CAPÍTULO LVII

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Carlos e Cristina chegam ao apartamento de Carlos. Os dois se beijam voluptuosamente. Não conseguem segurar o desejo. Ele, sem querer, chuta um brinquedo de Maria, fazendo bastante barulho.

- Droga! Detesto incomodar os vizinhos! Principalmente depois das dez da noite! - diz ele.

- Não se preocupe, um barulhinho só não tem problema. Foi só um brinquedo no meio do caminho... Tenho certeza que os vizinhos de baixo não vão reclamar... - responde Cristina.

- Tem razão... - às vezes sou meio chato com isso...

- Tenho que te dizer... Você é um chato bastante charmoso... - diz Cristina ao ouvido de Carlos.

- E eu tenho uma namorada muito sexy... Sabia? - reponde ele, colocando uma música romântica pra tocar - Você está linda... Você é linda...

Os dois se beijam com volúpia. Cristina está mais leve, mais solta, mais sorridente. Ele acaricia Cristina pela fenda do vestido. Ela desabotoa a camisa de Carlos e percorre as mãos sobre seu peitoral.

- Música romântica antiga, de tiozão. Gosta? - pergunta ele.

- Muito. - responde Cristina.

Carlos a puxa para o tapete e começam a dançar. Seus corpos se unem, Carlos passeia as mãos pelo corpo de Cristina. Ela busca os lábios de Carlos e o beija novamente. Eles dançam ao som de músicas antigas.

- Acho que não danço com ninguém desde a minha adolescência... - reflete Cristina.

- Eu também... Costumávamos dançar músicas românticas nas festinhas de vizinhança - lembra Carlos.

- Era um outro mundo... - diz Cristina.

- Tem razão... Tempos bons aqueles... Fico feliz de ter vivido aquela época... - concorda Carlos.

Cristina envolve os braços ao redor do pescoço de Carlos, acaricia-lhe os cabelos e se deixa ser guiada pelos movimentos de Carlos. Ele lhe afaga os seios por cima do vestido. Enquanto dançam, ela sente uma leve tontura.

- Acho que abusei do vinho... - diz ela.

- De vez em quando não faz mal... - responde ele - Não se preocupe... Eu te dou uma carona.

Ele a ergue nos braços e a leva até o quarto. Eles trocam um longo beijo. Ela tira a camisa de Carlos que estava desabotoada e o acaricia. Ele puxa Cristina mais pra perto.

- Hoje você dá as ordens - sussurra Carlos ao ouvido de Cristina - Você manda, eu obedeço.

- Olha lá, hein... - brinca Cristina.

- Comanda os meus movimentos. Guia minhas mãos. Me pede o que você quiser.

- Fala comigo em sua língua natal essa noite, enquanto nos amamos. - pede Cristina.

Carlos ficou realmente surpreso com aquele pedido inusitado de Cristina. Sentiu-se incendiar por dentro. Aquele interesse e respeito que ela tinha por sua cultura e suas raízes o tocavam profundamente.

- Su deseo es um order para mi. - responde ele - Yo te quieto tanto, Cristina... Tanto...

Ele retira a lingerie da namorada. Ela abre a calça de Carlos e o despe, acaricia-lhe as partes íntimas. Ele geme, encosta-se na cabeceira da cama e Cristina se encaixa sobre ele.

- Ama-me, Carlos! - diz ela na língua natal de Carlos.

Cristina, ao ouvir a voz forte e masculina de Carlos falando em seu ouvido em espanhol, sentiu uma excitação que jamais experimentara na vida. Estava totalmente entregue àquele homem de braços fortes, de movimentos vigorosos. Lembrou-se de quando esteve olhando Carlos na UTI, quando se perguntara se ele teria sotaque espanhol. E ali estava ela fazendo amor com aquele homem que um dia lhe despertara a curiosidade. Tinha-o em seus braços, falando-lhe ao ouvido, desejando-o como jamais desejara nenhum homem na vida.

Carlos, por sua vez, também lembrou-se de quando abriu os olhos depois do acidente e viu Cristina pela primeira vez. Jamais imaginaria que um dia a teria em sua cama, que estaria compartilhando aquele momento íntimo com a doutora que lhe salvara a vida. Ambos ali, despidos, repletos de paixão e desejo. Desejava-a com um furor que não se recordara ter sentido antes na vida. Com Carlos, Cristina finalmente estava experimentando o gosto do desejo sexual plenamente realizado e correspondido.

Ele, por sua vez, sentia o gosto do sexo com sentimento, com amor. Cristina o guiava e ele correspondia a suas ordens. Ela comandava o ritmo e a intensidade dos movimentos. Carlos sentia tanto ardor que tinha que dosar a força de seu intercurso para não machucar Cristina.

Ao passo que Carlos falava em espanhol com Cristina, ela também falava com ele no mesmo idioma, o que inflamava ainda mais o desejo entre eles. Fizeram mais barulho que o normal, tamanha a volúpia que sentiam. Fizeram muito barulho. Era incontrolável. "Danem-se os vizinhos", pensou Carlos. Fazer amor com Cristina é uma das melhores coisas do mundo!

Amaram-se algumas vezes, entraram noite adentro. Ao final, estavam exaustos. Aninharam-se nos braços um do outro, ainda despidos, sentindo o calor daquele abraço. Passaram algum tempo em silêncio, seus corpos entrelaçados, recobrando o fôlego.

- Dessa vez não deu pra não incomodar a vizinhança - brincou Cristina.

- Foram gemidos genuínos, de um casal cheio de amor e desejo. Tenho certeza vizinhança vai nos desculpar. - respondeu ele - Valeu à pena cada segundo.

- Não é comum para mim fazer tanto barulho assim... Estou meio sem graça... - diz ela.

- Não fique sem graça. Ainda assim, você é uma pessoa discreta. É seu charme. O que quer dizer que tudo o que se passou entre nós foi genuíno. Se houve barulho, é porque nos desejamos verdadeiramente.

Eles trocam um longo beijo.

- E esse seu pedido... Falar na minha língua natal...

- O que tem o meu pedido?

- Nunca me pediram isso...

- Por mim, você poderia falar espanhol o tempo todo... Já te disse, seu sotaque é extremamente sexy...

- Cristina... Você me surpreende... Tive que segurar meu ímpeto... Desculpe, se por acaso te machuquei...

- Não... Não me machucou... Na verdade, nunca senti o que senti hoje...

- Mesmo?

- Mesmo.

- Cristina...

- O que foi?

- Me desculpa... Não sei se estou sendo precipitado...  Mas não tem porque continuar guardando isso pra mim... Eu preciso te dizer uma coisa...

- O que?

- O que eu sinto por você... É amor... Como eu nunca senti na vida... Yo te amo, Cristina... Locamente...

- Yo también, Carlos... Estoy perdidamente enamorada de ti... Yo te amo...

Eles se aninham nos braços um do outro e adormecem.

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