Pérola Sábado, 14 de Janeiro, 6:55

28 5 28
                                    


Ops! Esta imagem não segue nossas diretrizes de conteúdo. Para continuar a publicação, tente removê-la ou carregar outra.

Ops! Esta imagem não segue nossas diretrizes de conteúdo. Para continuar a publicação, tente removê-la ou carregar outra.

- Ok. Tudo bem gente, não vai adiantar apontarmos culpados. Se estamos nesta situação a culpa não é de ninguém além de nossa mesmo.

Bárbara olha na minha direção e levanta a sobrancelha direita. Parece que ela não concorda comigo e está me responsabilizando pelo rumo que as coisas tomaram. Falemos em injustiça e mau julgamento!

Respiro fundo e olho pela janela do carro. Lá fora, o sol forte de janeiro, convida a todos para um mergulho no mar. Era lá, esticada na areia com um bom livro, que eu gostaria de estar, mas, infelizmente, isso não foi possível durante as férias inteiras. Conforme-se, diria minha mãe.

Estamos as três dentro de um táxi há mais de vinte minutos, cujo taxímetro já nos cobra R$32,50, paradas no sinal vermelho, em um trânsito matinal infernal absolutamente atípico para um sábado e ainda estamos há dois quilômetros dos portões do colégio Ouro Preto.

Se não chegarmos em exatos cinco minutos, não vão nos deixar entrar, e se não entrarmos não faremos a prova de admissão, e se não fizermos a prova de admissão estamos mortas. Sim mortas. Nossos pais vão nos matar. Vão nos matar e não poderão nem ser indiciados já que fomos tão absurdamente irresponsáveis e isso, é claro, é excludente de ilicitude.

Faço uma prece silenciosa pedindo aos céus para o trânsito andar e chegarmos a tempo, mas será que isso será o suficiente? Será que a inspetora vai nos deixar entrar do jeito que estamos vestidas? Olho pra baixo e meço com a palma da mão o comprimento da minha saia, olho para o lado e vejo que a saia da Bárbara é ainda menor que a minha e a make de seus olhos está tão preta que ela lembra um guaxinim de olhos azuis e cabelos louros.

Com certeza precisamos de um milagre, e dos grandes. Respiro fundo novamente para tentar acalmar meus nervos e olho meu anel do humor: vermelho.

Noto Marina com uma das mãos na boca. Ela deve estar bem nervosa também, já faz um ano que ela conseguiu parar de roer as unhas e passou a fazer manicure ao menos uma vez por semana. Elas estão escuras como ela gosta, pintadas de um tom mais escuro que seus cabelos castanhos acobreados. O batom vermelho realça seus grandes olhos azuis e compõe, com suas botas de couro pretas de cano longo e salto agulha e suas inseparáveis munhequeiras de couro e tachinhas, seu estilo de deusa rocker do seu figurino da noite passada.

A noite passada! Motivo do nosso atraso e olheiras por falta de sono adequado.

Revejo em flashback os acontecimentos da noite anterior e sinto uma pontada aguda no lado esquerdo da testa. Talvez Bárbara tenha um pouco de razão, foi minha a ideia de darmos um tempo nos livros para pegar um cineminha, mas era um simples cineminha, quem diria que terminaríamos a noite do jeito que terminamos?

O sinal abriu e o carro começou a rodar novamente. Nós três consultamos o relógio do celular ao mesmo tempo. Quatro minutos. Isso não é bom, isso não é nada bom! Se ao menos pudéssemos voltar no tempo e mudarmos os acontecimentos do dia anterior...

O DELÍRIO DA NOVIDADEOnde histórias criam vida. Descubra agora