Não me parece nada saudável você trabalhar no mesmo lugar que seu ex. - disse Carlos.

- Nunca achei que fosse um problema... Até... - ela lembrou da conversa entre ela e Eduardo há alguns dias.

- Até...?

- Até... essa situação que acabamos de passar... - mentiu Cristina.

Ela não tinha falado com ninguém a respeito daquela conversa com Eduardo, nem mesmo com Débora. E ali, conversando com Carlos no estacionamento, não era certamente um momento oportuno.

- O que você acha? Devemos entrar? Ou você acha que alguém do hospital pode aparecer?

- Talvez seja melhor irmos a outro lugar. - sugeriu Cristina.

- Tem razão. - concordou Carlos.

***

Carlos e Cristina foram a um outro café mais distante. Sentaram-se e fizeram seus pedidos.

- Desculpe-me pela situação que passamos mais cedo. - disse Cristina.

- Desculpa? Por quê? - indagou Carlos.

- Eu deveria ter imaginado que alguém do hospital poderia aparecer. - respondeu ela.

- Olha, sinceramente, por mim poderia aparecer qualquer pessoa. Você e eu somos duas pessoas livres. Mas entendo que você deseja manter esse nosso encontro e tudo que já aconteceu entre nós ainda em segredo. Estou errado?

- Não... Não está... Novamente, me desculpa...

- Não tem do que se desculpar, Cristina.

- Talvez você mereça se envolver com alguém menos complicado que eu... - reflete ela.

- Todo mundo é meio complicado, não é privilégio só seu. - respondeu Carlos.

- Tem razão... Como sempre... - disse Cristina, dando um sorriso meio sem graça.

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