II

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Como era de praxe, ele foi o primeiro a lançar um ataque. Seus movimentos, ainda que ágeis e precisos, não a pegavam mais de surpresa.
Hinata se pôs a contra atacar seguindo seus passos, as palmas, pernas, braços e todo o corpo de ambos se chocavam e afastavam-se em grande velocidade.

Ela podia sentir cada golpe dado por Neji usando a técnica ancestral do clã Hyūga, o punho gentil, a gentileza desse estilo de combate parava no nome, pois após aquele treino sabia que teria marcas roxas e vermelhas por todo o corpo.
No entanto, uma parte masoquista de sua mente dizia que valia a pena somente para ser tocada por ele. Começava a considerar seriamente se tinha começado a enlouquecer de vez.

Quando percebeu em meio a sua desatenção já era tarde, a mão de Neji agora passava de raspão ao lado de seu rosto expelindo chakra pelos poros. A surpresa foi tamanha que seu Byakugan regrediu de forma instantânea para a aparência normal e seu corpo abandonou a postura de batalha.

– Hinata-sama? Onde estava? –

O Shinobi recuou dois passos ainda olhando em seus olhos, as mãos foram cruzadas na frente do corpo e o cenho franzido. Estava esperando uma resposta.

– Desculpe, O que disse ? –

– Parecia muito aérea durante o treino inteiro, o que acontece? –

– Eu só...não importa.
Vamos continuar? –

– Para isso eu preciso que sua mente esteja aqui, se continuar divagando eu posso te machucar sem querer. 
E de toda forma está na hora do intervalo para o desjejum. –

Era irreal como Neji tinha sempre uma postura de austeridade, como se fosse muito mais velho e sábio do que realmente era. Essa era uma das coisas nele que a irritavam, como ele parecia inalcançável em seu puro pedestal de autocontrole, pedestal esse que a Hyūga ansiava por derrubar.

– Tudo bem, você tem razão. – 

Mesmo sem usar o Byakugan o olhar que ele lhe deu parecia poder ver através dela.

– Aguarde aqui, eu trarei o café da manhã. –

Hinata pode apenas acenar com a cabeça enquanto via ele sair do salão.
Sentou-se em um dos tapetes e recostou sua cabeça na parede pensando em como aquela situação estava tornando-se insustentável. Nem ao menos recordava de quando havia começado a ver Neji com outros olhos, só sabia que boa parte de sua adolescência havia sido permeada por esse sentimento e no auge de seus agora 19 anos a sensação era a mesma.
Sempre que  estavam próximos seu coração acelerava e sentia-se ansiosa pelo mínimo toque.

Desde suas últimas conversas com Ino ponderava sobre acatar os conselhos da amante.
"Faça ele desejar você" ela tinha dito, e essas palavras rondavam sua cabeça, instigando-a.
Talvez fosse hora, o momento de dar fim ao maldito autocontrole que Neji tinha orgulho de onstentar. 

Quando estava no caminho em direção às cozinhas da mansão Hyūga foi a primeira vez que se permitiu respirar profundamente, estar com Hinata Hyūga era a coisa mais maravilhosa e difícil que já tinha feito. Era um suplício tê-la tão perto, tocando sua pele, e não poder beijá-la, não poder inspirar o perfume de seus cabelos….
Mas ele sabia que caso se permitisse a tal insensatez não iria resistir a seduzi-la e fazer com que fosse sua alí mesmo no chão.

Adentrou a cozinha onde era preparada a comida para a família principal do clã Hyūga, da qual não fazia parte,  e 
encontrou a bandeja de alimentos já montada. Havia benefícios em ser o protetor da herdeira do clã, poder viver na mansão principal e desfrutar seu luxo era um deles.

Retornou para o pátio de treinamento para encontrar Hinata, ela estava sentada próxima a parede. Seus cabelos tinham sido presos em um rabo de cavalo que deixava a marca em  seu pescoço amostra, se aquilo não fosse para provocá-lo que um raio caísse em sua cabeça nesse instante. 
Desceu mais os olhos sobre ela, sua jaqueta jazia esquecida em um canto e  agora permanecia somente com a blusa, a maldita blusa que delineava perfeitamente seus seios fartos que subiam e desciam a cada respiração pesada.

Aquela mulher queria roubar sua sanidade e estava conseguindo.

Neji sentou sobre os calcanhares ficando diretamente em sua frente e tentando manter os olhos longe de certas distrações. Passou para ela uma caneca de chá Gyokuro que ela prontamente recebeu e começou a comer seu Ozoni.

Nenhuma palavra foi mencionada e nenhum movimento brusco foi dado, mas assim que sua mão foi em direção a própria caneca de chá verde Hinata o interceptou. Com muita delicadeza levou-a até o próprio rosto, Neji pode sentir como a pele dela era quente sob seus dedos.

Um lampejo de consciência passou por sua mente para dizer que aquilo era errado, mas nem mesmo isso o impediu de circundar os desejados lábios com o polegar e depois aproximar seus rostos.

O olhar dela foi dirigido nitidamente a sua boca e por um momento pode imaginar que ela o desejava.

Seus lábios se tocaram e as respirações se chocaram, sendo permitido a ela um pequeno  roçar de lábios antes que ele os separasse.

Neji levantou-se em um movimento rápido e tomou distância.

– É melhor eu ir agora. –

–Sim, é melhor –

As faces dela  ainda estavam coradas quando Neji deixou o local. 

I Know you want - NejiHina Onde histórias criam vida. Descubra agora