Capítulo 98

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Maju narrando

Eu to muito nervosa, os tiros começaram e estamos presas em esconderijo aqui na boca, sem notícias do VR, meu pai e da Helena.

- é o Guilherme que tá aí - minha mãe falou

- meu pai não conseguiu achar?

- a casa tá toda fechada

- e agora?

- eles não sabem que tá tendo invasão aqui

- mãe, eu tô preocupada com o VR

- ele vai passar informações, calma.

Eu já tava ali já tinha uns minutos e mesmo assim tava ansiosa. O lugar que a gente tava era um quarto com banheiro, me tranquei e fiquei ali tentando me acalmar, na mesma hora um líquido desceu, coloquei a mão e cheirei, MINHA BOLSA TINHA ESTOURADO.

Eu tinha que tentar manter a calma, não tava com contração, tava bem, só tinha que aguentar por algumas horas até esse tiro acabar, eu ia conseguir. Sair do banheiro e parei do lado da Sofia

- minha bolsa estourou - falei baixinho

- tá falando baixo por que?

- não quero transformar isso em uma agonia, não tô sentindo dor

- mesmo assim é perigoso

- quando tiver com muita dor, avisa, vamos tirar você daqui

- tá bom.

Dois minutos depois não tava conseguindo segurar e comecei a gritar, puta que pariu, as dores eram muito fortes, era tipo uma cólica muito forte

- o que foi? - minha mãe olhou assustada

- bolsa estourou - Sofia falou e eu olhei feio pra ela

- não avisou por que caralho? eles podem nascer a qualquer momento - minha mãe falou chateada

- tá tendo tiro, vou sair daqui como?

- vamos tirar

Minha mãe pegou o radinho e entrou em contato com o MT, na mesma hora tudo tinha parado e só o barulho forte da chuva.

- AAAAA, não vou aguentar - falei desesperada

- respira, respira - tia Dáfiny falou

- não consigo

Era dor, choro, falta de ar, tudo. Não conseguia aguentar essa dor, dois de vez pra mim já é demais, quero um hospital, tomar uma injeção e ter cesária.

MT chegou com uma cara de poucos amigos e conversou com minha mãe, que na mesma hora baixou a cabeça, será que tinha acontecido alguma coisa com o VR?

- ELE MORREU? CADÊ O VR? - falava gritando

- tá vivo, calma

- Não mente, fala logo

- GD morreu - MT falou

- cadê o VR?

- tá junto com o corpo do GD, não quer sair

- ele já sabe que tô em trabalho de parto?

- não

- então vai avisar caralho - todo mundo me olhou com um olhão

Na hora que o MT ia falar alguma coisa minha mãe acalmou e disse "é a dor, quando passar você vai ver.'

Trouxeram um carro, e me colocaram as pressas, eu queria muito ir para o hospital, mas a chuva e agonia aqui no morro, tive que tentar ter os bebês em casa.

Minha mãe ajeitou uma cama e me colocou de pernas abertas, só eu e ela ali.

- mãe não vou conseguir

- vai sim, falta pouco, é só empurrar

- mãe, não quero

- você tem que tentar, se segurar faz mal para o bebê

Comecei a empurrar muito, e não tava saindo nada, minha, respiração já tava fraca quando o VR entrou no quarto todo melado de sangue, ele só fez tirar a blusa e sentar atrás de mim, segurando minha mão

- desculpa a demora - me beijou

- não vou conseguir

- vai sim, traz logo nossos filhos ao mundo, aperta minha mão

- AAAAAAA - o primeiro empurrão nasceu o Pedro

- como ele é lindo - VR falou

Minha mãe chamou a tia Dáfiny que tava segurando o Pedro enquanto tentava de novo

- é o último, certo? - minha mãe falou

- tá bom

- força, amor - VR me incentivou

Depois de 4 tentativas, a Maria Vitória nasceu ao mundo, toda linda, idêntica ao irmão.

A minha família acabou de ficar completa, ver o VR chorando vendo nossos filhos foi demais pra mim, sei que a melhor decisão da minha vida foi ter ficado com ele, literalmente o homem da minha vida.

- ela é a minha cara - ele falou com a mavi no colo enquanto eu dava leite ao Pedro

- nem nasceu direito e já tá sua cara?

- sim, por isso nasceu linda

- você se acha demais, sabia?

- ainda bem que ele nasceu sua cara, perfeito que nem a mãe - me beijou

- tô feliz de ter chegado na hora certa

- eu também, tudo aconteceu tão rápido, uma hora o GD tava no meu colo morto e agora tô aqui segurando meus filhos

- eu sinto muito, tá bom?

- também, vou organizar um funeral bacana pra ele

- verdade, você já sabe?

- que a casa tava vazia?

- sim, MT me falou

- preciso me desculpar com o MT, fiz uma ignorância

- ele me falou - começou a rir

- tava com dor - rimos

Depois de amamentar fui direto pro hospital, tinha que ver se tudo ocorreu bem e se os bebês estavam saudáveis.

Cheguei lá e o quarto tava todo enfeitado, colorido e com todos ali.

- MT, desculpa

- tá tranquilo, quero ver meu afilhado, tá ligada que já tem vulgo né?

- meu deus, qual?

- PK - todos riram

- coitado do meu filho

Depois de uma hora, a enfermeira trouxe os gêmeos, e todos ficaram babando.

Depois de uma hora, a enfermeira trouxe os gêmeos, e todos ficaram babando

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No morro da maré 2Onde histórias criam vida. Descubra agora