Gustavo Domingo, 5 de Fevereiro, 21:08

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- Como assim você não sabe o nome dela brother? – a voz de Rafa é alta no viva voz do meu iPhone que está carregando em cima do criado mudo, enquanto faço flexões ao lado da cama

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- Como assim você não sabe o nome dela brother? – a voz de Rafa é alta no viva voz do meu iPhone que está carregando em cima do criado mudo, enquanto faço flexões ao lado da cama.

- Pô cara, não deu tempo de perguntar. Só sei que não tinha como eu deixar aquela princesinha ficar ali, no meio daquela bagunça, sendo interrogada pelos policiais. Mandei ela vazar. Ela é tão meiguinha Rafa, cara você tinha que ver. Dá vontade de proteger saca? De cuidar dela.

- Eu ainda não estou acreditando que uma loirinha sem nome derrubou de quatro meu melhor amigo assim, do nada.

Sento no chão, pego o celular para tirá-lo do viva voz e, ofegante, respondo diretamente para o aparelho.

- Nem eu cara, nunca senti isso antes. Foi surreal! Quando vi aquele marginal apontando a arma pra cabeça dela, gritando com ela, enforcando. Sei lá, me deu um ódio tão grande, um desespero, um medo de que acontecesse alguma coisa com ela, saca?

- Qualquer pessoa de bem sentiria isso cara. Quem é que ficaria zen diante de uma cena dessas?

- Foi muito mais do que isso, brother, foi uma atração alucinante, uma vibração diferente, ela é diferente.

- Caraca, quem diria que o maior garanhão da academia ia ficar assim, apaixonadão. Há há há.

- O pior é que eu não sei nada dela. O nome, o telefone, onde mora, nada. Pode ser que eu nunca mais a encontre.

- Já sei, procure por ela no facebook. Todo mundo tem facebook. Com certeza você vai achar ela por lá.

- Como vou procurar por ela sem um nome, mané? Só se eu olhar perfil por perfil e envelhecer na frente do computador.

- Quem sabe ela não curtiu a página da cafeteria, comentou alguma coisa. Já é um começo.

- Eu topando tudo cara, preciso encontrar essa menina. – levanto do chão e pego meu notebook que está desligado em cima da cama- Será que ela frequenta muito aquela cafeteria pra chegar a curtir a página, Rafa?

- Acho que tem uma chance porque a cafeteria fica na esquina da rua sem saída da academia, não é uma rua muito movimentada. Os frequentadores regulares são os moradores da região e os alunos e professores da academia.

- , será velho? – a tela do meu computador acende e a página da área de trabalho aparece com o emblema do UFC como papel de parede. Abro a página do navegador e preciso digitar duas vezes minha senha do facebook, pois estou tão ansioso que erro na primeira vez- Qual é mesmo o nome da cafeteria, Rafa?

- Ih brother, é em francês aquele troço. É alguma coisa com Place, sei lá.

Procuro pela Cafeteria Place e a busca devolve mais de trinta resultados. Vou clicando um por um até reconhecer a foto do toldo vermelho da fachada da Cafeteria Place Du Tertre na esquina da academia.

- Achei, chama Place Du Tertre. Putz cara, só tem umas trezentas curtidas. – digo para Rafa enquanto meu dedos percorrem os comentários e posts – Não tem nada, quase ninguém comentou aqui. Droga! Eu deveria ter perguntado o nome dela, assim pelo menos eu teria de onde partir aqui no facebook.

-É, sem um nome é como procurar uma agulha no palheiro. Um palheiro mundial. cara, te desejo boa sorte na sua busca, mas vou partir, tenho um encontro com a Luana da academia daqui a meia hora. – diz Rafa presunçoso.

- Deixa comigo, e ó, fica ligado, não é Luana, é Amanda. Luana você marcou amanhã. Há há há, seu amador. Fica ligado no lance rapá. Não esquece que amanhã tem treino, não volte tarde pra casa, você tem que dormir cedo para estar no shape. Semana que vem começam as seletivas do Fight Back Brasil.

- Pode deixar mãe, vou chegar cedo. – ele debocha.

Desligo o telefone e continuo com minha busca. Tento digitar todos os nomes femininos que consigo me lembrar para arriscar encontrá-la. Vou de A de Abigail até Z de Zulmira e nada. Impossível visitar tantos perfis, mesmo reduzindo só aos brasileiros.

Desanimado, entro no meu próprio perfil para responder à alguns comentários que continuam postando na foto do dia da minha vitória na competição. Pulo propositalmente as meninas da academia e respondo aos amigos mais chegados.

Alguém que não reconheci o apelido e com a bandeira do Brasil como foto do perfil, comentou: "Estou muito orgulhoso de você garoto! Parabéns pela vitória merecida!". Clico no nome para acessar a página dele e ver se o conheço para respondê-lo.

Além da foto do perfil, ele tem pouquíssimas fotos em seu álbum. Uma de um cachorro poodle branco, outra com dois meninos brincando com o mesmo poodle e outra com uma menina apagando a vela de um bolo de aniversário junto ao outro menino da foto do poodle e várias pessoas ao redor de uma mesa cheia de brigadeiros e copos descartáveis.

Não reconheço nenhum dos dois, então amplio a foto para tentar encontrar algum rosto familiar que denuncie o dono do perfil. Observo rosto por rosto e paraliso ao ver a menina loirinha da cafeteria batendo palmas ao lado dos aniversariantes e outros convidados. Ansioso, procuro por algum comentário ou curtida. Nada.

Ainda não sei de quem é este perfil tão abandonado e desprestigiado, então volto a procurar por outros rostos conhecidos na foto. Será que é o da menina da cafeteria? Será que ela me reconheceu da luta e veio no meu perfil comentar? Não, mas escreveram orgulhoso, no masculino, não pode ser o perfil de uma garota. A não ser que ela tenha sérios problemas gramaticais. Broxante!

Chego o rosto mais perto da tela do computador e finalmente consigo identificar o dono da página. Escondido atrás dos convidados na mesa do bolo está Zé, professor lá da academia. Isso já explica o perfil tão vazio, o cara não é lá muito afeito às redes sociais.

Pelo menos agora eu tenho uma pista da loirinha, a foto não parece ser muito antiga, ele deve saber quem é essa menina.

Já está meio tarde para ligar para o cara e nem adianta mandar uma direct que ele provavelmente nem vai ler. O jeito é segurar a ansiedade e procurá-lo amanhã cedo.

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