Gustavo Sábado, 24 de Junho, 18:10

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Não sei se essa ideia do Rafael de irmos à Festa Junina do Ouro Preto é uma boa

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Não sei se essa ideia do Rafael de irmos à Festa Junina do Ouro Preto é uma boa. Vai ser a primeira vez que vamos ao colégio, depois de chegarmos da viagem e a chance de a Pérola estar lá é de 100%. Não estou nem um pouco disposto e vê-la com Samuel.

Entro pela milésima vez na página dela no Fecebook e constato que não há nenhuma postagem nova, mas isso não me surpreende, ela não costuma postar muito. A última foto é da fatídica excursão ao Oceanário, em 14 de abril, onde aparece fazendo biquinho com aquele magrelo.

- Nada novo – informo a Rafael enquanto fecho a tela do seu laptop.

- É como estou te dizendo Guto, você não pode chegar lá no colégio desacompanhado. – ele calça as meias e amarra o cadarço do tênis – Com certeza a Pérola vai estar lá e acompanhada do namorado. Você vai se sentir muito melhor se estiver com alguma gata. Vá, acione seu caderninho de telefones. Ligue para alguma mina do seu fã clube lá da academia.

- Rafa, eu venho te dizendo a mesma coisa desde antes mesmo de irmos para Vegas. Não tem nenhuma garota que eu queira ligar. – Rafael ameaça me interpelar e, já sabendo de sua ladainha, encurto o discurso – Nenhuma Rafa, não importa o quão malhada ela é, ou o tamanho do bico de pato feito de botox que ela tenha. Eu só tenho a Pérola na minha cabeça, doce, meiga, delicada. Esse tempo todo fora não me ajudou a esquecê-la, nem sequer a diminuir meus sentimentos, ao contrário, eles só aumentaram. A verdade é que estou com medo de ir a esta festa hoje e dar de cara com ela e o namorado porque não sei qual será minha reação. E se eu partir pra cima dele? Ah Rafa, eu não vou não. Vá você com a Patrícia, eu vou é pra minha casa.

Levanto do pufe de couro e dou dois passos largos até o outro lado do quarto de Rafael para pegar minha carteira em cima da escrivaninha dele. O telefone toca alto na sala do apartamento. Rafael se levanta e com firmeza segura meu pulso me impedindo de sair pela porta.

- Não faça isso, brother. Você sabe que o pessoal do colégio está doido para nos ver e nos parabenizar pela nossa vitória.

- Sua, você quer dizer – digo rabugento.

- Você sabe tão bem quanto eu que a vitória foi nossa. Se não fosse pela tua ajuda eu jamais teria condições de vencer aqueles adversários. - expiro com força e consinto com a cabeça de má vontade – Além do mais, depois da festa de hoje, todos os alunos saem de férias por todo o mês de julho e se a coisa ficar muito feia, no mínimo você não vai ter que encarar nenhum deles tão cedo.

- Não sei não, Rafa ... – digo indeciso.

- Eu prometi para o Zé que iríamos. – isso me faz olhá-lo nos olhos – Esse ano ele está apoiando uma ONG e toda a renda será revertida pra lá. Ele sabe, e nós também sabemos, que a nossa presença é um chamariz para o público o que pode garantir uma arrecadação maior.

Isso me convence. O Zé Roberto é um cara muito gente fina, não só pela preocupação com os alunos, mas particularmente para mim. Tenho muito carinho por ele, pois desde molequinho quando eu entrei pro judô na academia, ele já dava aulas lá e acabamos ficando amigos. Teve a vez que eu desloquei o ombro e ele me enfiou no carro dele e me levou para o ortopedista e ficou comigo até meu pai chegar; a vez que eu perdi a competição da federação no estadual e quis desistir de continuar com as aulas e Zé me convenceu, não só a continuar, como ainda me deu uma lição de moral, dizendo que o importante não é vencer e sim participar, e muitos outros momentos bacanas.

O DELÍRIO DA NOVIDADEOnde histórias criam vida. Descubra agora