Capítulo 19

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AMÁLIA

O dia começou com uma repleta confusão. Hoje, os pais do meu patrão chegariam de viagem, no que ocasionou em um Alex bravo com todos os funcionários, mais que o normal. Não entendia o motivo pelo qual ele parecia tão irritado com a chegada da sua família. Já havia questionado Otávio e Greta, mas ambos me disseram que a relação entre eles era boa. Então, eu fiquei com um ponto de interrogação em minha cabeça. 

Como eu ainda estava responsável pela limpeza de alguns cômodos, corri contra o tempo para deixar tudo em ordem para o almoço, que seria mais ou menos o horário que eles chegariam. 

— Hoje, ele está impossível. — Escutei a voz de Greta e logo ela apareceu junto a Taylor.

— O cara é feito de estresse! —  Greta riu. —Como é possível alguém ser tão imbecil assim 24 horas por dia? E olha que é o meu segundo dia aqui e, mesmo sabendo que logo cairia fora, eu tenho vontade de socar a cara dele até ele se tocar que é um filho da mãe.

—  Você diz isso, mas nem tem tanto contato com ele assim. — Greta falou.

—  Aí é que tá. Se eu, que não tenho contato, não aguento mais, imagina vocês! —  Observei Greta assentir.

Os dois estavam sentados à minha frente conversando, enquanto eu focava minha atenção na comida para que nada desse errado. 

—  Mália, por que está tão calada? — Olhei para Taylor, que se apoiou na bancada com os cotovelos.

— Vocês não deveriam ficar falando do patrão assim, ainda mais quando ele está na casa. Já pensou se ele ouve? —  Falei, apontando para os dois com uma colher de madeira que usava para mexer a panela. Greta revirou os olhos.

—  Muito tempo com o Otávio, Amália. —  Ela falou. Respirei fundo, negando com a cabeça.

—  Só acho errado.

—  E você não acha errado o jeito que ele trata todo mundo? Para ele, é como se não fôssemos nada. —  Taylor falou, com o cenho franzido.

— Não estou do lado dele, Taylor. — Falei, sem olhar para ele. — Só não quero que ele ouça e demita a Greta e seu pai.

—  Amália tem razão. —  Otávio entrou na cozinha .—  O que fazem aqui sentados? — Otávio questionou, arqueando as sobrancelhas. Os dois, que estavam sentados, se puseram de pé.

—  Só uma pausa, Senhor. —  Taylor diz.

—  Deixe para fazer a pausa quando for o horário de pausa. O mesmo para você, Greta!

— Sim, Senhor! —  Falaram em uníssono, ao mesmo tempo que faziam continência. Acabei por rir.

Enquanto ríamos, Baily entrou na cozinha com uma cesta de roupas sujas e nos olhou com cara de tédio, revirando os olhos. Ela passou por nós, indo direto para a área de serviço.

—  Quem é? —  Taylor perguntou.

—  É a Baily. —  Respondi, enquanto ele olhava para onde ela ia.

—  Nem tente, rapaz. — Greta começou. —  Essa daí, apesar de trabalhar aqui, se acha melhor que todos. Se ela tivesse oportunidade, já teria pisado em cada um de nós aqui.

—  Mas eu não falei nada! — Taylor se defendeu e Greta o olhou com as sobrancelhas arqueadas.

— Ok, ok, voltem para o trabalho vocês dois. —  Otávio mandou e eles logo saíram da cozinha. — Amália, o patrão quer falar com você no escritório. —  Afirmei com a cabeça.

—  Só vou terminar aqui e já subo. —  Ele assentiu e saiu.

[...]

Quando terminei de organizar a cozinha e de me certificar de que o fogão estava desligado, pois não queria causar outro incêndio, respirei fundo e fui em direção ao escritório. Bati à porta e, em seguida, entrei, encontrando o Sr. Backer, como sempre, com atenção ao seu computador.

—  Mandou me chamar? —  Ele parou, com os dedos ainda sobre o teclado, e me olhou, mas não respondeu. Isso me deixou confusa. — O Senhor está precisando de alguma coisa? —  Questionei, porém recebi mais uma vez o silêncio. 

Ele permaneceu em silêncio, enquanto me olhava como se estivesse lutando contra algo. 

— Er… — Ele tentou, mas parou, hesitante. Por fim, respirou fundo.

— O Senhor está bem? —  Perguntei, já me preocupando com a situação.

Ele me olhava profundamente. Era incrível como, pelo olhar, Alex Backer se mostrava uma pessoa diferente. Talvez, perdido? Eu não sabia. O homem respirou de forma profunda novamente, batucando a caneta na mesa.  Seja lá o que ele queria, ele não sabia como pedir. Parecia nervoso.

—  Você… — Ele começou. —  Poderia me trazer um daqueles comprimidos para dor, que trouxe da última vez?

Olhei para ele, totalmente surpresa, e inclinei minha cabeça levemente para o lado, revelando minha confusão. Ele estava nervoso só porque queria me pedir isso? Sério mesmo? Todo aquele receio apenas para me pedir um remédio para a dor? Suspirei e sorri para ele.

—  Claro, Senhor. Eu já volto!  — Apesar de ainda estar confusa, saí do escritório, não conseguindo conter o sorriso. Como aquele homem que se sente o maioral tem uma atitude como essa? 

Assim que peguei o que precisava, voltei para sua sala, encontrando-o com a cabeça deitada sobre a mesa. Quando ele percebeu minha volta, levantou-a rapidamente.

—  Aqui está! —  Então, entreguei-lhe o comprimido e ele logo o engoliu. Depois, deixou o copo ao lado, em cima da mesa, e me olhou. —  O Senhor está sobrecarregado com o trabalho, não está? —  Perguntei, mas ele não me  respondeu, como sempre. 

— Obrigado pelo remédio, você pode sair!

—  Ah, tudo bem… — Sorrio sem graça. — Vou indo então. — Me viro para sair quando o ouço me chamar. Então, olhei para ele, mas ele novamente ficou apenas me encarando. Portanto, aguardei que continuasse, enquanto também o fitava.

— Diga a Otávio para mandar o motorista buscar minha família no aeroporto. — Dito isso, ele voltou sua atenção ao computador. 

Respirei fundo, olhando para ele. Eu conseguia sentir que alguma coisa estava o incomodando, pois ele parecia estar agitado. Seria sua família? 

— Sim, Senhor.



Hey..é tão bom ver que estão acompanhando...muito obrigada por lerem❤️

Se leu e gostou...não esqueçam de dá estrelinha, vai me ajudar muito❤️

Um beijo e até o próximo capítulo ❤️✅

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