Capítulo 4

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AMÁLIA

Assim que o dia amanheceu, eu acordei. Sempre foi costume meu acordar bem cedinho, porque sempre, no orfanato, eu era a primeira dos órfãos a acordar para ajudar minhas tias. Suspiro, sentando-me na cama. O sol estava começando a clarear pela janela, então faço minhas orações matinais. Olho para Elisa, que dormia esparramada na cama. Sorrio e levanto, indo para o banheiro. 

Quando saio do banheiro, Elisa ainda estava dormindo, então me visto rapidinho. Estava penteando meus cabelos, quando me assusto com sua voz.

—  Caramba! — Olho para ela, que me observava com a testa franzida. — Como pode acordar tão cedo? — Dou de ombros.

— É costume. — Ela ri soprado, negando com a cabeça. 

— Ah, que costume chato!

—  Necessário! —  Rebato, voltando a me pentear. —  Eu preciso procurar emprego, lembra? E quanto mais cedo eu começar, melhor.

—  Verdade! —  Ela praticamente grita. — Eu vou te levar no lugar que te falei! —  Ela fala, jogando o lençol para o lado e se levantando. — Uma pergunta. —  Ela para, olhando-me novamente e franzindo a testa. —  Quando você acorda, sente-se cansada? — Neguei com a cabeça, juntando as sobrancelhas. —  Por que eu… Nossa! Parece que sou atropelada, enquanto durmo. —  Ela ri e entra no banheiro. 

Fico olhando para a porta. Elisa estava quebrada de alguma forma que a desgastava, porém não sabia o que exatamente havia acontecido com ela. Mas isso não é tão importante, pois irei fazê-la olhar para o futuro.

[...]

Olho para o estabelecimento à minha frente. Elisa me trouxe a um restaurante muito chique por sinal. Ela me olha e sinaliza para entrarmos. O lugar era extremamente grande e luxuoso. As pessoas ali presentes eram também luxuosas.

—  Olha, aquela ali é a Sanny. —  Ela aponta para uma garçonete. —  Venha, vamos falar com ela. — Ela pega minha mão e me puxa até a outra. — Ei, Sanny! —  A garota ruiva olha para Elisa e depois para mim, sorrindo.

—  Quanto tempo, Li! —  Ela olha para Elisa e depois olha para mim novamente.

—  Você sabe. —  Elisa fala, logo balança a cabeça. —  Enfim, essa é a Amália. —  Ela me apresenta e eu sorrio para a ruiva em minha frente.

—  Oi. — Falo e ela estende a mão.

—  Prazer, Amália, me chamo Sanny. —  Aperto sua mão e depois a solto.

—  Então, Sanny, Amália precisa de um emprego e você me falou esses dias que tinha vaga para… —-  Ela pausa e me olha. —  Faxineira. — Ela continua, ainda me olhando, esperando alguma reação minha? É, eu acho que ela pensava que eu iria reclamar ou algo assim. Mas acontece que eu não me importo com isso. Elisa semicerra os olhos e volta a olhar para Sanny. — Então… É… Sanny?

—  Sim, ainda não foi preenchida essa vaga, mas… O serviço aqui é pesado. —  Sanny fala, olhando para mim, e eu sorrio.

— Sem problemas! — Falo, animada com a hipótese de trabalhar. —  Como faço para conseguir essa vaga? 

— Bom, você tem que falar com o patrão. O chefe. O dono disso aqui. —  Ela ri. —  E você deu sorte que hoje ele está aqui, pois ele é bem ausente. —  Sorrio para ela. —  Vem, eu vou te levar até ele. — Ela sai e eu a sigo. 

Passamos por umas portas, depois por um corredor, até chegar em frente a outra porta. 

—  É aqui. —  Ela bate e daqui eu escuto "Pode entrar". Ela entra e vou logo atrás. O homem do outro lado da mesa sorri de lado, olhando para mim. Eu acho que ele percebeu minha cara de espanto, ao ver o quanto ele era jovem, pois não imaginava que seria. — Hã… Sr. Campello. — Ele a olha. — Essa é Amália e ela está aqui pela vaga de faxineira. —  Ele afirma lentamente com a cabeça e volta a me fitar. 

—  Pois bem. —  Ele suspira. —  A vaga é sua. —  Contenho-me para não pular de alegria ali mesmo. Apenas aceno, sorrindo.

—  Obrigada. —  Ele balança a cabeça, sorrindo. — Quando posso começar? —  Pergunto.

—  Amanhã. Por hoje, a Senhorita pode conhecer o local melhor. —  Ele olha para a ruiva. —  Sanny, poderia mostrá-la e lhe passar tudo o que ela precisa saber? —  Sanny afirma.

—  Claro. Com licença. — Ela fala e me puxa novamente, para sairmos da sala.

—  Senhorita Amália? — Ele me chama e eu o fito. — Será um prazer ter você como funcionária, mesmo que por pouco tempo. Tenho certeza que, ao menos, irá ajudá-la por esse período. — Permaneço, olhando-o confusa — Pode ir. —  Ele manda. Então, eu saio junto com a Sanny, mas antes de chegar onde Elisa estava, eu a paro.

—  O que ele quis dizer com pouco tempo? —  Pergunto para ela.

— Eu não sei. Ele costuma ser misterioso e fala umas coisas que não dá para entender. — Ela dá de ombros. 

Após, Sanny sai e eu fico parada, olhando para a porta, agora fechada, de seu escritório. O que ele quis dizer com isso? Ele irá me demitir? Fecho os olhos e respiro fundo, queira Deus que não. 

Obrigada por ler ❤✔

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