- Vamos esquecer o que aconteceu e dançar até os pés doerem, meninas. – puxo Marina pela mão em direção à pista de dança que se formou no ginásio quando o DJ assumiu as picapes. Aparentemente a banda do tal vocalista já terminou seu showzinho. Ótimo! Talvez a noite da Marina ainda possa ser salva.
- Não sei não, Pérola. Estou com vontade de ir pra casa. – Marina diz arrastando os pés.
- Pra quê? Pra comer uma panela de brigadeiro da Rosinha? Nada disso! Vamos ficar aqui e mostrar pra essa galera do que somos capazes. Bóra incendiar a pista!
Sorte a minha que a Anitta começou a cantar bem alto nos alto falantes porque mesmo sendo uma roqueira convicta com paixão por jazz clássico, sei que lá no fundo, a Marina não consegue resistir a um pancadão ou um R&B.
Não demorou nada para que o sorriso tomasse conta do seu rosto e então começamos um ritual antigo que, juntamente com a Bárbara, fazia nossa fama nas festas em que íamos juntas. O passinho.
Não me lembro bem como começou, mas desde muito novinhas, ainda nas festinhas do play do prédio, nós três abríamos as famigeradas rodinhas de dança e juntas fazíamos coreografias para as músicas mais bombadas.
Até hoje, quando estamos em uma mesma festa, basta começar a tocar uma das nossas músicas, que não importa com quem ou onde estejamos, corremos pra pista e, não tem outra forma de descrever, arrasamos.
Hoje não está sendo diferente. Ficamos dançando, esquecendo da vida, na clareira que os outros alunos abriram ao redor de nós, iluminadas pelos strobos coloridos.
O Dj emendou justamente com a nossa música. Marina e Bárbara sorriem para mim e não resistimos, cantamos juntas em voz alta: "If you see us in the club, we'll be acting real nice, If you see us on the floor, you'll be watching all night".
- Oi gatinhas! – Samuel chega e dá um beijo na bochecha de cada uma de nós.
Devo admitir que achei o máximo. Além de admirar a coragem dele em chegar no meio da nossa rodinha, ele já chegou dançando. Não são muitos os garotos que gostam de dançar, menos ainda são os que sabem dançar, como é o caso. Babi fica babando. Ela se faz de durona, mas acho que ela está ficando caidinha de verdade por ele.
Será que eles vão se acertar? Tomara! A Babi merece um cara tão legal quanto o Samuel. Depois do cafachorro do Leone, um príncipe cairia muito bem.
Fico feliz de ver minha amiga com um cara tão gente boa. Tão gente boa que percebe que Marina e eu estamos sozinhas e começa a dançar um pouco com cada uma de nós. Acho até que isso está causando um certo ciúminho na Babi, mas no fundo, vejo a admiração que ele está provocando nela ao ser tão gentil.
Um funk melody antigo, dos anos 90, ecoa pelas caixas de som e chega minha vez de dançar com Samuel. Fico de costas pra ele e nós dois balançamos no mesmo ritmo. E não é que o tal príncipe engomadinho da Disney dança bem? Na verdade, ele quebra tudo, tem sex appeal. Quem diria. Que sortuda a minha amiga.
Dou uma piscadela para Babi aprovando seu novo paquera e de repente meu coração dá um salto quando, por cima do ombro dela, avisto Gustavo, parado, no alto da arquibancada da quadra, me olhando com uma expressão que não consigo decifrar.
Há quanto tempo será que ele está parado ali? Continuo dançando com Samuel, mas por alguma razão sinto que perdi o rebolado. Fico meio sem ação e, não sei por qual motivo, com o coração disparado, presa naquele olhar. Gustavo continua me encarando, e então do nada, vira de costas e vai embora.
O que aconteceu aqui meuDeus?
VOCÊ ESTÁ LENDO
O DELÍRIO DA NOVIDADE
Teen FictionA série Delírio é uma leitura cativante que retrata com bom humor e leveza essa fase tão gostosa e cheia de emoções entre a adolescência e o início da vida adulta. O primeiro livro da serie, O Delírio da Novidade, mostra as melhores amigas Pérola, M...