Capítulo 37

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ALEX

Estava confuso e feliz. Confuso porque o prazo para Amália continuar trabalhando para mim, segundo o contrato, já tinha se encerrado e, mesmo assim, ela não tinha ido embora. Portanto, queria saber os motivos pelos quais ela decidiu ficar, porque, embora eu esteja tentando me mudar, estava longe de ser um patrão desejável. E feliz justamente por ela continuar. 

Não toquei no assunto. Talvez, ela tenha se esquecido e eu não queria lembrá-la e, assim, ocasionar em sua partida. 

Estava no meio de uma reunião, quando meu celular tocou. Era o motorista. Então, achando que não fosse nada, desliguei. Porém, segundos depois, ele ligou novamente. Sabendo que ele não me importunaria duas vezes seguidas se não fosse nada de importante, atendi. 

— Desculpe atrapalhar, Senhor, mas a Senhorita Amália sofreu um acidente. 

— Acidente? 

— Ela foi atropelada. — Fiquei estático no meu lugar, digerindo a informação repentina. 

Ainda atônito, finalizei a chamada e saí da sala de reuniões, ouvindo chamarem pelo meu nome. Não dei importância. Apenas entrei no elevador, desci até o térreo e peguei meu carro, partindo rumo ao hospital.

[...]

Quando cheguei à recepção, minha mãe estava lá junto de Anna. Em seguida, avistei Noah. Por algum motivo, eu me movi até ele e o soquei. Todos me olharam, chocados, e minha mãe me segurou, enquanto me repreendia. Não sei porque bati nele, afinal ele era um velho e eu nunca fui de bater em ninguém. 

Mas droga! Por que ele deixou que isso acontecesse? 

— O que aconteceu? 

— Eu não sei, acabei de chegar. 

— O que aconteceu? — Perguntei, dessa vez ao motorista. 

Colocando a mão sobre o nariz, ele respondeu:

— Ela foi atravessar a rua e um carro a atingiu. 

— Por que ela teve que atravessar? — Estava quase dando um outro soco nele. Mas o que estava acontecendo comigo?

— Alex, fique calmo! — Pediu minha mãe. Olhei para Anna, que estava olhando para nós com os olhos marejados. 

— Por que você a trouxe? 

— Ela estava desesperada para vir. — Respirei fundo e fui até ela. 

Após, peguei sua mão e a conduzi até os assentos. Anna se sentou e eu me abaixei à sua frente.

— Você vai voltar com o Noah. — Ela balançou a cabeça para os lados.

— Quero ver a Amália. 

— Eu sei, mas agora ela está sendo examinada. Então, quando pudermos vê-la, peço ao Noah para que traga você, ok? 

Depois que consegui convencê-la, Noah a levou de volta para casa. Anna disse que ficaria com o celular e que esperaria por uma ligação minha. 

Enquanto isso, apenas sabíamos que Amália teve a perna fraturada e uma leve lesão na cabeça e que, agora, estava passando por uma cirurgia.

[...]

Horas passaram e eu já estava sem paciência. Minha mãe tentava me acalmar e assim me impedir de invadir as portas. Até que um homem de jaleco branco passou por elas. 

Minha mãe logo ficou de pé e questionou o estado de Amália. Segundo o médico, ela estava estável, mas ficaria de observação durante as próximas 24 horas por causa da lesão no cérebro.

Respirei fundo, antes de abrir a porta do quarto onde Amália estava. Minhas pernas estavam bambas, como se fossem ceder a qualquer momento. Assim que entrei, aproximei-me e vi seu rosto com vários machucados, assim como seus braços, os quais tinham alguns arranhões.

[...] 

Duas semanas haviam se passado e Amália ainda não tinha acordado. Lembrei-me de que, no dia seguinte ao acidente, havia entrado em seu quarto e ela ainda dormia. O médico me explicou que, devido à lesão, ela tinha entrado em coma. Aquilo foi um choque para todos nós. Minha mãe estava desolada e não havia um dia que não se encontrava Anna chorando. Além disso, a casa estava depressiva desde então. 

Amália era bastante visitada pelas tias Estela, Janette e Raquel; pelo seu amigo, o tal de Taylor; pelos empregados da casa, Greta e Otávio; e pela minha família: minha mãe, meu pai, Anna e eu. Não importava para onde eu fosse, sempre retornava ao hospital e a olhava por um tempo, depois ia embora. Foi assim durante as duas semanas. 

— Se eu pudesse voltar no tempo, faria tudo diferente.

Nesse período, refleti sobre minhas atitudes, meus pensamentos e sentimentos. Então, tomei coragem e segurei sua mão entre as minhas. 

— Acorde, Amália. Isso é uma ordem! 

Por milagre, o monitor começou a fazer um barulho irritante. Porém, encarei o aparelho e arfei. Portanto, saí do quarto e chamei a enfermeira. Após ela ver o que estava acontecendo, outros enfermeiros entraram no quarto. 

Amália estava tendo parada cardíaca.

Eles me pediram para me retirar do quarto e, mesmo que não quisesse sair, não podia ficar e continuar a assistir aquela cena. 

Por fim, deslizei-me pela parede até o chão, enquanto chorava pela primeira vez em duas semanas. Finalmente estava pondo para fora toda minha angústia. 

"Nunca esqueça o Lex de 10 anos." — A voz de Ana veio em minha mente e logo me lembrei de sua carta, onde ela me pedia para não esquecer o antigo eu. 

O Alex que tinha fé. 

O Alex que acreditava.

— Deus, você consegue me ouvir? Eu não lembro como faz isso, faz muito, muito tempo desde a última vez… — Pausei, pensando no que falar e como falar. — Mas eu sei que estás aqui. Sempre soube, apenas tentei esquecer. Por favor, não permita que Amália morra. Não a tire de mim. Eu sei que, por muito tempo, me mantive afastado, talvez você nem se lembre de mim, mas… — Engoli o nó em minha garganta. — Eu imploro que a salve. Amália me falou que tu és o Deus do milagre. Então, por favor, peço, como o antigo Alex, que faça o milagre acontecer. Eu acredito... Acredito no teu poder. — Ao terminar minhas palavras, senti um arrepio no meu corpo e voltei a chorar. Era uma sensação estranha, mas não desconhecida por mim. 

Obrigada por ler e não esqueçam de deixar uma estrelinha, cada uma delas é muito importante pra mim.

Até o próximo capítulo ❤️✅

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