CAPÍTULO XIX

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Cedo da manhã e Cristina já estava no hospital. Dia cheio, bastante corrido, ainda não tinha tido tempo de dar um respiro.

- Doutora Cristina, tem um recado do doutor Eduardo. Ele pediu para a senhora passar na sala dele quando tiver um tempo - avisou uma enfermeira ao cruzar com Cristina.

- Ok. Obrigada. Assim que puder, passo lá.

Débora ouviu a conversa e se aproximou:

- Também preciso falar com você, Cristina. Depois que falar com o Eduardo, me procura.

- Tudo bem. Vou ver o que quer o Eduardo e depois falo com você. Hoje tá bem corrido.

- Que tal no almoço?

- Boa ideia. Nos encontramos por volta de meio-dia.

- Combinado - confirmou Débora.

Eduardo estava concentrado em suas anotações quando Cristina bateu à porta.

- Você queria falar comigo?

- Sim. É sobre Carlos. Preciso da sua avaliação para assinar a alta dele.

- Assim que a correria de hoje der uma trégua, faço isso.

- E você, como está, tudo bem?

Cristina estranhou a pergunta. Respondeu com um certo ar de estranheza.

- Estou bem. Obrigada. Por que a pergunta, posso saber?

- Você pediu uns dias de folga, me disseram que não estava bem. Só queria saber se está melhor.

- Foi só o estresse do dia-a-dia. Todos nós passamos por isso. Mas estou bem.

- Se precisar de alguma coisa, você sabe que pode contar comigo, não sabe? Apesar de não estarmos mais casados, ainda me importo com você.

- Não precisa se preocupar comigo, Eduardo. Sou uma moça bem grandinha. Sei me cuidar.

- Você está bastante mudada.

- Mudada, eu?! Não sei… Por que você diz isso?

- Está mais séria, mais fechada.

- Impressão sua, Eduardo.

- Mas continua uma mulher incrível.

- Eduardo, por favor, já estamos separados há bastante tempo. Não sei porque esse seu comportamento agora.

- Não custa lembrar que foi você que pediu o divórcio. Não eu.

- Eduardo, essa nossa conversa é realmente desnecessária - respondeu Cristina, dando fim ao assunto - Olha, estou bastante ocupada. Preciso ir agora. Assim que puder, faço a avaliação de Carlos - disse ela, saindo rapidamente da sala.

***

Era por volta de meio-dia e Débora esperava por Cristina em um restaurante a poucos metros do hospital. Preferiram conversar fora do ambiente de trabalho para poder terem mais liberdade.

Cristina chegou logo em seguida. Sentou-se à mesa junto de Débora. Deixou o corpo despencar sobre a cadeira. Parecia bastante contrariada.

- Xi… Posso saber o que houve? Tá com essa cara por quê? - quis saber Débora.

- Essa manhã foi uma loucura. Não tive tempo nem de sentar, acredita? - respondeu Cristina - E, pra completar, o Eduardo me veio com uma conversa estranha.

- Ué… Que conversa estranha é essa? Me conta.

- Veio me perguntar como eu estava,  dizendo que se importa comigo, que eu estou mudada, que posso contar com ele.

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