Bárbara Sábado, 11 de Fevereiro, 9:48

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- Adriana, me passe o protetor que está aí do seu lado, caído na areia, por favor? – peço para a ruivinha que costuma sentar atrás da Pérola no colégio

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- Adriana, me passe o protetor que está aí do seu lado, caído na areia, por favor? – peço para a ruivinha que costuma sentar atrás da Pérola no colégio.

- Ai não, nada de Adriana, eu prefiro Drica. – ela diz tirando os óculos escuros e sentando na canga esticada na areia da praia.

- Ah, desculpe, Drica, me passe o protetor solar por favor? – Ela me estende o produto rindo.

- Ué, a ideia não era nos bronzearmos para ficarmos gatíssimas para a festa de hoje à noite no colégio? – pergunta Berenice enquanto faz uma trança em seus cabelos negros compridos.

- Se bronzear é uma coisa, ficar vermelha como um pimentão é outra bem diferente – digo espalhando o creme nos meus ombros – Nem todas nós tivemos a sorte de ter nascido com a linda cor de pele da Manu. Se não ficarmos ligadas, viramos camarão frito.

- Você tem razão Babi, mas mesmo sendo preta, eu também preciso passar protetor solar. – Manuela diz pegando um pouco do meu creme – Os raios ultravioletas são nocivos para qualquer cor de pele.

- E temos que beber bastante líquido também para hidratar. – diz Marina e Pérola lhe entrega uma garrafa de água gelada que trouxe em sua bolsa – Obrigada, alguém mais quer?

- Eu quero – diz Berenice – Estou seca de sede.

- Jesus me abana! tendo um troço aqui.

- O que foi Bárbara? Tá passando mal? É insolação? Eu avisei para se hidratar! – Marina diz nervosa arrancando a garrafa de água da mão da Berê e me entregando.

- Que insolação o que? – digo devolvendo a garrafa para a menina – Estou passando mal é com a visão do paraíso.

Aponto em direção à um rapaz sarado com o abdômen trincado, ombros largos, dourado de sol, barba por fazer, saindo do mar carregando sua prancha de surf.

- Je-sus me abana! – Drica diz com a boca aberta.

- Me abana também. – diz Manu.

- Quem é esse deus grego? – pergunta Berê apertando os olhos em direção ao mar.

- Peraí, eu conheço esse deus! – Drica exclama – É o Gustavo Campanaro do 3º ano.

- O que? – Pérola, que estava até então distraída lendo um livro, levanta os olhos.

- Ai senhor, por que ele não tira a camisa durante as aulas de educação física do colégio, hein gente? – Manu suspira.

- É um pecado perdermos essa visão do céu assim, enquanto poderíamos perfeitamente ter esse espetáculo toda vez que os meninos praticassem esporte no colégio. – concorda Drica.

- São normas do colégio – Pérola diz mal-humorada.

-Ah, mas pode deixar que eu vou dar um jeito nisso – digo dando um tapinha nas costas dela para consolá-la – vou falar com meu pai para mudar essa regra idiota. Afinal, moramos numa das cidades mais quentes do país, não faz sentido obrigar os meninos a suarem na camiseta do uniforme de educação física.

- Claro! Não faz sentido nenhum. – Marina me apoia.

- Vamos fazer uma campanha meninas: Meninos sem camisa na quadra, torcida feminina na arquibancada.

Todas berramos o slogam da campanha criado por Manu.

- Gritem mais baixo – diz Pérola entre os dentes – Ele nos ouviu berrando e está olhando pra cá.

- Ele está vindo pra cá – Drica diz alarmada.

Gustavo desenterra sua prancha da areia e caminha em nossa direção enquanto tentamos disfarçar e agir naturalmente.

Ele alcança nosso grupinho espalhado por cangas na areia, finca sua prancha em pé e abre um sorriso de um milhão de dólares até sua covinha no lado direito aparecer.

- Oi meninas, oi Pérola. – ele diz passando a mão no cabelo molhado – Pegando uma praiana né?

- É viemos pegar um bronze para atrairmos gatinhos feito você na festa do colégio hoje à noite. – diz Berê a mais atrevida de nós – Você vai estar lá, né Gustavo?

Gustavo não se intimida com o comentário e agacha na frente de Pérola que está de bruços, mergulhada em um livro de romance, fingindo que nada está acontecendo. Ela está levando à sério o "haja naturalmente". O resto de nós o está encarando escancaradamente.

- Vou sim. E você Pérola, vai estar lá também? – ele pergunta abaixando um pouco o livro obrigando-a e encará-lo.

Pérola só levanta os olhos e acena com a cabeça. As bochechas vermelhas como pimentão e a culpa não é do sol.

- Ótimo! Te vejo lá. – Gustavo dispara mais uma vez seu sorriso – Tchau meninas, cuidado com o sol forte hein?

Ele pega sua prancha e caminha em direção ao calçadão. Nós seis o observamos em silêncio e, assim que ele atinge uma distância segura, voltamos a berrar o slogan de Manu a plenos pulmões.

- Meninos sem camisa na quadra, torcida feminina na arquibancada. – gargalhamos até cair na areia fofa.

O DELÍRIO DA NOVIDADEOnde histórias criam vida. Descubra agora