Maju narrando
Eu to muito nervosa, os tiros começaram e estamos presas em esconderijo aqui na boca, sem notícias do VR, meu pai e da Helena.
- é o Guilherme que tá aí - minha mãe falou
- meu pai não conseguiu achar?
- a casa tá toda fechada
- e agora?
- eles não sabem que tá tendo invasão aqui
- mãe, eu tô preocupada com o VR
- ele vai passar informações, calma.
Eu já tava ali já tinha uns minutos e mesmo assim tava ansiosa. O lugar que a gente tava era um quarto com banheiro, me tranquei e fiquei ali tentando me acalmar, na mesma hora um líquido desceu, coloquei a mão e cheirei, MINHA BOLSA TINHA ESTOURADO.
Eu tinha que tentar manter a calma, não tava com contração, tava bem, só tinha que aguentar por algumas horas até esse tiro acabar, eu ia conseguir. Sair do banheiro e parei do lado da Sofia
- minha bolsa estourou - falei baixinho
- tá falando baixo por que?
- não quero transformar isso em uma agonia, não tô sentindo dor
- mesmo assim é perigoso
- quando tiver com muita dor, avisa, vamos tirar você daqui
- tá bom.
Dois minutos depois não tava conseguindo segurar e comecei a gritar, puta que pariu, as dores eram muito fortes, era tipo uma cólica muito forte
- o que foi? - minha mãe olhou assustada
- bolsa estourou - Sofia falou e eu olhei feio pra ela
- não avisou por que caralho? eles podem nascer a qualquer momento - minha mãe falou chateada
- tá tendo tiro, vou sair daqui como?
- vamos tirar
Minha mãe pegou o radinho e entrou em contato com o MT, na mesma hora tudo tinha parado e só o barulho forte da chuva.
- AAAAA, não vou aguentar - falei desesperada
- respira, respira - tia Dáfiny falou
- não consigo
Era dor, choro, falta de ar, tudo. Não conseguia aguentar essa dor, dois de vez pra mim já é demais, quero um hospital, tomar uma injeção e ter cesária.
MT chegou com uma cara de poucos amigos e conversou com minha mãe, que na mesma hora baixou a cabeça, será que tinha acontecido alguma coisa com o VR?
- ELE MORREU? CADÊ O VR? - falava gritando
- tá vivo, calma
- Não mente, fala logo
- GD morreu - MT falou
- cadê o VR?
- tá junto com o corpo do GD, não quer sair
- ele já sabe que tô em trabalho de parto?
- não
- então vai avisar caralho - todo mundo me olhou com um olhão
Na hora que o MT ia falar alguma coisa minha mãe acalmou e disse "é a dor, quando passar você vai ver.'
Trouxeram um carro, e me colocaram as pressas, eu queria muito ir para o hospital, mas a chuva e agonia aqui no morro, tive que tentar ter os bebês em casa.
Minha mãe ajeitou uma cama e me colocou de pernas abertas, só eu e ela ali.
- mãe não vou conseguir
- vai sim, falta pouco, é só empurrar
- mãe, não quero
- você tem que tentar, se segurar faz mal para o bebê
Comecei a empurrar muito, e não tava saindo nada, minha, respiração já tava fraca quando o VR entrou no quarto todo melado de sangue, ele só fez tirar a blusa e sentar atrás de mim, segurando minha mão
- desculpa a demora - me beijou
- não vou conseguir
- vai sim, traz logo nossos filhos ao mundo, aperta minha mão
- AAAAAAA - o primeiro empurrão nasceu o Pedro
- como ele é lindo - VR falou
Minha mãe chamou a tia Dáfiny que tava segurando o Pedro enquanto tentava de novo
- é o último, certo? - minha mãe falou
- tá bom
- força, amor - VR me incentivou
Depois de 4 tentativas, a Maria Vitória nasceu ao mundo, toda linda, idêntica ao irmão.
A minha família acabou de ficar completa, ver o VR chorando vendo nossos filhos foi demais pra mim, sei que a melhor decisão da minha vida foi ter ficado com ele, literalmente o homem da minha vida.
- ela é a minha cara - ele falou com a mavi no colo enquanto eu dava leite ao Pedro
- nem nasceu direito e já tá sua cara?
- sim, por isso nasceu linda
- você se acha demais, sabia?
- ainda bem que ele nasceu sua cara, perfeito que nem a mãe - me beijou
- tô feliz de ter chegado na hora certa
- eu também, tudo aconteceu tão rápido, uma hora o GD tava no meu colo morto e agora tô aqui segurando meus filhos
- eu sinto muito, tá bom?
- também, vou organizar um funeral bacana pra ele
- verdade, você já sabe?
- que a casa tava vazia?
- sim, MT me falou
- preciso me desculpar com o MT, fiz uma ignorância
- ele me falou - começou a rir
- tava com dor - rimos
Depois de amamentar fui direto pro hospital, tinha que ver se tudo ocorreu bem e se os bebês estavam saudáveis.
Cheguei lá e o quarto tava todo enfeitado, colorido e com todos ali.
- MT, desculpa
- tá tranquilo, quero ver meu afilhado, tá ligada que já tem vulgo né?
- meu deus, qual?
- PK - todos riram
- coitado do meu filho
Depois de uma hora, a enfermeira trouxe os gêmeos, e todos ficaram babando.
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No morro da maré 2
AventureSegunda história do morro da maré, nessa continuação conta a vida da maju, filha da Emilly e JP. Com a vida perfeita, e a faculdade dos sonhos, Maju se encontra perdida depois que seu pai volta, ela só não sabia que iria se apaixonar pelo seu meio...