Pérola Quinta, 2 de Fevereiro, 14:49

4 1 0
                                    


- O dinheiro do caixa – diz uma voz grossa enquanto ouço um clique na altura da minha orelha

Ops! Esta imagem não segue nossas diretrizes de conteúdo. Para continuar a publicação, tente removê-la ou carregar outra.

- O dinheiro do caixa – diz uma voz grossa enquanto ouço um clique na altura da minha orelha.

Olho para o grande espelho que reveste a parede do fundo da cafeteria e um frio gela minha espinha. O clique que ouvi veio da arma que o cara atrás de mim engatilhou e está apontando para minha cabeça. Não satisfeito ele ainda me enforca com seu braço, me envolvendo em um abraço mortal cheirando a suor, álcool e fumaça. Apavorada constato que ele está drogado.

A atendente fica pálida e paralisada.

- AGORA! – o assaltante berra fazendo nós duas gritarmos ao mesmo tempo. Minhas pernas ficam bambas, minhas mãos dormentes - Quietinhas as duas, se não eu atiro. Esvazie o caixa que ninguém se machuca.

A atendente abre o caixa com as mãos trêmulas e começa a tirar notas lá de dentro. Coloca cento e vinte e dois reais em notas e algumas moedas em cima do balcão que o assaltante pega prontamente e enfia em uma mochila.

- Agora eu quero o dinheiro do cofre lá de dentro – ele diz em tom ameaçador, sacudindo a arma na minha direção e na dela.

- Não tem cofre nenhum lá dentro, moço – a atendente diz com a voz embargada.

- Não me enrola garota, eu quero a grana toda. Cata cada centavo e traz pra mim. AGORA! – ele berra e mais uma vez nós duas gritamos assustadas – CALA A BOCA!

- Mas eu juro moço, não tem dinheiro nenhum lá dentro. – neste ponto ela já está chorando.

- É claro que tem. Meu parça já cantou pra mim que tem sim. Foi ele que montou o esquema no porão para esconder o cofre. Vai, não me enrola sua vaca, me leva pro porão dessa joça.

- E-eu na-não sei onde fica esse co-cofre. – a atendente gagueja e seu corpo treme inteiro, eu será que é o meu?

- Destranque logo a droga desta porta do depósito que lá dentro eu me viro sua imbecil.

Ela obedece a ordem e, muito relutante, nos dá as costas indo em direção à porta da dispensa. O assaltante me empurra com o quadril e, com dificuldade, tropeçando nos pés dele, ainda presa pelo pescoço, andamos até pararmos atrás dela enquanto muito vacilante ela tenta destrancar a porta.

Impaciente, ele tira a arma da minha cabeça por um instante para bater com força no ombro dela para apressá-la. Ela se encolhe de dor e chora baixinho. Com o movimento, ele empurra minha cabeça para o lado e eu tenho novamente o vislumbre do reflexo do espelho da parede dos fundos do balcão de atendimento. Um arrepio percorre minha espinha. Por esse novo ângulo, no canto do lado oposto da cafeteria de onde estamos, vejo o reflexo de Gustavo Campanaro olhando diretamente para mim. Ele está escondido e leva o dedo indicador à boca, claramente me pedindo ficar quieta. Antes da arma voltar a ser apontada novamente para minha cabeça, ainda tenho tempo de vê-lo se esgueirar para baixo do balcão se escondendo. Covarde.

O DELÍRIO DA NOVIDADEOnde histórias criam vida. Descubra agora