Gustavo Segunda, 6 de Fevereiro, 9:53

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Corro os olhos procurando por Pérola entre os alunos espalhados no pátio do colégio durante o intervalo

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Corro os olhos procurando por Pérola entre os alunos espalhados no pátio do colégio durante o intervalo. Consigo localizá-la sentada em um banco próximo do portão de entrada. Infelizmente mais uma vez ela está rodeada de amigas e desisto de abordá-la. Não quero constrangê-la, prefiro falar com ela a sós. Vou ter que segurar minha ansiedade até o momento certo.

Dou meia volta e tomo o caminho da sala de aula. Falta pouco para tocar o sinal. Sento na carteira próxima à janela que dá para o pátio e de lá consigo vê-la. Ela come uma maçã e conversa com as amigas. Parece tão feliz, animada.

Fico um tempão observando os gestos dela, a gargalhada, a maneira de mexer no cabelo... até o sinal tocar. Ela e as amigas se levantam e vão para a sala do primeiro ano.

O professor Carlão de matemática entra na minha sala e a aula começa. Não consigo prestar a atenção um segundo se quer. Estou tentando pensar em uma maneira de chegar na Pérola em um momento em que ela esteja longe das amigas, mas parece que ela só anda em bando.

Meu pensamento está vagando neste problema quando através da janela vejo ela passar sozinha, cruzando o pátio. Levanto a mão imediatamente.

- O que foi Gustavo? – Carlão pergunta.

- Posso ir ao banheiro, professor?

- Mas você acabou de voltar do intervalo.

- Eu esqueci de ir. Carlão, desculpe, eu tenho mesmo que ir. – a turma começa a rir.

- Vá e volte logo então. O terceiro ano é fundamental pra vocês pessoal. Vocês não podem dar bobeira não. Quando vocês menos esperarem o vestibular bate na porta.

- Tá tudo bem brother? – Rafa pergunta quando passo pela carteira dele em direção à porta.

- Ainda não, mas vai ficar. – dou um tapinha no ombro dele que fica sem entender nada.

Saio correndo pela porta e dobro à esquerda, na direção oposta ao banheiro, para seguir os passos de Pérola. Vejo-a saindo da sala da secretaria com uma pasta na mão. Algum professor deve ter pedido para ela buscar alguma coisa lá. Essa é minha chance. Vou em sua direção.

- Oi, é Pérola né? – chego de surpresa e ela tem um sobressalto.

- Nossa, você sempre surge do nada. Que susto. – ela diz e passa a mão no cabelo. Parece desconfortável mais uma vez. – É, meu nome é Pérola, o seu é Gustavo, né?

- Desculpe, eu não queria te assustar, mas estou tentando falar com você desde o dia do assalto e eu não sabia nem o seu nome até te encontrar aqui hoje cedo. Depois você estava sempre rodeada pelas suas amigas, eu não queria te constranger na frente delas.

- Me constranger? – ela franze as sobrancelhas.

- Eu queria pedir o seu telefone e saber se posso te ligar.

- O meu? – ela parece surpresa – Você quer o meu número?

- Isso. Anote aqui nos meus contatos, por favor. – entrego meu celular e ela pega com uma das mãos, mas ao invés de digitar ela continua me olhando, intrigada.

- Pra quê?

- Ué, para eu te ligar, pra gente conversar, se conhecer melhor.

- Você quer me conhecer melhor? – ela levanta as duas sobrancelhas.

- É, você. – Dou meu sorriso mais sedutor e coloco uma faixa de seu cabelo para trás da orelha e, suavemente, toco seu rosto com o dorso da minha mão. Ela estremece involuntariamente e, para disfarçar, finalmente abaixa seu olhar e começa a digitar no aparelho – Obrigado, Pérola.

Digo seu nome com reverência e beijo sua mão antes de me virar e voltar para minha sala de aula sem olhar para trás.

O DELÍRIO DA NOVIDADEOnde histórias criam vida. Descubra agora