capitulo 36

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AMÁLIA

Durante esse período, desde a conversa que tive com meu patrão, em que ele me pediu perdão, as coisas estavam diferentes. Na verdade, Alex estava diferente.

Ele raramente me tratava com rispidez e quando fazia, pedia desculpas. Ele não sorria muito, mas tentava. Além disso, ele abriu uma conta no banco para mim e me entregou um cartão de crédito em meu nome. Muita coisa havia acontecido nesse curto período de tempo, agora já tinha até um celular. 

Mas para ser sincera, desde que havia começado a trabalhar, uma série de coisas tinha acontecido, tanto que, se parar para pensar, parecia anos de trabalho quando na verdade havia se passado apenas um mês. Alguns dias atrás, conversei com Elisa, que já estava em Paris, e, durante a chamada, ela voltou a me questionar o motivo pelo qual ainda não havia deixado o emprego. Mas nem eu mesmo sabia, talvez eu não quisesse. Não agora que as coisas estavam mais fáceis. 

No momento que pensei em me despedir, eu estava sendo proibida de ir à igreja, mas agora, não havia esse tipo de restrição. Então, por que sair? 

Também percebi que Alex estava mais próximo de sua mãe, o que foi de grande alegria para mim. Não sabia os motivos que o mantinha afastado dela, mas não importava mais, o que importava era que isso não os impedia de ter um relacionamento saudável de mãe e filho. Não mais.

Todo final de semana, eu visitava o orfanato e, de vez ou outra, eu ia à igreja com eles. Muitas vezes, Anna e Kiara iam junto. Também foi nesse período que me apeguei ainda mais às duas. Anna era como uma irmã mais nova e Kiara talvez como uma irmã mais velha. Já Senhor Nicolas, também era muito legal e o tinha como um pai. Isso era bom, pois nunca tive um pai de coração.  

Durante as noites, usava a biblioteca e estudava até meia noite ou mais quando perdia a noção do tempo. Contudo, tentava não deixar isso acontecer, pois, no dia seguinte, acordava muito cansada. Estive estudando alguns assuntos, como em Matemática: equação de primeiro, segundo e terceiro grau; em Português: acentuação e ortografia; em Química: estrutura atômica; em Física: leis de Newton; e Literatura. 

Eram coisas que eu tinha pouco conhecimento por ter tido um ensino limitado no orfanato, na época em que estudei. Então, não era fácil pôr tudo isso na minha cabeça em menos de um ano. Mas nada para Deus era impossível e era certo de que Ele iria compensar meu esforço. 

— Amália? 

— Sim? 

— Pode fazer algo típico do Brasil como sobremesa? 

— Claro, o Senhor tem algo em mente? 

— Brigadeiro.

— Hum… Já ouvi falar. Acho que terei de ir ao supermercado. — Alex assentiu e saiu. 

Senti um leve desapontamento por ele ter sido frio e direto. Mas como mencionei, ele estava diferente, mas ainda mantinha seu lado rude. 

[...]

Uma hora depois, eu já estava com sacolas cheias nas mãos. Após ter pagado à moça que estava no caixa, saí do supermercado. 

Meu celular vibrou no bolso e eu sorri ao ler. Era Taylor, me dizendo que havia conseguido um emprego. O seu pai havia acabado o serviço nos quartinhos dos fundos há duas semanas e estava desesperado, pois não tinha conseguido nenhum outro emprego. Portanto, Taylor havia corrido atrás de um para ajudá-lo financeiramente e, felizmente, agora ele era um homem empregado. 

Olhei para Noah, que estava do outro lado da rua, dentro do carro. Ele havia saído para abastecer, enquanto eu fazia compras, e por isso ele estava do lado oposto. Quando o sinal abriu, ajeitei as sacolas no braço esquerdo e guardei o celular no bolso, começando a andar. 

Mas antes de conseguir chegar ao outro lado, ouvi um barulho. Quando olhei para o meu lado esquerdo, um carro em alta velocidade vinha em minha direção.


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