Capítulo 33

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AMÁLIA

Enquanto assistíamos ao filme, eu ouvi um fungado. Então, girei minha cabeça para o lado, tendo a visão do Taylor enxugando as lágrimas. Cutuquei Elisa e apontei com o queixo em direção ao homem que se desmanchava em lágrimas.

- Não acredito! - Ela sussurrou, boquiaberta, e depois segurou o riso. - Ei? Taylor? - Ele olhou para nós, assustado. - Você está chorando?

- Quê? Não! Claro que não! - Disse rapidamente, passando a mão no rosto. Eu e Elisa rimos dele, enquanto ouvíamos reclamações das pessoas no cinema.

- Desculpem. - Pedi sem graça para elas. - Não há problema em chorar, Taylor. - Sussurrei para que só ele ouvisse. - Esse filme é realmente triste.

- Ele não podia ter morrido. - O moreno falou, encostando a cabeça em meu ombro.

[...]

Depois que saímos do cinema, decidimos ir ao parque e tomar sorvete ao ar livre. Taylor havia ido ao banheiro, enquanto eu e Elisa estávamos comprando os sorvetes.

- Ele odeia sorvete de baunilha. - Elisa falou. - Vou querer dois de baunilha. E você, Amália?

- De morango.

Após pegarmos os sorvetes, fomos caminhando até chegarmos embaixo de uma árvore.

- Você comprou de baunilha para o Taylor mesmo sabendo que ele não gosta. - Disse, incrédula, enquanto me sentava no chão.

Elisa riu, mas em seguida, ficou séria e se sentou ao meu lado. Ela ficou um tempo em silêncio. Eu podia sentir que algo estava a incomodando.

- Tudo bem? - Ela suspirou. - Sabe que pode me contar tudo, não é? - Ela me olhou e sorriu.

- Sei sim. Eu estou bem.

- Por que eu sinto que algo está incomodando você?

- Você é algum tipo de vidente? - Falou, divertida. - Eu vou viajar.

- Viajar?

- Há algum tempo, venho juntando dinheiro. Não tenho muito, mas é o suficiente para sair do país.

- Para onde você vai?

- Para França. Sinto que não vou ficar bem se continuar aqui. Tudo me deixa triste, tudo me lembra a minha mãe.

- Você sabe que ainda irá continuar se lembrando dela, não é? Independente de onde esteja.

- Sim, mas aqui é onde estão os momentos vividos, os momentos felizes. Mas hoje em dia, sempre que me lembro, dói. - Elisa levantou a cabeça, então pude ver seus olhos brilhando pelas lágrimas. - Eu sinto tanta falta dela. - Aproximei-me dela e a abracei.

- Eu sei.

A sua mãe morreu quando Elisa ainda era muito nova. Com apenas 14 anos, ela teve que se virar sozinha, já que não conhecia seu pai. Portanto, Elisa teve que trabalhar para se sustentar. Além disso, ela foi despejada de sua casa aos 15, mas por sorte, conseguiu um lugar na pensão da dona Camélia, onde vive até hoje. Durante toda sua vida, depois da morte de sua mãe, Elisa passou a sofrer com crises de ansiedade.

- O que importa é que esteja bem, Li. - Elisa estava sentada em minha frente, enquanto mantínhamos nossas mãos unidas. - Irei orar por você. - Ela sorri.

- Obrigada. Consegui uma boa psicóloga francesa. Assim que eu chegar lá, começarei com as sessões.

- Quando vai?

- Amanhã.

- Já?! O Taylor sabe?

- Contei a ele essa manhã. Por falar nele, onde será que ele se meteu?

- Como ele reagiu?

- Ele disse que ia sentir minha falta. - Sorri. - Vocês dois são muito importantes para mim.

- Você também é muito importante para nós, Li. Por favor, se cuide, ok?

- Sim, Senhora.

Após um tempo, Taylor apareceu e ficamos curtindo a tarde juntos. Passar esse tempo com eles foi esplêndido, mas meu coração ficava um tanto apertado sempre que me lembrava da viagem de Elisa. Ia sentir muitas saudades, mas sei que será para o seu bem, então fico feliz.

- No Ensino Médio, eu era muito esquisito.

- Não brinca! - Falei, sorrindo.

- Estou falando sério. Nem sempre fui lindo assim. Era o típico nerd excluído, cheio de espinhas e magricelo. Mas o tempo foi bem generoso comigo.

- Modéstia mandou lembranças, Taylor. - Ironizou Elisa, revirando os olhos, e ele riu. - O meu Ensino Médio foi, digamos que, o pior dos piores. Olha que dizem que essa é a melhor época na escola.

- Todo o meu estudo foi normal, já que eu estudava no orfanato.

- Mas não tinha nenhuma briguinha, uma rivalidade?

- Não. Eu era a única da minha idade lá.

- Ah, é verdade, tinha esquecido. - Taylor deu um tapinha na nuca da de cabelo rosa.

- Ai, seu estrume vivo! - Ela reclamou e Taylor fez cara de ofendido.

Após, brincamos no balanço por um longo tempo, enquanto jogávamos conversas bobas, e, por consequência, nos conhecíamos um pouco mais, o que foi muito bom.

Então, nossa tarde acabou, quando acabei escorregando e caindo no chão, cortando meu braço. Não foi profundo, mas ainda sim sangrava muito. Taylor ficou desesperado e queria que eu fosse ao hospital, mas não achei necessário. Então, voltei para a mansão, onde faria um curativo.

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