CAPÍTULO LXVII

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Carlos está no escritório, em seu restaurante Sancho. Ele e Augusto continuam sem falar um com o outro. Eles tem ido ao restaurante em horários distintos. Quando precisam falar alguma coisa um com o outro, deixam recado com os funcionários do restaurante. Cristina e ele continuam afastados, mas de vez em quando trocam mensagens. Ele tem cuidado de Maria praticamente sozinho. Toda essa crise servira ao menos para aproximá-lo da filha.

O telefone toca. É Vivian. Carlos atende.

- Oi, Vivian, como vai?

- Não muito bem... - responde a moça.

- Posso te ajudar de alguma forma?

- Minha pressão subiu e precisei vir ao médico, estou sem carro, não gostaria de pegar transporte público pois ainda não estou cem por cento. Será que você poderia pedir uma corrida pra mim pelo aplicativo?

Ele sabia que ela estava perto de dar à luz. É um período exaustivo para as gestantes. A pressão elevada é um grande risco para mãe e bebê. Resolveu então ajudá-la.

- Olha, eu posso te buscar aí no médico e te levo pra casa.

- Se você puder fazer isso, eu agradeceria, Carlos. Eu acho que não estou me sentindo em condições de andar por aí sozinha.

- Me fala o endereço. Daqui a pouco chego aí.

***

Eduardo está concentrado, examinando alguns exames. Abre uma das gavetas e encontra o chocolate que Débora havia lhe dado, lembra-se da ocasião em que o recebera, em sinal de paz. Ele ri sozinho. Resolveu apreciar o doce, era raro ver Eduardo comendo esse tipo de coisa.

Ele recebe uma mensagem de Cristina. Ela está a caminho da praça de alimentação do shopping center aonde haviam combinado de se encontrar para terem uma conversa.

Ela prometera conversar com ele. Ela tinha todas as razões para não querer olhar na cara de Eduardo, mas resolveu ter com ele a conversa que ele sempre insistiu. Talvez, se ela tivesse exposto seu ponto de vista para ele antes, toda aquela confusão do apartamento não tivesse acontecido, pensou ela. Então combinou com Eduardo o encontro.

Ele responde que em breve irá encontrá-la. Estava disposto a refazer sua imagem diante da ex-mulher. Mas não tinha esperanças de voltar com ela. Sabia que não havia mais volta. Ainda assim, não queria que ela o visse como um monstro. Ele não sabia dizer exatamente quando perdeu o controle de si próprio. Mas estava determinado a retomar as rédeas da própria vida e das próprias emoções. Era uma questão de honra.

Uma enfermeira bate à porta.

- Doutor Eduardo, com licença. Já avisei a doutora Débora que o senhor a estava procurando. Ela disse que já vem.

- Ok. Obrigado - agradece ele.

- Oi, já estou aqui - diz Débora entrando porta adentro - Precisa de alguma coisa?

- Sim, Débora, você é uma pessoa bastante detalhista, me dá sua opinião a respeito desses exames. Não me parecem muito claros.

- Tem razão - responde ela - não dá pra ter ideia de qual possa ser o problema. Talvez o melhor a fazer seja solicitar um outro exame mais aprofundado. Uma ressonância magnética talvez...

- É... Realmente... Vou solicitar uma ressonância - decide ele - Obrigado pela ajuda. Queria ouvir uma outra opinião. Você é muito boa em analisar exames de imagem. Desculpa tirar você dos seus afazeres.

- Imagina. Precisando, é só chamar. Qualquer coisa, Cristina também é muito boa nisso, pode te ajudar.

- Sei disso. Mas ela não está por aqui no momento. Além disso, tenho evitado encontrar com ela - diz Eduardo.

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