Capítulo 54

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ALEX

Respirei fundo, entrando na cozinha. Amália não havia aceitado a demissão, e me disse que não iria deixar de trabalhar só porque estávamos juntos, o que havia me deixado bastante contrariado. Essa mulher tem total controle sobre mim.

— Eu não gosto de vê-la trabalhando. — Ela me olhou.

— Então, tape os olhos. — Arqueei uma sobrancelha e ela deu de ombros, aproximando-se de mim. — Eu gosto de cozinhar e você mesmo me disse que gosta da minha comida. 

— Eu sei, mas...

— Sem mas. — Ela me deu as costas, voltando ao lugar que estava antes.

— Você está ainda mais petulante.

— Você que me deu espaço para ser. — Revirei os olhos. 

— Quero te levar a um lugar.

— Aonde? 

— Surpresa. — Ela levantou os olhos para mim e sorriu, encostando-se no balcão. 

— Vai me deixar curiosa? — Assenti, divertido, aproximando-me e ficando de frente para ela. — Uma pista? — Neguei com a cabeça e ela cruzou os braços. Então, coloquei minhas mãos em sua pequena cintura e beijei sua testa.

— Você vai gostar. 

— A que horas? 

— À noite. Esteja pronta, irei buscá-la em seu quarto.

[...]

Amália olhou para mim, quando fechei a porta do carro, e sorriu. Por minha vez, devolvi o sorriso e dei a volta no veículo para entrar também.

Meu plano era levar Amália para a praia. Durante a noite, era sempre mais bonita, então eu decidi levá-la e assim, passarmos um tempo, apenas nós dois, em um belo lugar. 

Quando nos aproximávamos da praia, Amália se inclinou para frente, olhando para todos os lados.

— Não acredito! — Exclamou ela, sorrindo. 

Assim que parei, ela saiu do carro sem nem esperar que eu abrisse a porta para ela. Então, desci também e me aproximei dela, ficando ao seu lado. 

— Por que não me disse que iríamos à praia?

— Se eu dissesse, você viria? — Ela me olhou em silêncio. — Por isso quis que fosse surpresa. — Eu sabia que Amália não aceitaria vir devido ao clima que ainda estava frio. 

— Obrigada. — Agradeceu ela, começando a tirar os sapatos. Enquanto tirava os meus, assistia Amália olhar para seus pés, mexendo seus dedos e apreciando a areia. 

Após, ela segurou minha mão e, ficando ao meu lado, começamos a correr até o mar. Chegando na borda, paramos e nos olhamos. 

— Vamos apenas molhar nossos pés. 

Então, demos mais alguns passos e a leve onda cobriu nossos pés. Portanto, pude notar que a água estava gelada, mas apesar disso, era bom senti-la.

Olhei para o lado, fascinado com a imagem diante dos meus olhos. Era incrível como a luz do luar deixava o sorriso de Amália ainda mais belo. Aquele momento eu queria gravar para sempre, mesmo não me achando merecedor dela. Eu a queria, porque era egoísta. 

— Acho melhor sairmos. — Ela falou, ofegante. 

Então, afastamo-nos da água e nos sentamos na areia, que também estava um pouco gelada pela brisa da noite. Amália tremia levemente e abraçava o próprio corpo, portanto eu a trouxe para que se sentasse entre minhas pernas, e a abracei por trás, descansando meu queixo em seu ombro.

Quem olhava para Amália, podia pensar facilmente que ela era frágil, mas o que ninguém conseguia imaginar era toda a força que existia em 1,50 de altura. Era como um pequeno frasco portador da melhor e mais valiosa fragrância. 

— Alex… Qual é o seu sonho? — Ela me perguntou.  

— Como assim? 

— Se não fosse dono de uma empresa, o que você faria? — Uma pergunta confusa para mim. 

Eu nunca havia imaginado algo que quisesse fazer, além do que eu já fazia. Desde criança, queria seguir os passos do meu pai e erguer cada vez mais a empresa, a qual um dia foi dele. 

— Acho que… Meu sonho seria fazer exatamente o que faço hoje. — Ela riu. — E o seu?

— Eu já te falei, meu sonho é ser pediatra e atuar na área.

— Falta pouco para a prova, não é? 

— Sim. — Respondeu em um suspiro. — Taylor me ajudou com a inscrição. Será dentro de alguns dias. 

— Você se sairá bem. — Ela me olhou por cima do ombro e sorriu. Depois, voltou a olhar para frente.

Após um tempo em silêncio, ela retornou a me perguntar:

— Quais seus planos para o futuro? — Sua pergunta me fez refletir.

Antes, eu nunca havia pensado no meu futuro e nunca havia pensado em me envolver seriamente com alguém, apenas vivia o dia atual sem me preocupar muito. Mas depois que Amália entrou em minha vida, tudo começou a ser diferente em minha mente. Eu quero um futuro com ela, apenas não sei como.

— Não sei direito, só sei que quero você nele. — Ela jogou a cabeça para trás, encostando-se em meu peito. 

— Você não parecia ser do tipo romântico...

— Sou por você. — Ela riu fracamente. — E quais são os seus planos?

— Entrar na faculdade e me formar. 

— Como você se imagina no futuro? 

— Ahn… Bom, eu me imagino morando em uma casa no campo, trabalhando e estudando. Com uma família formada, amigos e cada vez mais próxima de Deus. 

— Então, eu não faço parte do seu futuro?

— Vou orar a Deus para que o nosso futuro seja um só. — Suspirei, fitando as ondas do mar. Não conseguia enxergar um mundo sem ela, longe do seu sorriso, do seu olhar. 

Então, Amália segurou minha mão e começou a brincar com meus dedos. Depois, colocou sua outra mão sobre a minha, unindo palma com palma. Era nítido a diferença de tamanho entre elas, a mão de Amália podia se perder facilmente na minha. 

— Alex... — Ela começou e eu fiquei em silêncio, esperando-a continuar. — Uma vez, Otávio me falou que não via seu irmão há muito tempo... Ele disse que sente muita falta dele. — Seu tom de voz era triste, o que me fez respirar fundo.

Otávio era o meu braço direito em tudo, portanto não queria que ele saísse de perto. Foi por esse motivo que nunca havia lhe dado uma folga. Eu sabia que era errado, mas para falar a verdade, eu não me importava.

— Irei rever isso, não se preocupe. — Ela balançou a cabeça, ainda olhando para nossas mãos.

— Foi você quem comprou esse anel? 

— Foi da minha mãe.

— É lindo...

— Assim como você...

Me digam o que acharam do capítulo??

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