XXXV

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Definitivamente ficar e obedecer as ordens de seu pai como uma boa moça estava fora de cogitação, sendo assim, Hinata esgueirou-se para fora do quarto com cuidado, ela bem poderia sair pela porta da frente desafiando as imposições bobas de Hiashi, afinal já era uma adulta, mas era bom manter a sensação de que tudo estava sob controle por mais um tempo.
Colocou os pés para fora da casa principal pelos fundos e se deteve nas acomodações de Neji, um pequeno complexo anexado à estrutura principal, diga-se de passagem, era bem íntima ao lugar.
Não precisou ativar seu Byakugan para sentir a assinatura de Chakra do Hyūga no local, com a certeza de sua presença, escondeu-se nas sombras que fazia o telhado e bateu na porta usando o toque especial que tinham combinado.

Neji quase tropeçou nos próprios pés para atender o mais rápido possível, o que vindo de alguém tão equilibrado, certamente fez uma cena engraçada.

– Hinata!? – Exclamou enquanto ela passava por baixo de seu ombro para entrar no cômodo.
– O que faz aqui!? –

A souke deslizou o capuz pelos cabelos presos e indicou a porta com um movimento de cabeça, entendendo seu recado, Neji selou o cômodo rapidamente.

– Que recepção calorosa, Neji. – Ironizou de braços cruzados e batendo o pé lentamente no chão de madeira.

O Homem revirou os olhos perolados antes de avançar alguns passos e lhe dar um beijo curto nos lábios.
– Sabe que adoro te ver, não sabe? – Perguntou enquanto segurava o queixo dela entre os dedos. – Só não estava esperando, principalmente pelo que eu soube que aconteceu no café da manhã. –

– É por isso mesmo que estou aqui. – Continuou sem se libertar do toque dele. – Será necessário apressar os planos. A família Otsutsuki sabe… – Mordeu o lábio em aflição clara. – Então logo meu pai saberá, não quero dar a ele tempo de resposta. –

– Diga-me o que está pensando em fazer. – Exigiu enquanto todo o seu corpo ficava rígido e pronto para agir.

Hinata respirou profundamente antes de repassar os próximos passos. Não havia mais tempo para cautela, o momento pedia uma ação forte e imediata.

– É o que estou indo fazer, atualizar Ino e dar sinal verde para iniciar a ofensiva. –

– E você vai sozinha até lá? – Neji torceu tanto o nariz para a ideia que Hinata teve medo de não voltar ao local original.

Não entendeu bem a preocupação dele, afinal ela poderia se cuidar e estaria indo para um local seguro. – Está bem, sabe que Ino é minha amiga. –

O jovem desviou o olhar enquanto uma estranha onda de cor vermelha tomava suas bochechas e orelhas.
– Vocês…vocês têm um conceito de amizade muito excêntrico. –

Ficou imóvel  por um momento inteiro, chocada com a pequena crise de ciúmes espontânea que estava presenciando.
Segurou com muita dificuldade a risada entendendo a linha de pensamento de Neji.

– Oh, meu bem, você é um doce quando está enciumado assim. – O abraçou ficando na ponta dos pés para alcançar seu rosto.
– Além de que, não temos mais nada de excêntrico. – Pensou em quanto riria daquela situação mais tarde e quase perdeu o fio da meada.
Depois de mais um momento em silêncio recitou as seguintes palavras. – Eu prometi a você que seria só sua, e não volto atrás na minha palavra. –

– A Yamanaka vai  se morder de inveja. – Declamou com muita pompa e orgulho, isso até Hinata apertar a ponta de seu nariz e torcer.

– A 'Yamanaka' gosta de me ver feliz. – Disse com os olhos semicerrados observando a expressão dele.

– Tudo bem, Hime. – Desfez o nó de sua garganta para completar a frase.
– Eu sei que ela cuidou de você por bastante tempo e sou muito grato por isso.

Enfiou o dedo no peito dele e balançou a cabeça em afirmação. – Isso mesmo!  – 

Com isso, deu meia volta e partiu em direção ao apartamento da Kunoichi telepata. Tomou o "caminho" de costume, oculta pela escuridão da noite poderia ser confundida com qualquer ninja saltando por árvores e telhados.
No trajeto, pensou em como aquela vida perigosa e dissimulada acabaria logo, finalmente poderia revelar ao mundo de que era feita Hinata Hyūga!

E que surpresa todos teriam…

[...]

Quando as divagações idealizadas lhe deixaram, tudo que restava era a porta lateral do prédio, depois escadas que subiam andares e finalmente o alojamento elegante de Yamanaka Ino.

Foi recebida com o calor de costume e convidada para se acomodar, mas logo as perguntas começaram.
– Aconteceu alguma coisa? Não esperava te ver tão cedo, minha cara. – bebericou o sencha fumegante enquanto encarava a sua Hyūga adorada.

– Muitas coisas na verdade. – Respondeu de cabeça baixa mirando o tapete felpudo e os pés descalços de Ino.

– Algo a ver com sua saída intempestiva da festa de noivado? – Soltou uma risadinha ao lembrar da frustração de Toneri.

– Bem, você acertou. – O estômago revirou um pouco quando a totalidade do que aconteceu lhe atingiu por um segundo. – Precisamos…, nós vamos colocar o plano em prática mais cedo do que o previsto. –

– Cedo quanto? – Ino indagou tentando projetar tudo em sua mente.

– Pelas coisas que foram ditas no café da manhã… – Bufou enquanto suas mãos não sabiam para onde se mover.
– Acho que nosso tempo acaba ao raiar do dia quando meu pai notar minha fuga. –

– Fuga? – Ino arregalou os olhos azuis e pôs a xícara de lado. –  Do que está falando? –

– Eu escapei do meu castigo para te contactar esta noite. – Agora isto soava ridículo, apostava 100.00 ienes que nenhuma outra mulher adulta de Konoha era posta de castigo.

– Você poderia ter usado nossa conexão mental para isso. – Ino atravessou para o outro lado e se sentou ao lado de Hinata abraçando-a pelos ombros. – Não precisava se arriscar tanto. –

– Importante demais para isso. – Virou levemente o pescoço para encará-la face a face.
– Você não entende? Temos que agir agora! –

– O que pode ter acontecido de tão grave para a situação degringolar tão rápido assim? –

A Hyūga ficou de pé de repente em um solavanco que quase tirou-lhe a alma do corpo na hora. – Fiz amor com Neji. – A boa notícia.
– E aparentemente meu noivo sabe disso. – A parte ruim.

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