Capítulo 46

2.6K 101 2
                                    

Maju narrando

Como eu tava sem celular não sabia quem tava me ligando, nem queria saber, só ia voltar pra casa na segunda. Tinha que me preparar pra escutar muito, então ia aproveitar mesmo.

Acordei a Helen e fomos nos arrumar. É muito engraçado, ela é filha de médica e diplomata, viaja o mundo todo, não suporta gente rica e vive enfiada nos morros, por isso que somos amigas. A mãe dela me ama, acha que sou de algum lugar, menos morro.

- nunca tinha ido pra camarote, tanta arma que fiquei louca, quando eu vi tava roçando na Glock

- você é maluca - dei risada

- ele toda hora me fazendo perguntas, e eu querendo agarrar, odeio homem que fala demais

- tava te analisando pra virar fiel

- bate nessa boca, sou louca não, essa diversão vai acabar

- por que?

- vou morar fora, ganhei uma bolsa e vai ser bom pertubar os gringos

- queria, não posso nem sair do Rio

- é muito ruim viver assim né?

- um pouco, você tem que se acostumar que a qualquer momento você pode perder alguém

- horrível amiga, fica assim não, vamos beber e comer de graça, odeio gastar dinheiro

- você tem dinheiro

- quem tem dinheiro são meus pais, eu corro atrás pra ganhar o meu

- como assim?

- odeio ser bancada por meus pais, parece que assim fica fácil deles me controlar, então tô trabalhando

- é bom amiga

A Helen tinha o mesmo pensamento que o meu, por isso somos amigas.

Mais uma vez subindo o morro da Rocinha, aonde eu tô me metendo, churrasco com dono e vários vapores. Eu tava um pouco nervosa, vai que invocam comigo, odiava isso.

Chegamos e pra minha surpresa, não tinha muita gente, era algo simples mesmo, a Helen tinha sumido, então sentei perto da piscina e fiquei lá

- tá sozinha aí por que? - uma voz grossa falou do nada

- minha amiga sumiu

- sempre assim, deve tá com o chefe

- é mesmo

- vem ficar aqui com a gente, fofoca de homem são sempre as melhores - dei risada

- como é seu nome?

- jacarezinho e você?

- maju

- a princesinha da maré - riu

- ainda esse nome?

- só eu que sei, esses são vapores novos

- o que aconteceu com os antigos?

- foram em cana

- sei bem

Fiquei perto da churrasqueira conversando com todos os vapores, me trataram super bem e ao contrário de outros não tentaram nada comigo. Nunca tinha escutado tanta fofoca

- fumei tanta maconha nesse dia, que sair pelado no morro - MK falou

- acho que não foi maconha não, pra sair desse jeito

- pigmeu, você nunca fumou, não tem o direito de falar

- não gostei desse apelido não, ein

- ta bom pigmeu

E passamos a tarde assim, rindo e bebendo. A Helen tava dando desde a hora que eu cheguei, já tava ficando cansada só não acabei dormindo por conta de tanto energético que os meninos colocaram no meu copo. O jacarezinho era muito bonitinho, e simpático, como eu tava sem pegar ninguém, resolvi chamar, o energético me deixou muito elétrica

- você namora? - falei baixinho

- não, por que?

- bora ali

Puxei ele pra um canto, e ficamos. Era muito gostosinho o beijo dele, ele me respeitava muito e ficava meio coisa em pegar minha bunda, então como eu sou sem vergonha, meti a mão na bermuda e comecei a bater uma pra ele até que do nada fogos no céu

- É INVASÃO - todo mundo começou a gritar e correr, jacarezinho se ajeitou e correu, deixei o coitado ir de pau duro

O dono do morro passou por mim e eu fui procurar a Helen, a cachorra tava dormindo bem plena, nem escutava os tiros, deixei lá e fiquei na sala esperando isso acabar pra meter o pé.

No morro da maré 2Onde histórias criam vida. Descubra agora