- Finalmente o intervalo chegou – digo procurando minha carteira na mochila – Acordei tarde e não tive tempo de tomar o café da manhã hoje, estou morrendo de fome.
- Estou indo para a cantina. Quer que eu compre seu lanche? – Bárbara oferece.
- Um pão de queijo, por favor – entrego-lhe meu dinheiro – Vou então com a Pérola guardar lugar no nosso banco favorito, Babi.
Ela sorri e vai em direção à cantina enquanto Pérola e eu caminhamos na direção oposta, para o pátio com jardins e bancos de pedra, onde costumamos lanchar todos os dias, e nos sentamos.
- Não vai querer nada da cantina? Não está com fome Pérola? – pergunto
- Não, tomei um café da manhã reforçado hoje. Além do mais, ainda preciso terminar o exercício de matemática para a próxima aula – ela diz pegando seu caderno e estojo dentro da mochila.
- Oi meninas, onde está a Babi? – Samuel se aproxima de nós.
- Foi até a cantina comprar nossos lanches. – digo
- Cara, neste exercício aqui eu empaquei. – reclama Pérola.
- O quarto que o Carlão passou sexta? – Samuel pergunta.
- Esse mesmo. – Pérola aponta para seu caderno.
- Eu também demorei, mas descobri o método, olha só, deixe eu te mostrar. – Samuel senta ao lado dela no banco e a ajuda com a solução do problema.
O Samuel é tão gente boa, a Babi tem muita sorte mesmo em tê-lo encontrado. Fico admirando a gentileza dele ao ajudar Pérola quando noto Gustavo, do outro lado do pátio, olhando na nossa direção.
- Olha lá o Gustavo te olhando – cochicho no ouvido de Pérola para que Samuel, que está escrevendo no caderno apoiado no colo dela, não nos ouça.
Pérola olha de volta para Gustavo, claramente desconcertada. Neste momento Babi volta da cantina com nossos lanches e entra na frente dela, interrompendo a troca de olhares. Gustavo dá meia volta indo em direção à quadra.
- Meninas, vamos comer em outro lugar hoje? – ela diz me entregando meu pão de queijo e me puxando pelo braço.
- Porque Babi? Aqui é tão agradável. – digo com a boca cheia depois de ter dado uma mordida no meu lanche.
- Ah, eu quero experimentar lanchar lá na, na, na cantina, isso na cantina. – Babi parece ansiosa. Ela me dá um puxão e no impacto acabo derrubando meu pão de queijo no chão. – Vamos, vamos lá na cantina que eu compro outro pra você. Compro até dois, mas vamos logo.
- Não, pode deixar Babi que eu vou lá pra você – Samuel, cavalheiro como sempre, se prontifica.
- Não! – Babi berra quando Samuel se levanta – Vamos todos juntos, assim a gente vai conversando, contando as novidades.
- Eu não tenho novidade nenhuma que você ainda não saiba Babi, e eu preciso mesmo terminar este exercício. – reclama Pérola.
- Você termina depois – Babi diz entre os dentes e me puxa novamente desta vez machucando meu braço.
- Peraí Babi, você está me machucando. – digo esfregando meu braço dolorido – o que é que está havendo? Você está estranha.
E então eu entendo perfeitamente a pressa e o mau jeito de Bárbara. Ela queria me poupar de mais um desgosto. Vindo da quadra, em nossa direção, abraçadinhos, vêm o vocalista da banda e Patrícia. A confirmação ao vivo e a cores do que Babi viu no sábado na festa de Boas Vindas: minha irmã e meu crush. Juntos.
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O DELÍRIO DA NOVIDADE
Ficção AdolescenteA série Delírio é uma leitura cativante que retrata com bom humor e leveza essa fase tão gostosa e cheia de emoções entre a adolescência e o início da vida adulta. O primeiro livro da serie, O Delírio da Novidade, mostra as melhores amigas Pérola, M...