Capítulo 77

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VR narrando

Tava passando uns dias aqui na maré até eu tomar coragem de ir na Rocinha trocar uma idéia com o GD e ver o que vai acontecer daqui pra frente. Hoje vai ser o casamento da Helena, e de quebra ela me colocou como padrinho. Única coisa que me deixa triste é não ver o Samuel com frequência, espero que o moleque não esqueça de mim.

Me arrumei e fui direto pra igreja, chegando lá tava só as pessoas da família mesmo. Olhei no canto e a Emily tava com cara de choro, a gravidez tá deixando ela muito emotiva

- o que ta pegando ?

- eu quero comer - começou a chorar

- quer que eu pegue alguma coisa?

- eu acabei de comer - começou a chorar

- Emily ta chorando de novo? - meu pai chegou rindo

- sim - dei risada e fui olhar o movimento da rua

Do nada escutei uma pessoa falando que o braço tava doendo, essa voz eu conheço bem. Quando eu cheguei na escada o palhaço tava apertando o braço da Maria.

- larga o braço dela agora

- quem você pensa que é? - o otário falou

- não vai largar?

- VR pf - maju pediu

O desgraçado não soltou, só dei um soco na cara dele e o nariz começou a sair sangue, ele caiu sentado e todo perdido, dessa vez o murro foi bonito. A Maju mesmo assim tava ajudando aquele palhaço a levantar

- você tá maluca?

- me deixa, por favor

- ele pode bater em você, tá ligada nisso?

- eu sei cuidar de mim

- eu cansei, fica aí com esse otário

- idiota - o namorado dela falou com uma dificuldade

Aproveitei que tava com raiva e dei um chute na cara dele, palhaço. Eu tava morrendo e raiva, ela nesse relacionamento fudido e que o cara do nada pode acabar batendo, vou largar a situação toda para o JP.

O casamento começou e pra minha surpresa a Maju era a madrinha também, e o palhaço só ficava me olhando com cara de cu, não queria papo com nenhum dos dois e ela tava tentando esconder o braço, tava vermelho demais.

Helena entrou, e eu fiquei segurando o Samuca. Depois do casório todo mundo foi direto pra festa, como eu era o padrinho eu tinha uma dança com a noiva.

- obrigada por ter cuidado de mim e do meu filho, nunca vou deixar ele esquecer de você.

- muito obrigado, depois do Samuel, eu mudei, e mesmo a gente não conversando muito, eu te considero uma amiga

- ainda torço por você e maju

- eu também - ela me abraçou e foi ficar com o noivo

Depois de passar quase a noite toda com meu afilhado, ele dormiu e deixei no carrinho, todos estavam bebendo e dançando, então resolvi passar na casa do JP pra pegar meu carregador.

- cadê a chave ?

- a Emily tá em casa, ela pediu pra ficar um pouco sozinha

- vou lá

- vai voltar?

- vou

Fui andando mesmo já que tava suave, bati na porta e nada, comecei a gritar e ninguém apareceu, como a Emily tava grávida, poderia ter acontecido algo, então pulei o muro e entrei pela janela da Maju e entrei no quarto, quando eu cheguei, ela tava deitada na cama com uma cara de dor

- o que ta acontecendo?

- eu vou ter o bebê - gritou de dor

- tenho que chamar o JP, cadê o celular - comecei a procurar, coloquei a mão no bolso e não achei o meu

- VR, não vou conseguir

- vai sim, vamos no hospital

- não, ela tá saindo, vou ter ela aqui agora, me ajuda

- eu não sou parteiro - falei nervoso

- agora vai ser - sentou na cama com dificuldade e respirando fundo

- preciso que chamar o JP

- VR, não tem tempo, preciso colocar pra fora agora - e deu um grito de dor que me deixou mais nervoso

Ela abriu as pernas, e começou a colocar força, eu não sabia o que fazer e tava me deixando agoniado, segurei as mãos dela e tentava dar apoio.

Quando a gente menos esperava o JP entrou no quarto, e ficou paralisado

- não me chamou por que?

- sem celular, e ..

- CALEM A BOCA, ELA TA SAINDO

- calma - JP falou e a Emily olhou com uma raiva

- não fala nada, senta atrás dela e fica ajudando ela colocar pra fora e eu fico aqui esperando a criança sair - falei tentando acalmar todos

Eu não sabia o que fazer, só sei que a Emily precisava de mim e eu não podia passar nervosismo, então eu e o JP apoiava ela pra empurrar cadê vez mais

- AAAAAAA, EU NAO VOU AGUENTAR

- vai sim, tá quase - a cabeça começou a sair

Assim que eu fechei a minha boca, o bebê saiu assim do nada, e muito sangue, eu tava nervoso de pegar a Ísis, parecia tão frágil. Peguei uma toalha limpa e enrolei a bebê com cuidado e entreguei a Emilly que já tava calma e chorando junto com meu pai, aquela cena ia ficar pra sempre na minha cabeça.

- olha sua irmãzinha - Emily me mostrou

- é linda

- muito obrigado, nossa família é completa com você. 

- obrigado - falei um pouco sem graça

Do nada ela apagou, a bebê começou a chorar e o JP foi carregando ela e eu descendo com a Ísis no colo.

- não vou conseguir dirigir, tô muito nervoso, se acontecer algo eu não vou me perdoar - meu pai falou com a mão tremendo

- não vai acontecer nada, segura sua filha e coloca a cabeça da Emilly no seu colo e eu vou dirigindo

Entrei no carro e fui mais rápido eu pude, chegamos no hospital que a gente pagava pra ninguém dedurar os cara da maré, e levaram as duas e ficamos esperando do lado de fora.

Meu pai me abraçou e começou a chorar.

No morro da maré 2Onde histórias criam vida. Descubra agora