Capítulo 46

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AMÁLIA


Não soube ao certo o que senti quando presenciei aquela cena. Fiquei assustada, sobretudo preocupada. Ele não estava bem, isso se notava de longe. Martelei por alguns segundos, tentando entender o que poderia ter acontecido. Depois, respirei fundo e pedi que Greta limpasse a bagunça no chão. 

Tirei o avental e corri a fim de alcançar o Alex, contudo ele já estava saindo no carro. Arfei, colocando a mão no peito. Então, olhei para os lados e vi Noah limpando um outro automóvel, portanto me apressei em ir até ele.

— Noah, vamos atrás do patrão. — Ele me olhou, confuso. — Por favor.

Por fim, depois que entramos no carro, Noah seguiu na mesma direção de Alex. Não foi fácil, mas conseguimos avistá-lo a uma distância razoável. 

Quando Alex parou o carro e desceu, Noah fez o mesmo. No entanto, eu fiquei um tempo dentro do veículo, perguntando-me o porquê de ter vindo até aqui, pois eu não poderia fazer nada. Além disso, era ridículo o fato de eu tê-lo seguido até uma boate. 

— Por que o seguimos? — Olhei para o motorista e soltei um riso sem humor.

— Eu não sei. É só que… Ele parecia tão fora de si quando havia saído da mansão. 

— Por que não entra? Você parece preocupada. 

— Não há nenhuma razão para isso. — Respirei fundo. Tinha sim razão, eu gostava dele. 

Então, depois de um tempo, removi o cinto e abri a porta do carro, saindo em seguida. Olhei para mim, constatando que estava com o uniforme, portanto parei de andar. O quão ridículo iriam me achar? Balancei a cabeça para os lados, pois isso não importava. 

Assim que passei pela porta, minhas sobrancelhas se juntaram e uma enorme vontade de ir embora surgiu em mim. A música estava extremamente alta e as luzes faziam meus olhos doerem. Além disso, as pessoas dançavam, seduzindo umas às outras, enquanto se enchiam de bebidas. 

Por fim, olhei em volta, mas não o vi, então decidi ir embora. Porém, quando ia me virar, um grupo de quatro pessoas saíram, dando-me vista do balcão. Assim, então, eu o vi. Ele não estava sozinho. A mulher, a qual ele disse não ter nada mais, estava o beijando. 

De repente, o barulho da música já não me incomodava tanto quanto o sentimento dentro de mim, como se algo estivesse se quebrando. Uma lágrima desceu do meu olho, mas logo a sequei, não dando mais chances para que retornasse. 

Virei-me em direção a saída e saí rapidamente do bar. Parei por um instante e respirei fundo, antes de voltar para o carro. 

— E o patrão? 

— Ele está bem…

[...]

Assim que cheguei à mansão, fui para a cozinha, mas vi que não estava mais suja. Certamente, foi Greta quem a limpou. Então, fui para o banheiro do meu quarto a fim de tomar um banho, onde me permiti chorar, apesar de nem saber o motivo do meu choro. 

Alex é meu patrão, nada mais que isso. Ele é livre e não gosta de mim, mas ainda sim o meu coração se sentia traído. Que loucura! Eu não quero amá-lo. 

Após me vestir com um pijama confortável, ajoelhei-me ao pé da cama, fechei meus olhos e respirei fundo antes de conversar com Deus. Clamei por força e temperança em meio às incertezas do meu coração. 

Talvez, fosse o momento para que finalmente deixasse esse emprego. 

Então, com esse pensamento, decidi trocar meu pijama e vestir uma calça jeans e uma blusa de manga longa e, por fim, calçar um par de sapatos brancos. Após guardar minhas coisas na mala, peguei o bilhete que havia escrito para ele e o deixei em seu quarto, sobre a mesa perto do abajur. 

Por fim, saí da mansão sem que ninguém me visse. Deveria ter me despedido de Otávio, mas eu teria que me explicar e não poderia dizer a ele o que estava acontecendo, pois era vergonhoso demais. 

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