Marina Sábado, 11 de Fevereiro, 19:14

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As meninas e eu chegamos atrasadas por culpa da Bárbara, que para variar, demorou se arrumando

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As meninas e eu chegamos atrasadas por culpa da Bárbara, que para variar, demorou se arrumando. Quando finalmente chegamos ao ginásio onde a Festa de Boas Vindas está acontecendo, tio Zé Roberto, nosso diretor, já está ao microfone terminando seu discurso.

- Então, sem mais enrolação, eu finalizo dizendo que desejo que tenhamos um excelente ano letivo, de muito aprendizado e amizades. Desejo que os veteranos do 3º ano se dediquem com afinco ao vestibular e nós tenhamos muitas aprovações para nos orgulharmos. Desejo também que os calouros do 1º ano sintam-se acolhidos, façam novas e boas amizades e comecem a trilhar um promissor caminho acadêmico rumo ao aprendizado superior. Bem vindos queridos alunos! Juízo e divirtam-se. E agora para começar esta Festa de Boas Vindas do Colégio Ouro Preto, apresento a vocês a fantástica banda formada por alunos do 2º ano, Memphis 191!

As luzes do palco no fundo do ginásio acendem e entre muitos aplausos e assovios, um a um, os integrantes da banda vão subindo e assumindo seus postos.

Um rapaz de cabelos castanhos encaracolados na altura dos ombros e usando óculos de grau, se encaminha para a bateria enquanto um magrelo de cabelos em dreadlocks coloridos assume os teclados com um saxofone pendurado em seu pescoço. Em seguida, o baixista encontra seu instrumento, sua aparência de bom menino do colégio militar, por conta dos grandes e pidões olhos azuis e cabelos pretos bem curtinhos cortados com máquina dois, contrasta com o visual descolado do vocalista e guitarrista.

Depois de seis toques da baqueta para marcação rítmica, uma música de batida forte e melódica embala a plateia que dança e canta junto.

Fico absolutamente paralisada. Quem é esse vocalista? Que voz mais sedutora! Rouca, grave, deliciosa de se ouvir.

Sua performance de palco me mesmeriza. O rapaz alto de cabelos pretos um tanto compridos, propositalmente bagunçados e brinquinho prateado na orelha, toca guitarra e canta ao mesmo tempo. Balança no ritmo da música enlouquecendo a mulherada da plateia. Ele parece se divertir com o efeito que causa. Sorri maliciosamente e se joga no chão de joelhos durante seus solos de guitarra.

Procura olhar cada groupie nos olhos e não demora muito até que seu olhar encontra o meu. Uma onda de vibração reverbera por todo o meu corpo ao me dar conta que ele não o desvia mais. Deixa de escanear suas fãs e passa a cantar só pra mim.

Sinto o mundo entrar em câmera lenta e desfocar, só o palco fica nítido pra mim. As borboletas resolvem fazer a maior balada na minha barriga e não consigo mais sair do lugar, as pernas não me obedecem, parecem pregadas no chão, talvez sejam os inúmeros chicletes velhos esmagados no piso da quadra, mas suspeito ser outro o motivo.

Pérola e Bárbara me chamam para irmos até a cantina para comermos alguma coisa, mas eu mal as ouço. Eu estou em transe. Fui transportada para um universo paralelo onde só existe o vocalista gato e eu.

O magnetismo é intenso, eu nunca havia sentido nada nem remotamente parecido em toda minha vida e meu coração, que já estava aos saltos, vem parar na boca quando o moreno, com os olhos pretos mais expressivos do mundo, desce do palco e vem, ainda cantando, em minha direção.

O DELÍRIO DA NOVIDADEOnde histórias criam vida. Descubra agora