Bárbara Sexta, 13 de Janeiro, 10:53

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Cara, que saco! Já não basta o Rico ter sido admitido no Ouro Preto com seis meses de antecedência e ter esfregado isso na minha cara e, principalmente, na dos nossos pais em busca de cair nas boas graças deles, mas ele ainda tem que atrapalhar a ...

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Cara, que saco! Já não basta o Rico ter sido admitido no Ouro Preto com seis meses de antecedência e ter esfregado isso na minha cara e, principalmente, na dos nossos pais em busca de cair nas boas graças deles, mas ele ainda tem que atrapalhar a minha concentração nos estudos para que eu me ferre e nem passe na prova? Quem falou sobre amizade e companheirismo incomparáveis entre gêmeos não nos conhecia.

O volume alto do Iron Maiden vindo do quarto dele a essa hora da manhã prova o que estou falando, e me obriga a ter que ir até lá apresentar pra ele a diva Aretha Franklin e o motivo de seus dois Grammys em 1968.

Dou três passos no corredor e dou com minha cara na placa de proibido estacionar que Marcelinho pendurou na porta do quarto deles. Recorro à maçaneta. Trancada. Bato na porta, mas sou ignorada solenemente. Hora de recuar e repensar a estratégia.

Retorno ao meu quarto e ligo o meu aparelho de som no ultimo volume na faixa R.E.S.P.E.C.T . Indiretas do bem? Eu uso. Agora só me resta a esperança de Rico colocar seus neurônios para funcionarem e se lembrarem das aulas de inglês.

Não se passam trinta segundos e lá está ele na porta do meu quarto e cá estou eu, com os braços e pernas cruzados, em cima da minha cama, cercada de livros, pra ver se a ficha dele cai.

Ele ameaça um protesto, mas logo absorve o cenário e desiste.

- Ah, você ainda está estudando? A prova é amanhã, né? Foi mal, não vou mais te atrapalhar, estou de saída, vou pegar uma praiana. Sabe como é que é né? Eu já passei nessa provinha que está fazendo você arrancar os seus cabelos e quer saber? Achei facílima. – Rico bate a porta e sai gargalhando.

- Urrrrgh - grito de frustração.

Ele não perde uma oportunidade de esfregar isso na minha cara. O pior é que não faz o menor sentido essa situação, a boa aluna da família sempre fui eu, o Rico sempre foi o comediante da turma. Até agora eu não entendi o que o motivou a fazer essa prova com tanta antecedência e menos ainda como ele foi aprovado com tão boa nota.

É claro que ele alega que a prova estava fácil e ele tinha estudado bastante, mas eu simplesmente não engoli essa história. Eu o conheço bem demais para cair nesse papinho dele, mas mamãe e papai não só caíram como ficaram muito orgulhosos e tal. Eu ainda pego esse moleque, ah se pego!

Volto minha atenção para minhas anotações do resumo de história, mas não consigo paz nem por cinco minutos e já começa a barulheira novamente. Desta vez é Marcelinho, meu irmão mais novo que está brincando aos berros com Vinícius, seu colega de escola.

Levanto mais uma vez e vou até a sala atrás deles.

- Marcelinho, não dá pra brincar mais baixo não? Estou tentando estudar, tenho uma prova importante amanhã.

- Ah Babi, prova nas férias? Poxa as minhas já estão quase acabando, eu tenho que aproveitar enquanto posso né? Daqui a pouco eu vou ficar estressado e com a veia da minha testa pulando assim que nem a sua. – Marcelinho e Vinícius caem na gargalhada.

- Hahaha muito engraçado, pirralho. – digo sem qualquer humor – Deixa pra lá, vou estudar na Marina.

Deixo os dois brincando na sala e vou buscar meus livros e cadernos no meu quarto.

- Alô? - digo para meu celular – Marina?

- Fala Babi? – ela responde do outro lado da linha.

- Posso ir até aí estudar contigo? Rico e Marcelinho não estão afim de colaborar com o silêncio.

- Vem sim, a Pérola também está vindo. Ela quer ajuda com matemática, está com dúvida em algumas questões. A Rosinha está fazendo aquele estrogonofe de frango que você ama.

- Oba! Estou subindo – pego o elevador e aperto o botão para o sexto andar onde fica o apartamento de Marina.

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